Já Sei

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capítulo oito

já sei



Nós estávamos de mãos dadas, sentados nos degraus da escada que levava para os fundos da casa. Eu observava a paisagem congelada ao redor e Sehun estava com a cabeça apoiada no meu ombro, os olhos fechados e a respiração se condensando no ar gélido.

Usava minha mão livre para acariciar os cabelos dele, sentindo meu coração solavancar todas as vezes que ele se movia para mais perto, se aconchegando no meu braço que lhe rodeava os ombros.

Sehun estava gripado, mas queria sair um pouco para ver a neve, então ali estávamos, dividindo um cobertor e trocando carinhos. A mão dele repousava sobre minha coxa, transferindo calor para a minha pele, e eu tentava aquecê-lo com meus braços e mãos, trocando os lugares onde acariciava vez ou outra.

Nosso caderno estava sobre o colo de Sehun, a caneta vermelha presa entre seus dedos, mesmo que ele não estivesse escrevendo nada, e eu sentia o frio atingir meu rosto e o ar gelado se mesclar ao cheiro de mel e sândalo que se desprendia de sua pele, porque ele havia acabado de sair do banho.

O primeiro mês ao lado de Sehun passou voando, e quando dei por mim já estávamos entrando no segundo — o que, tecnicamente, significava que nosso tempo juntos estava chegando ao fim. E por mais que eu tivesse certeza de que ele sabia disso tanto quanto eu, nenhum de nós estava preocupado em apressar as coisas, talvez porque nenhum dos dois quisesse um fim.

Chanyeol não voltou a me alertar sobre as consequências que meu romance incestuoso teria, mas quando fomos jantar na casa dele de novo, numa quarta-feira, ele me lançou olhares tensos, principalmente quando Sehun se aproximava mais de mim do que o necessário, quando parecia querer segurar minha mão na frente deles ou quando se inclinava na minha direção para rir de alguma coisa que alguém tinha dito e o professor sinalizou para ele.

Me lembro de estar ajudando o marido de Chanyeol, Kyungsoo, a lavar os pratos e ele me lançar os mesmos olhares esquisitos do professor, o que fez eu me questionar silenciosamente se eles conversavam sobre Sehun e eu, e então fazendo eu me perguntar se gostaria de saber o que eles falavam.

Kyungsoo não me disse nada. Acho que ele não fazia questão, porque não era de se meter na vida dos outros, e talvez fosse esse o motivo pelo qual eu me sentia bem perto dele. Ou talvez ele só fosse muito paternal, de uma forma meio distante e estranha, e eu gostasse desse conforto que ele passava.

Eu me sentia bem perto daquelas pessoas, mas confesso que fiquei constrangido num dos jantares, quando Yoora, a irmã de Chanyeol que morava com eles, levou o namorado dela para comer conosco e ele levou o irmão. O que me deixou constrangido foi o irmão, porque, bem, ele era o — talvez — namorado do Jun. E ele me reconheceu. E o clima na mesa ficou estranho por conta disso, mas como eu não fiz questão de mostrar que o conhecia, ele também ficou na dele, apesar de me observar vez ou outra, o que deve ter deixado Sehun com um ciúme idiota, porque ele saiu da mesa assim que terminou de comer e não me chamou para ir junto.

Não sei dizer se Jongdae era um cara naturalmente quieto ou se ele só não estava muito à vontade ali, já que as memórias que eu tinha dele não eram suficientes para formar alguma informação que fizesse sentido e lhe desse voz.

Me peguei pensando o que fizera Junmyeon se apaixonar por ele, já que meu irmão chegou ao ponto de brigar com nossos pais para manter o relacionamento, e então passei a observá-lo, tentando descobrir os detalhes, porque eu estava curioso sobre aquilo há muito tempo.

Ele não conversou muito com ninguém ali, mas quando falava as palavras eram calmas e sempre terminavam em um sorriso sutil. Ele tinha voz de fumante e tatuagens que escapavam dos punhos da camisa de mangas compridas; também tinha um cheiro forte de perfume amadeirado, que ficou no ar mesmo depois que ele foi embora, e segurava os hashis para comer carne de um jeito esquisito, como se não estivesse habituado àquilo.

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