Parte 4.

682 59 7
                                        

P.O.V's Wendell

Aquela noite eu não fiz absolutamente nada, até tentei sair com uma mulher do tinder porém, o encontro não passou de beijos. Aconteceu que, fomos para uma balada, ela virou algumas doses a mais que eu e então quando chegamos no motel, ela apagou. Desde que chegamos na balada, nossa intenção era transar. Obviamente depois de vê-la praticamente em estado crítico naquela cama, eu fui embora. Deixei a ela tudo pago incluindo um táxi para que voltasse para a sua casa bem. Nunca passei por isso durante todo esse tempo. Uma sensação estranha cresceu em meu corpo, uma sensação de que algo está faltando, por mais que, desde que minha mulher se foi e levou o meu filho, nunca me senti verdadeiramente completo comigo mesmo, sair com todas aquelas mulheres me fez parar de pensar na sua morte e ocupar a minha cabeça com algo que eu gosto muito, ou seja, transa, mas ultimamente nem isso tem me deixado realmente satisfeito ao ponto de me fazer bem.

Enfim, eu não fiquei bravo, pois ela me parecia aquelas novatas que estão tendo seus primeiros encontros e por isso eu já passei, sei como é. Mas não estou triste, um pouco deprimido talvez, mas não triste. Cheguei em casa já era madrugada a dentro e assim que me deitei em minha cama confortável, fiquei por um tempo acordado lendo um livro que Jorge indicou, li boa parte dele e só me lembro de o ter colocado de qualquer jeito no criado mudo e então dormi. Foi tudo tão rápido, que mal deitei minha cabeça no travesseiro e acordo perto das três horas da tarde graças ao barulho do celular avisando que alguém me ligava. Apenas atendo sem ao menos ver quem era.

- Wendell, ta dorimindo? - ouço a voz de Jorge ecoar.

- N-não.. eu estava. - arfo alto.

- tem noção de que horas são? - Jorge fala, deixando um ar, de que não está acreditando.

- fala logo o que você quer! - enquanto falo, tento me levantar devagar pois minha cabeça começou a girar.

- lembra de uma amiga minha, a Kelly? - ele pergunta.

- aah.. não! - respondo sem fazer idéia de quem era.

- porra Wendell acorda pra vida, ela já saiu com a gente na faculdade. - Jorge diz como se eu fosse abrigado a saber, se não fosse o meu melhor amigo na linha, eu ja tinha desligado.

- lembro. - minto na cara dura.

Sento na cama fitando os meus pés, cada piscada, estava ficando cada segundo mais ruim de ficar com os olhos abertos.

- não lembra de nada! mas enfim, hoje ela vai dar uma festa na sua casa, como eu encontrei ela a algum tempo no tinder, viramos amigos e tal.. - ele tenta me enrolar.

- eu to de ressaca, não fiquei burro, anda, fala logo o que você quer porque. - sinto o cheiro do meu bafo. - eu estou meio ocupado.

- disse que vou levar você para a festa dela, vai que encontra a sua outra metade da laranja. - Jorge tem essa mania de me carregar pra onde ele vai.

- caralho Jorge. - bati a mão no rosto com um pouco de força. - porque você me enfia nessas coisas, mas tá bom.

- sabia que ia aceitar mano, te passo o endereço da casa dela no whats, não vai se arrepender. - Jorge diz vitorioso mas o que eu queria mesmo, era dar um soco nele.

Assim que Jorge parou de me incomodar no Telefone, relutei um pouco mas por fim levantei. Faz uma semana que não venho para a minha casa direito, passei boa parte dentro do hospital e acabei que nem chamei a empregada para dar uma geral nela. Entrei no banho, tomei uma ducha gelada para ver se eu acordava. A medida em que a água ia escorrendo, meu pensamentos me levaram a tudo o que tem acontecido na minha vida. Deixei o meu hobby de lado para viver uma loucura chamada "hospital público". Fiz curso de fotografia, ainda quando um menino, e me senti um velho quando sai do banho, fui atrás da minha câmera e ela estava empoeirada, tentei liga-la mas a sua bateria havia acabado e contudo ela não deu um sinal de vida.

Newness - MaDellOnde histórias criam vida. Descubra agora