Oito

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Rolava de um lado para o outro na cama, tentando inutilmente afastar os pensamentos de tudo que eu havia lido

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Rolava de um lado para o outro na cama, tentando inutilmente afastar os pensamentos de tudo que eu havia lido...
O anko seria a última pessoa que o ceifeiro levou? Ou seria ele um estado anterior ao de ceifeiro? O que seria a morte? Uma força? O ceifeiro seria a sua personificação ou o anko seria?
Devo admitir que tive de pesquisar metade do significado do que li na internet, tudo era tão... Fantasioso. Mas ainda sim tremia só de imaginar.
Olho mais uma vez para o despertador no criado mudo, céus já passava das uma da manhã, sem falar que havia escola amanhã. Milagrosamente eu escapei da suspensão, apenas terei de ficar até mais tarde ajudando a organizar a sessão de livros didáticos da biblioteca. Maravilha!
Me viro para o lado oposto fechando os olhos, decidida a deixar essa historia toda de anko e ceifeiro para lá e dormir.

《~●~》

Os raios finos do sol entravam pela janela, sendo filtrados pelo vidro e atingindo tonalidades mais vibrantes de acordo que ia se pondo. Já dava para sentir a brisa morna do verão começando a se dissipar, dando lugar as pequenas ondas de vento que se aproximava vagarosamente junto com a noite.
A jovem garçonete servia mais uma xícara de chá gelado, para o meu alívio. Assim eu tinha algo para focar toda a minha atenção enquanto minha mãe tagarelava sem parar com a Sra. Broker sobre bons partidos para noivados para mim e para a pobre da Jenny, que fingia ler um livro para não participar da conversa.
- Irei dar uma festa de boas vindas em minha casa, assim poderei apresentar os senhores August e o senhor Samos à minha filha mais velha - Orgulhosamente, minha mãe aponta para mim - Ash.
Solto um suspiro, e logo sou repreendida por minha mãe.
- Modos Ashley, como espera que um dos cavalheiros a corteje com estas manias deploráveis?! - Imediatamente ela se estica em minha direção, ajeitando as finas luvas brancas em minhas mãos.
- Não vejo nenhum dos dois aqui.
- Na ultima mesa a minha esquerda - Responde Jenny, sem tirar seus olhos do livro enquanto sua mãe arrumava freneticamente a sua saia rose.
Levo meu olhar para o local indicado, porém desvio o olhar no mesmo instante ao perceber que o rapaz já me encarava. Respiro fundo e ajeito uma mexa comprida de cabelo, então levo o olhar da xícara de volta para o jovem. Ali, sentado relaxado em uma cadeira, as pernas esticadas e tornozelos cruzados, cabelos que tocavam o pescoço e uma cartola charmosa. Ele sorri, nossa que sorriso, era daqueles que mesmo sendo de um desconhecido, me fazia sorrir de volta.
- Tolinha... Esta cortejando a sua morte.
Uma voz emerge com o vento, preenchendo todo o ambiente. O frio tocava grotescamente a minha pele, aumentando a medida que todo o restaurante se distanciava de mim, como se uma escuridão fria e solitária me engolisse, me afastasse de tudo... Naquele momento eu soube que estava sonhando. A um segundo eu estava em um restaurante retrô no outro estou sentada em uma sala escura, tão escura a ponto de eu não enxergar onde estava. Eu parecia a única coisa iluminada ali, o vestido de cetim branco cintilava como uma única luz.
- Olá? - Murmuro baixo.
Em instantes a sala se clareia, ao menos o bastante para eu conseguir ver que se tratava de uma sala de espelhos, uma circular sala de espelhos que me cercavam, todos virados para mim, refletindo um fundo negro mas nenhum deles parecia focar em mim, pois meu reflexo não estava presente neles.
Um som de batidas em mármore me chama à atenção para um espelho, a julgar pelo som eu diria que eram passos de salto alto.
Sei que eu deveria estar apavorada, mas o que eu sentia ali era ondas de curiosidade.
Encaro o espelho, apertando os olhos tentando ver o que se escondia naquela escuridão. Assim que consigo ver recuo imediatamente pelo susto, tampando a boca para conter o grunhido.
A vi andando em minha direção, um longo vestido de ceda negra, cabelos tão loiros e longos de um jeito que os meus jamais seriam, e um expressão que oscilava entre o desgosto e a fúria.
- Olha pra você, tão patética e assustada. Nem para se proteger sozinha você serve, quem dirá conter o que esta ai dentro.
Recuo tanto que acabo indo de encontro para o outro espelho, e nele estava estampado a figura horripilante, a imagem perturbadora de mim mesma, um reflexo sombrio de mim... Se parecia comigo, mas não era eu!
- Que... Quem é... você? - Por mais que eu tente ocultar o medo, minha voz me trai, me fazendo gaguejar e vergonhosamente revelando o medo em minha voz.
- Eu sou você. - Um sorriso irônico se forma naqueles lábios vermelhos, seus olhos frios me encaravam de uma forma que eu jamais achei possível de se fazer... Era cruel e cheio de ódio.
Já chega! É hora de acordar e dar um fim neste pesadelo!
Grita a minha mente. Fecho os olhos com força na esperança de quando abri-los estar de volta a minha cama, de volta a realidade. Mas para a minha decepção eu ainda estava ali.
- Juras de amor e caos em karma. - Ela sussurrava a frase. Não havia entendido de início, mas ela parece ecoar por todo lugar, ficando mais alta e aguda.
- O que quer dizer? - Pergunto em vão. Pois tudo que ela dizia era aquilo, palavras sem sentidos, um pesadelo sem fim. Tudo que me resta a fazer e sentar encolhida no chão frio, tentando inutilmente me esconder dos olhos perversos dela, que me encaravam em todos os espelhos, brincando com algo em seus dedos.
- Para! O que você quer de mim! - Vocifero com lagrimas nos olhos, assustada de mais para levantar e dar um basta. Só queria o fim daquele pesadelo, só queria estar de volta a minha dura realidade.
A voz vai se tornando cada vez mais alta, ao ponto de eu ter de tampar os ouvidos para impedir que fure meus tímpanos.
- Juras de amor e caos em karma, juras de amor e caos em karma, JURAS DE AMOR E CAO...
- O QUE VOCÊ QUER! - Grito tomando coragem, me pondo em pé, encarando a versão mais diabólica de mim mesma no espelho, porém mais uma vez me surpreendo e recuo para trás ao notar o que tinha entre seus dedos, era um anel. O anel que eu havia encontrado.
Ao notar meu olhar ela apenas sorri, completando.
- Nunca diga que eu não te dei nada.

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