Capítulo 2— Davi
Ela está tão linda, é a primeira coisa que consigo ver quando entro no quarto. Eu sabia que iríamos acabar nos encontrando com o meu retorno, só não imaginava que seria tão rápido.
Encontrá-la com poucas horas do meu retorno é um grande baque, só não maior que a situação de saúde da vó.
Iris está segurando a mão da vó com a cabeça baixa. Ao ver o movimento da minha entrada levanta a cabeça. Sua fisionomia está triste, cansada, abatida.
— Não acredito — diz, levantando-se e vindo até a mim.
Abro os meus braços para recebê-la, mas ela não vem.
— Idiota! — Dá um tapa na minha cara e levo a mão na face atingida.
— Feliz em te ver também, Iris — digo irônico.
Imaginei ser recebido por ela de várias maneiras, com beijos, abraços e choro. Um tapa na cara não estava presente no meu imaginário.
— Não pense que eu esqueci o que fez. Você é um covarde, Davi. — Aponta o dedo. — Fugiu, não era nada daquilo que eu pensava.
— Iris, aqui não é hora e nem lugar para discutirmos.
— Não me interessa o lugar, a minha opinião sobre as suas atitudes continua a mesma. — O seu olhar é tão duro quanto suas palavras, Iris está com a postura rígida, como uma leoa raivosa.
Puxo-a para um abraço, ela reluta em aceitar.
— Depois você pode me bater e xingar, agora quero só o seu abraço. Depois que passar por aquela porta você pode dizer o que quiser — sussurro. — Agora eu quero apenas o meu raio de sol para iluminar o meu dia, as últimas 24 horas não foram nada fáceis.
O seu olhar suaviza, ela passa os braços por minha cintura e me abraça.
— Senti tanta a sua falta, seu ingrato. Você quebrou a sua promessa. Tinha prometido e quebrou.
— Foi preciso, baixinha — digo com pesar. Não tenho coragem de soltá-la. — Você sabe.
— Eu não sei — acusa-me. — Eu só tinha quinze anos.
— Motivo suficiente. — Ela era apenas uma menina. — Não vamos falar disso agora. — Olho para a cama — Como ela está?
— Eu não sei. — Levanta a cabeça para me olhar. — Acabei de chegar. Vim o mais rápido que pude.
— Também acabei de chegar, minha mãe me ligou avisando.
— A minha me ligou essa madrugada avisando, vim correndo. Desde que cheguei ela está dormindo.
Olho para Iris confuso, ela acaba de passar várias informações, mas a única que atentei foi que a mãe ligou e ela veio correndo. Algumas perguntas surgem em minha mente.
— Você está morando onde Iris? — pergunto desconfiado.
— Em São Paulo. — Olha-me. — Moro lá desde que comecei a faculdade.
— Pensei que faria faculdade aqui e seguiria os passos da sua mãe, acho que me enganei.
— No início até cogitei essa hipótese, nós iríamos fazer o curso de hotelaria, aqui mesmo em Prudente, e depois a especialização em Nova York, mas era um sonho nosso, eu estava sozinha.
— Você poderia ter feito, era o seu sonho.
— Poderia ter feito, ter seguido o planejado, mas não fiz. Resolvi fazer direito em São Paulo, prestei vestibular passei e fui embora, resolvi seguir os passos do meu pai, o meu irmão ainda é novo e pai está cansado. Vou assumir o escritório após a minha formatura.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Puro Amor - conto III
Historia CortaPURO AMOR - CONTO III PURO AMOR é o terceiro conto da série Contos&Prazeres, que é um spin-off da duologia Prazer. Davi, filho de Eros e Cecilia, e Iris, filha de Enrico e Maria, cresceram juntos, lado a lado. Todos os viam como primos postiços, pri...