Cap. 6: MEMÓRIAS.

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Dezembro/2013.

Mesmo com todo aquela minha fé, parecia que eu sabia. E de certa forma acredito que algo dentro de mim estava me preparando para o que viria à ocorrer.
Pois em meu interior eu sempre soube que em algum momento, ela não resistiria, ela nos deixaria.
Me lembro vagamente em flashes de memórias, ela na beira do tanque onde costumava lavar nossas roupas, com sua saia longa que combria até seus tornozelos, com seus cachos presos em um elástico que ela chamava de "xuxinha". Eu tinha seis anos, estava brincando no quarto quando um calafrio percorreu meu corpo, era como um sussuro dentro de mim. E eu corri, corri até ela e à abracei, eu mal alcançava sua cintura.

- Mãe não me deixa nunca. Ta bom?

- Para filha! Mamãe tá ocupada!

Ela notou que lágrimas percoriam meu rosto, então me abraçou e me beijou. Fazendo com que toda a insegurança fosse embora.
Eu tinha tanto medo, ela era minha melhor amiga, não havia segredos entre nós.
Eu dizia:
- Mãe eu quero morrer primeiro.

E ela sempre me contradizia, falando que o natural era os pais partirem primeiro que os filhos, eu teimava:
- Então vamos morrer juntas. Pra uma não viver sem a outra. Ta bom?

Ela acabava concordando para acabar com aquela conversa, tanto ela quanto eu, sabíamos que não seria daquela forma, mas eu tinha esperança.

Eu não estou aqui para dizer que minha relação com ela era perfeita, por que não era, nem um pouco. A pré-adolescencia, o estresse do dia-a-dia, muitos fatores influenciavam desentendimentos por motivos banais, até por que sempre fomos muito diferentes.
E daí? Essas coisas são normais, acontecem.
Mas, hoje sei que nada daquilo realmente importava, e mesmo assim eu não mudaria nada em nossa convivência, vivemos como tinhamos que viver.
E eu fui tudo o que eu pude ser à ela, do meu jeito... Mesmo que fosse meio bagunçado.

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