Surpresas

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Ainda eu estava abraçada a Christian quando os meus sogros, Carrick e Grace se aproximaram de nós.

Grace preparava-se para o abraçar mas ele recuou.

Ela apercebeu-se e também recuou. Tentou fingir um mínimo sorriso de compreensão mas não conseguiu. Isso é normal. Afinal ela esperou 28 anos para poder abraçar o filho. No ponto de vista de muitas, senão todas, as pessoas do mundo isso era absolutamente inaceitável. Como é que um filho não se deixa abraçar pela própria mãe? Mas para quem conhecia o meu adorado marido, sabia que era perfeitamente compreensível.

Mas verdade seja dita, ninguém pensava que a sua afefobia poderia voltar. Ninguém.

Um pensamento egoísta veio-me à cabeça. E se a sua afefobia também se aplicasse a mim? E se ele voltasse a não me deixar tocá-lo?

Eu teria de compreender, é claro. Mas custar-me-ia tanto, tantos, tanto. Eu nem queria imaginar.

Só depois é que voltei a reparar que ainda estávamos abraçados. Permiti-me sorrir por dentro. Mas isso durou pouco. Como é que eu poderia sorrir, depois disto?

Depois de Ella e aquela cabra da Sra. Robinson terem aparecido no dia de nascimento da minha Phoebe?

O que é que elas estariam a fazer juntas?

Que ligação as duas teriam?

Mas o mais importante:

Porque é que decidiram aparecer num dos momentos mais importantes das nossas vidas?

Mais simples do que isso, por que é que elas decidiram aparecer?

Olhei para o meu marido e vi que os seus olhos estavam de um cinzento tão claro... e estavam completamente embargados em lágrimas.

Dei-lhe um casto beijo nos lábios e ele correspondeu. Porque palavras agora terminariam em lágrimas depois.

Quando parámos, viramo-nos para Carrick e Grace que estavam tristes, mais Grace do que o meu sogro.

O pai de Christian parecia perdido nos seus pensamentos, não ligando a nada nem a ninguém na sala. Parecia não compreender o que se passava, mas ao mesmo tempo compreender. Mas ninguém compreendia, por isso se ele soubesse algo ter-nos-ia dito.

Phoebe começou a chorar e Teddy assustou-se, pois foi apanhado desprevenido.

Oh meu doce Ted. Ele tinha assistido a tudo. Ao pai a ser agredido pela própria mãe (que ele não sabia quem era) e também tinha assistida aos estalos trocados entre mim e a cabra.

Como é que eu lhe explicaria isto?

–Mamã - disse ele - a mana 'tá a cho'ar.

–Meu amor, eu já aí vou.

Tentei separar-me de Christian, mas ele pareceu muito relutante em deixar-me ir. Mas eu tinha que ir.

Fui e peguei na Phobe. Ela acalmou-se, pois também deveria ter-se assustado com a gritaria.

Foi então que Teddy surpreendeu todos com a sua pergunta:

–O que 'táva a fazer a empregada da minha escolinha aqui, mamã? Porque ela bateu no papá?

Todos olhamos atónitos para ele.

Afinal Ella estava tão próxima de nós, e ainda não tínhamos dado por isso.

Olhei para Christian e raiva explodia para fora do seu olhar.

Tinha medo do que ele poderia fazer.

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POV. Carrick

Como é que isto era possível? Eu assegurei-me que ela nunca mais aparecia. E agora ainda vem acompanhada pela Elena, que não consigo perceber porquê, nunca mais foi a nenhum jantar da minha família, nem falou mais com Grace e com Christian.

Mas eu tinha-me certificado que Ella nunca mais voltava. Mas eu havia de saber que ela não é de confiança.

Fora De ControloOnde histórias criam vida. Descubra agora