Como?

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Aproximei-me dele e sentei-me ao seu lado. Só aí ele se apercebeu da minha presença, o que era muito estranho… demasiado até. Sempre que nós nos aproximamos um do outro damos conta. Mas hoje foi diferente. E isso só mostrou o quanto perturbado ele estava.

– Christian… - não tive tempo para dizer mais nada, pois ele puxou-me para o seu colo.

Enterrou a cara no meu pescoço, e eu comecei a senti-lo quente e húmido. Depois ouvi os soluços e aí tive a certeza de que ele estava a chorar. Ele nunca ficava assim. Ele, pelo menos, não o fazia à minha frente. Ele estava tão frustrado, tão desanimado, tão…

Eu daria tudo para não o ver assim.

Daria tudo para estar no seu lugar.

Porque amar é isso. É amar não só nos momentos bons, mas em todos.

Não sabia o que dizer. Mas também não lhe diria para ter calma porque isso seria impossível. Só esperava que ele não me fizesse a pergunta simples, mas que eu tanto temia:

“Porquê?”

Nem eu própria saberia responder, mas também não o queria deixar sem resposta.

Bem, se a minha cabeça já estava uma grande confusão, nem sequer queria imaginar a dele.

– Oh Ana, porque é que isto tinha que acontecer logo agora? Porquê?

A sua voz saiu embargada pelas lágrimas, que ainda escorriam pelas suas faces e me tinham molhado o pescoço. Partia-me o coração só de o ver assim, o meu Cinquenta Sombras, mas agora, acho eu, com todas essas sombras que ele já havia ultrapassado, ou melhor dizendo, que estavam adormecidas no fundo dele.

E agora? O que eu lhe havia de responder?

– Christian, não sei… desculpa, mas não sei. – a minha voz saiu abafada e baixa pelas lágrimas que já estavam a atrapalhar a minha visão.

Mas agora eu não podia chorar. Não mesmo. Ele precisava de mim segura, para que ele também se segurasse a mim.

– Não peças desculpa por aquilo que tu não tens culpa, Ana.

– Christian, eu daria tudo para estar no teu lugar, para tirar esse sofrimento, confusão, e tudo o que tu estejas a sentir de mau de cima de ti. Tu não o mereces.

– Claro que mereço. Isto é castigo por aquilo que eu fui no passado, Anastasia. Mas agora, quem está a levar com as consequências dos meu atos são vocês! A minha família!

Fiquei confusa.

– Tu não tens culpa se a tua mãe decidiu aparecer logo neste preciso momento da tua vida. Tu não tens culpa dela sequer ter aparecido! Toda a gente pensava que ela estava morta.

Soei fria ao dizer esta última frase, mas foi necessário.

– Se eu não tivesse tido um caso com a cabra da Elena, a esta hora, ela não teria ido buscar a prostituta não sei onde. Isto é vingança, Ana! Vingança.

– Isso é passado Chris…

– Mas o passado sempre volta para nos assombrar.

Houve silêncio. Ele voltou a derramar algumas lágrimas e eu também.

Isto era demais para nós.

Ele limpou os olhos e preparava-se para falar quando retirou o seu BlackBerry do bolso e vi que ele estava a receber uma ligação e ele pôs no alta-voz para que eu pudesse ouvir:

Início da ligação:

–Grey. – disse ele secamente.

–Sr. Grey, daqui é Sawyer. Está uma senhora aqui ao portão da sua propriedade, dizendo que precisa de falar consigo.

–Quem é? – perguntou Christian

– Seu nome é Elena Lincoln … - Christian interrompeu-o

– Não deixe essa cabra sequer se aproximar da propriedade.

Fim da ligação.

–Como é que aquela cabra tem coragem? Como?

Fora De ControloOnde histórias criam vida. Descubra agora