Fora De Controlo

Olhares

Eu não podia acreditar. Ella estava viva. Mas não era isso que me importava. Christian é que me importava. Ele estava parado, muito quieto. Assustado, surpreendido. Não sei. Eu pensava que já conhecia o meu marido bem o suficiente para saber o que ele sentia; a qualquer momento. Mas não. Não consegui decifrar o que ele estava a sentir ao ver a sua mãe biológica.

Aquele silêncio estava a tornar-se insuportável, portanto decidi eu começar a falar, mas Elena, prevendo o que eu iria fazer antecipou-se:

–Anastasia, por favor, pode acompanhar-me?

Eu não queria deixar o meu Cinquenta sozinho, mas já me sentia bem melhor desde a cesariana portanto levantei-me e quando passei por ele, agarrou-me no braço com tanta força que me magoou. Mas eu não me importei. Ele queria que eu ficasse e eu também queria ficar. Só achava que ele merecia um pouco de tempo a sós com a sua mãe.

–Não vás. - pediu-me ele.

A sua voz não passava de um sussurro, com um soluço contido. Ele tinha lágrimas nos olhos, mas não as lágrimas de alegria que eu vi à poucas hora no nascimento de Phoebe, nem à dois anos no nascimento do Theodore. As lágrimas que eu vi no dia em que ele me pediu em casamento, quando pensou que eu o ia deixar. As lágrimas eram as mesmas desse dia. Demonstravam desespero, ânsia.

Isto era uma coisa que ele não podia controlar. Isto fugia ao seu controlo. À sua obsessão por controlo.

Eu sentei-me ao lado dele. Os seus olhos descolaram-se dos de Ella e olharam para Phoebe.

Foi aí que ele não se controlou. As lágrimas tristes, desesperadas e descontroladas rolaram pelo seu rosto. Mas ele apreçou-se a limpá-las. Depois olhou para mim e ele ia dizer algo, mas não conseguiu. Mas como nós nos entendemos somente pelo olhar, eu percebi o que ele queria dizer. Ou melhor pedir.

Christian queria que eu o ajudasse. O seu apelo silencioso era bem audível para mim. Mas eu não sabia como.

Foi então que outras duas figuras apareceram à porta do quarto.