Meu corpo anda quente e cansado.
As mãos dormiram, sentindo como terminal vazio.
Por que tão bonita a noite?
Na noite é onde tudo acontece, onde as pessoas fogem, se matam, se drogam, fazem sexo, deitam.
Há silêncio e gritaria, talvez as confissões venham junto com a penumbra.
O que tem a dizer?
Eu sinto saudades, saudades do que foi.
A tolice em meio a perdição de seu sorriso tão inatingível. Todas as coisas que eu ouvia e ao mesmo tempo não escutava, havia um único ritmo.
Tão tarde, tão escuro, tão frio. A casa que eu procuro tem todos os sons familiares, todos os compassos singulares.
Eu perdi as chaves e o rumo pela quinta vez no dia.
Porque talvez eu simplesmente queria encontrar o mesmo caminho de todas as vezes, mas acho garrafas quebradas e punhos doloridos.
Almas em linha tênue se encontrando enquanto eu chuto as pedrinhas pelas ruas, enquanto eu ignoro as mensagens, enquanto eu desisto, enquanto eu conto corações na estante.
Cama vazia, cobertor fino, pouco café, uma vida.
Eu sinto saudades de quando tudo era.
Mas nem tudo foi, porque sempre cometo os mesmos erros, porque você não estava lá.
Talvez, desfaça.
Arranha e desgasta.
Amor de gaveta fechada.