Os Segredos De Um Jovem Espião

CAPÍTULO 12

No dia de folga, os meninos foram visitar suas famílias. Coloquei alguns seguranças e trainings na cola deles. Irei me focar nas pistas e pesquisar.
Tomei um banho quente, estava frio em Londres. Coloquei roupas fofas, um conjunto moletom preto, estava sem a peruca e sem disfarce. Arrumei meus cabelos loiros e me pus em frente ao notebook.
Rabisquei em um bloquinho:

"Pista 1 - nome Escorpião Rei
Pista 2 - carro cinza, Mercedes Benz
Pista 3 - Vingança"

Isso já falei bilhões de vezes. Rabisquei mais algumas cosias sobre o desenho tribal do escorpião, peguei o bilhete que veio com a bomba, analisei a mensagem, a criptografia, estava impecável, perfeito. Mas, como dizem os criminalistas, não existe crime perfeito.
Levantei-me e fui até a cozinha, coloquei água para ferver e preparei a xícara com o chocolate.
- Olá, bom dia, pequeno Homanov, vejo que abandonou seu disfarce - Jake falou entrando.
Ele estava com moletom, assim como eu. Parecia que ficaria o dia todo em casa também. Revirei os olhos.
- Bom dia - murmurei.
- Prefiro assim, sem máscaras - falou debochado.
Arfei.
- Não, sério, você é muito mais bonito ao natural - sorriu malicioso.
- Jake, não estou para brincadeiras hoje, estou analisando a missão - peguei minha xícara e saí, mas ele me impediu.
- Ei, paz, já descobriu algo? - perguntou sério.
- Não, apenas um motivo - saí.
- Um motivo.
- Vingança.
- Hum, interessante...
- O quê, está interessado agora? - disse sarcástico.
- Claro, também estou na missão, esqueceu? - falou com um olhar superior.
- Infelizmente, não - bufei.
- Qual é, trabalhamos juntos no passado, não sou tão mal assim.
- Talvez...
Entrei no sistema da OUSB e pesquisei nos arquivos algum criminoso ou procurado com o codinome "escorpião" e não encontrei nada.
Só pode ser alguém novo no ramo de crimes, ou que tenha mudado de nome. O OUSB possui arquivos sobre os criminosos de toda a Inglaterra e do mundo.
Tentei achar um lógica, mas não consegui.
Se vingar de quê? Não faz sentido nenhum para mim. Pesquisei sobre algum atrito com alguém que os meninos teriam e não achei nada. Apenas briguinhas com outros cantores, bandas... nada além disso.
Levantei-me, precisava sair para pensar um pouco melhor.
- Aonde vai? - já estava me esquecendo desse cara.
- Jake, vou esfriar minha cabeça um pouco - falei sem paciência.
Troquei de roupa e saí porta fora. Achei melhor ir a pé até o parque que fica aqui perto. Como um dia frio em Londres, muitas pessoas estavam agasalhadas e andavam rapidamente pela rua. Andei alguns metros e cheguei ao enorme e maravilhoso parque.
Como estava frio, havia poucas pessoas. Crianças insistiam em brincar no playground escorregadio, pais sentavam no banco lendo livros e observando seus filhos. Pessoas que teimavam em correr pelo parque, mesmo estando frio.
Avistei um belo e grande lago verde, sentei em um pedaço de tronco que ficar perto dele, e tirei meu caderno de anotações.
Estava tão entretida em meus pensamentos que mal percebi o silêncio súbito que invadiu o lugar. Rabisquei algo com lápis e olhei para a paisagem.
Escutei passos atrás de mim e me virei para ver o que era, mas não deu tempo. Algo foi injetado em meu pescoço e me paralisou por completo, comecei a ficar tonta.
Alguém me pegou pelos pés e me carregou, estava tudo embaçado. Tentava olhar a pessoa que estava me carregando tão grosseiramente, mas tudo que eu via eram borrões.
- Vamos dar uma voltinha, senhor Homanov - falou um homem com um sotaque bem diferente.
Sua voz era grossa e rouca. Tentei sair dos seus braços, mas estava paralisada. De repente, senti o duro e frio chão, escoltei sons de pancadas e gemidos, parecia que uma luta corporal estava sendo travada. Tentei enxergar mais uma vez, mas estava tonto demais e desmaiei.

Acordei em um lugar bem familiar, estava no apartamento, em meu quarto. Meus olhos estavam sensíveis ainda. Percebi alguém me observando.
- O que houve? - perguntei ainda enrolado.
- Ah, você acordou... Pensei que o antídoto não faria efeito tão rápido - era o loiro de olhos azuis que estava me observando.
Apoiei-me na cama e tentei ficar sentada.
- Jake, o que houve? - ele baixou a cabeça. - Jake? Fala!
- Colocaram veneno paralisante em você, mas eu cheguei a tempo de... - olhou-me preocupado.
- Você viu quem era? - perguntei.
- Não deu tempo; depois que lutei com ele, saiu no carro rapidamente e eu tinha que tirar rápido de lá e te dar um antídoto para anular o efeito do veneno.
- Tentaram me matar? Porquê? Eu não... - eu estava muito confuso.
- Devem ter descoberto que você é um espião, não sei. Descanse, Homanov. - falou em tom preocupado.
- Jake, eu não entendo - balancei a cabeça.
- Homanov, descanse e tome cuidado - ele deu um sorriso sincero pela primeira vez.
Deitei de novo e fechei os olhos. Eu quase morri, como eu não pude vê-lo se aproximando? Eu falhei... Apertei os olhos e me revirei na cama.