Janeiro/2014.
Eu não participei do velório, me julgaram por isso. Mas, eu acho que fiz a escolha certa. Lembro-me dela bem, com aquele sorrisão lindo dela!
E não dentro de um caixão...
Não há como classificar o pior momento, todos são horriveis!
Quando você recebe a notícia, o outro dia, quando você percebe que não era um pesadelo. Dias depois quando a falta do cheiro, toque, carinho, voz, tudo... Começam a te enlouquecer, é quando a fixa realmente cai, e dai em diante, todos os momentos.
As pessoas passam à te olhar com pena, como se você não fosse sobreviver àquilo, e quando até você mesmo acredita nisso, é aí que tudo se torna ainda mais difícil.
E não há como voltar atrás, é definitivo!
Você não deixa de sofrer, como dizem... A dor não diminui, você se acostuma com ela...
De certa forma, todos nós que tivemos o prazer de conhece-la e ama-la, morremos com ela. E acreditem, eu desejei ter morrido em seu lugar. Parte de mim morreu com ela.
E se antes era trabalhoso ser feliz, apartir daquele momento pareceu impossivel!Minha mãe faleceu no dia 3 de janeiro de 2014.
Minha rainha.
O Amor da minha Vida.Contar isso, resumir meus sentimentos em palavras foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, eu chorei, não nego, não tenho nenhuma vergonha disso, eu conheço o tamanho da minha dor.
Derramei lágrimas à cada palavra escrita.Ela não viu quando me tornei mulher.
Ela não verá quando eu me formar.
Ela não verá quando eu me casar.
Ela não verá quando os seus netos nascerem.
Eu não vou poder ligar para ela pra perguntar quais os temperos para deixar com aquele sabor incrível na comida que ela deixava.
Não vou ter ela pra me aconselhar sobre as coisas da vida...Já se completam anos que ela se foi e até hoje é complicado lidar com isso. Eu fui à psicólogos, mas sabe o que realmente importa? É você, como você lida com a sua dor, eu não precisei aceitar que ela tinha que morrer, eu apenas compreendi que alguém como ela, uma alma como à dela merecia liberdade, merecia ir além dos limites que seu corpo colocava para ela.
Ela precisava ser liberta.
Quando estou sozinha, eu sinto que ela está comigo. Não é como vê-la ou toca-la, é algo meu. E isso nunca será satisfatório. Mas seja qual for a realidade que ela está, sei que é melhor que a que ela vivia.
E agora? Tudo está completamente mudado. Tudo!
Como uma bomba catastrófica que explode e leva todo o aspécto físico do local. Assim foi conosco, uma outra vida se iniciou quando a dela acabou.Essa não é uma história pra sorrir, não tem um começo ou final feliz. É apenas uma experiencia de vida, um desabafo de uma filha.
Isso é uma maneira de agradecer. Pois eu não estou mais sobrevivendo, estou vivendo!
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Valor Imensurável.
Non-FictionUm fato vivido por mim, Letícia Soares Fernandes. Não posso garantir um final feliz, mas busquei eternizar um capítulo da história da minha vida. Com 10 curtos capítulos, tentei mostrar em Valor Imensurável a maneira que se sente quem passa por a me...