O dia em que te conheci

5- Desastre

Tudo corria "bem" na medida do possível, a tal lula não é ruim, e sem coisas constrangedoras, até vir um peixe cru do fundo do inferno que decidiu aparecer no meu prato e eu começar a suar frio e sentir o estômago embrulhar.

Peço licença da maneira mais educada e rápida possível.

Vou ao banheiro e vomito horrores, maldito peixe cru, ainda vou fazer pagarem por cada vez que me fizeram comer esses peixes horrorosos.

Depois de um curto tempo eu volto para a mesa, e logo a mãe dele começa novamente com as piadas.

- Dhália, por quê demorou tanto?

- Não passei bem, eu apenas senti um leve enjôo.

- Não vai me dizer que está grávida!?- disse Hiroshi de disparate.

- Qual seria o problema, pai?- Matthew respondeu me deixando sem reação.

- O problema é que meu neto não iria seguir as tradições, seria fruto da sua relação com...ela- disse a última parte com certo desdém- E nenhuma família deixaria a filha se casar com um homem irresponsável que teve um filho com uma ocidental.

Matt está inquieto, e quando ele ia despejar toda a sua raiva para o pai eu intervi.

- Chega, eu não tô grávida! Foi apenas sushi, meu estômago não suporta essa porcaria crua.- disse olhando fixamente para Hiroshi.

Matthew se levanta e me puxa para que fôssemos embora dali, mas eu percebo um sinal de que seu pai vai falar algo e apenas espero ele derramar seu veneno.

- Como se não bastasse ser uma interesseira, com família italiana, abusada, promíscua por trabalhar em boate, você ainda chama a comida do meu país, a comida que a minha família me alimentou, de PORCARIA? Você me paga, sua americana de merda.

Você não tem noção da raiva que eu estou desse cara, a minha vontade é de pular na cara dele e abrir aquele olho dele na porrada.

Matthew me leva até o estacionamento na tentativa de me acalmar, mas meu corpo exala ódio e nem mesmo o doce cheiro dele me tira desse humor.

- Lia, vai ficar tudo bem, se acalma. Eles só extrapolaram.

- Não Matthew! Eles não extrapolaram!- o choro começa a tomar conta de mim- Aceita que isso não vai acabar bem, NUNCA! Os seus pais acham que eu sou uma oportunista que está com você por causa daquela empresa babaca. Não tem como ter calma Matthew!

- Dhália, isso...

- Não, não vai se resolver. Já é o décimo jantar que dá errado, seus pais nunca vão me aceitar, já está na hora de você entender isso.- seco meu rosto com o dorso da mão- Já está na hora de você começar a fazer as coisas sem a aprovação dos seus pais Matthew, ou você nunca vai ser feliz de verdade.

Eu fico para ver se ele me diz algo, ou enfrenta seus pais. Mas tudo que eu recebo é apenas um olhar de "Só mais uma vez, por favor".

Entro no meu carro e vou em direção ao Milos, é a lanchonete em que a Juh trabalha.

No meio do trajeto recebo uma mensagem.