Cap. 4: NEGAÇÃO.

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Dezembro/2013.

Naqueles ultimos meses ela havia passado mal muitas vezes, e se recusava a tomar remédios para a depressão, ela não se considerava doente. E creio eu, que isso é o grande problema de enfrentar uma doença psicológica, pois ela te afeta você aceitando ou não, físicamente. E pouco à pouco, como uma máquina que falha até realmente parar, o corpo vem à obto e ponto, não há nada mais à ser feito.
Juro que as vezes eu cheguei a acreditar que tudo ia se resolver, quando ela ficava quase um mês sem se sentir mal eu pensava:
"Agora está tudo bem, eu sei, eu acredito!"
A minha fé era essa, acreditar que ela ia se curar e que seríamos uma família comum novamente.
Pois ela não ia mais a reuniões da escola, tão menos em minha apresentações. Na época eu cheguei fazer capoeira, samba de roda, ginástica ritmica e dança, mas eu sempre à procurava em meio à multidão de pais, e não encontra-la apesar da previsível, era frustrante. Eu também sempre sentia medo quando à via conversando com alguém, pois por qualquer emoção forte ela já ficava daquele jeito, "fora do ar" que pra mim era muito pertubador.
E sempre aparecia novos porquês vindo das pessoas.
Por que acontece isso com ela?
Meu Deus! Ela está tendo convulsão?
Ela tem problemas?
O quê há de errado com ela?
E eu acho até, que a fé dela era maior que a minha, pois ela ficava brava quando percebia que eu à estava monitorando, observando e cuidando para que ela não se emocionasse.
Até ir à escola era difícil, eu tinha medo! Medo de que enquanto ficasse sozinha ela passasse mal, medo de que em um instante tudo acabasse e eu não estaria ali junto à ela.
Eu dava o máximo de mim, o máximo que uma garota podia oferecer, mas pra mim nunca era o suficiente.
Tinha uma frase que ela sempre dizia, mesmo sem estar doente:
"- Se um dia for pra eu ficar de cama, eu prefiro morrer."
Independente como era, hoje eu entendo. Mas, eu nunca aceitava ouvir aquilo, eu não me importaria de cuidar dela! Não! Eu só queria ter ela comigo, eu só precisava dela, não importava como.

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