CAPÍTULO 5

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     Já faz um dia que iniciei a missão de manitoramento e tenho só mais um dia para completá-la.
     Instalei câmeras em todas as quatros salas, incluindo a de jogos e de música. Coloquei câmeras e escutas nos oito quartos, na cozinha, na varanda e na área de lazer. E hoje, segundo dia, irei colocar os rastreadores.
     Fui até o primeiro quarto que, pelas fotos, roupas e organização, deduzir ser de Leony, caminhei até seu armário e percebi que estava faltando cinco pares de sapatos na prateleira. Olhei debaixo da cama e constatei que dois deles estavam lá, então ele deve usá-lo bastante, coloquei rastreadores em cada um e parti para o quarto seguinte.
     Esse era muito bagunçado, tinha calcinhas espalhadas pelo chão, olhei as fotos e o que era de Sttephane. Em cima do seu cômodo havia uma pulseira, já o vi com ela em muitas fotos e resolvi colocar rastreador ali, já ela o usa frequentemente.
    Um quarto normal só tem um espelho grande, no máximo dois, mas o terceiro que entrei, tinha quatro, um na porta do banheiro, um grudado na parede, outro atrelado a uma penteadeira e o outro pequeno em cima da cômoda ao lado da cama. Fotos da família de Nickolas estavam no mural colado na parede. Olhei uma jaqueta pendurada na porta do closet e coloquei um rastreador nela, assim como fiz em um sapato dele que estava fora do lugar. O primeiro quarto à direita era de Nathan, que, para minha surpresa, estava bem arrumada, abri uma gaveta e... Não é que o loiro esqueceu o celular? Tratei de colocar um rastreador lá, e em um tênis, que, segundo a minha pesquisa, era o seu preferido.
     O segundo quarto à direita era de Amelie, estava desarrumado, mas não como o de Sttephane; ele era todo branco, não tinha muita coisa, era mais uma decoração "clean". Procurei algo que ela usasse com frequência, não tinha nada. Fui até o cômodo da cama e percebi uma espécie de pulseira com iniciais gravadas. "A & A", A de Amelie e A de Ângela, sua namorada; sem pensar duas vezes coloquei um minirrastreador nela e sai do quarto.
     Fui para a garagem, esse povo rico adora carros mesmo!... Havia três, uma Ferrari Califórnia e duas Land Rover. Coloquei rastreadores em todos.
     Após tudo isso, que levou um dia inteiro, fiz o reconhecimento do perímetro ao redor da casa, que consiste em observar ás estruturas ao redor da mansão, principalmente prédios que favoreçam possíveis atiradores, casas de mais de três andares, ruas paralelas para fugas ou entradas. Fui para a cozinha e vi o que tinha na geladeira, pois espiões também sentem fome...
     Fiz um sanduíche e o comi com uma coca cola. Claro, tomando cuidado para repó-los, por mais que eu ache que eles nunca conferem quantas latas de refrigerante tem na geladeira. Senti no chão né fiquei observando a grande casa, fixei cada detalhe dela na minha mente.
     Passei pela enorme mesa onde estavam algumas fotografias dos meninos quando criança, com a família reunida no Natal, aniversário, os meninos todos juntos após ganharem um prêmio. Senti que aquela mansão é um lar para eles, onde distantes da família encontram refúgio aqui nesse cantinho de sala.
     Será que algum dia vou ter um lugar para chamar de lar? Ou um Natal em família? Um aniversário? Quando estou em missão, nenhum "parabéns" eu recebo e, quando não estou, minha mãe faz um vídeo conferência para me desejar feliz aniversário, e as vezes manda presente pelo correio secreto.
     Eu nunca tive nada disso, nas festas natalinas eu passo sozinho ou de vez em quando com a família de Meghan, quando não estamos juntos em uma missão qualquer.
     Ser espião é o que eu nasci pra ser, mas não sei se quero morrer fazendo isso, eu quero ter uma vida, andar na rua despreocupadamente, ter uma família, amigos e vizinhos. Sentei de novo no chão e adormeci.
     Acordei com relógio apitando, olhei as horas e constatei que só tinha cinco minutos para sair dali. Tinha dormido a noite toda e os meninos iriam chegar a exatos 300 segundos.
     Era a primeira vez que isso acontecia, nunca dormir nas casas em que fiz monitoramento mas essa especial me fez esquecer um pouco de quem sou e, de maneira aconchegante, relaxei.
     Peguei meus equipamentos e os coloquei na mochila.
     Quatro minutos...
     Atravessei a enorme sala e fui para o sistema de alarme. Coloquei o código para armar - 56983 -
     Três minutos...
     Fechei a porta com as chaves e corri.
     Dois minutos...
     Cheguei ao portão já ofegante. Mas já era tarde, o portão estava se abrindo lentamente. Droga.
     Coloquei-me à espreita. Escondi-me na pequena planta que havia entre a lateral do portão e o muro.
     Assim que o grande carro preto passou e o portão começou a se fechar, rolei no chão para fora fora. Olhei para trás e o portão havia se fechado, analisei a rua e para minha alegria estava vazia.
     Ufa!
     Atravessei a rua e fui para o "meu" apartamento. Tomei um longo banho e ajeitei no computador as câmeras da casa dos meninos.
     Olhei a câmera da sala, Phane e Amy estavam esparramadas pelo enorme sofá, Leo estava na cozinha.
     Rolei a câmera para os quartos. Para sorte, Nat já havia trocado de roupa e estação deitado na cama dormindo. Mas confesso que queria ve-lô pelada, fiquei pensado.
     Fui para o outro quarto, Nick estaca sem camisa, deitado de barriga pra cima na cama, rindo e falando ao telefone. Por um instante eu quis saber o porquê de tantos risos, ele parecia se divertir com alguém ao celular. O olhar dele era para o ar, enquanto gargalhava. Pra vezes dava um leve riso que abria metade da boca, apareciam leves covinhas.
     Sorri com aquilo, mas logo meu celular "falso" - o do Matheus - tocou, acordando-me do pequeno transe.
     - Alô?
     - Matheus? É Lisa - Falou uma voz que eu já tinha reconhecido.
     - Algum problema, senhora? - perguntei.
     - Ah, por favor, me chama de Lisa - riu e prosseguiu - os meninos irão ter uma entrevista mais tarde para um programa de TV, você terá que ajudá-los a se vestir.
     - Claro Lisa, onde será o programa?
     - Não, querido, a entrevista vai ser na casa deles, já os avisei que você chegará por volta das duas da tarde - olhei o relógio que marcava 12:30.
     - Estarei lá - falei e me despedi.

Os Segredos De Um Jovem EspiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora