Prólogo

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Grécia, Janeiro de 2002.

-Eliza? Vamos para casa, está tarde querida.

-Mas mamãe eu quase não brinquei - disse minha filha birrenta.

-Brincou sim. Vamos Elizabeth - Disse firme e Eliza fez cara de triste mas se levantou da areia da praia e veio até mim.
Peguei a minha pequena nos braços indo em direção a nossa casa que não era muito longe de onde estávamos.

-Mamãe?

-Diga filha - disse observando o sorriso da minha pequena voltar ao rosto repentinamente.

Era gratificante ver esse sorriso todos os dias, mesmo depois de uma pequena discussão a minha pequena não conseguia ficar triste ou chateada por muito tempo. 

-A gente vai viajar de novo?

-Vamos, mas não hoje. A mamãe ainda tem que arrumar umas coisas.

-Mas a gente vai pra onde dessa vez?

-Pra onde você quer ir?

-Brasil!!!! Lá tem muitas praias, igual aqui na Grécia.

-Parece legal. Vou pensar no seu caso. Mas não vamos mais falar de viagem, ok? - Disse tentando mudar o rumo da conversa.

Eu não queria viajar o tempo todo, eu queria morar em um lugar fixo aonde eu pudesse criar a minha filha em paz. Sem ninguém nos perseguindo e tentando acabar com a nossa felicidade. Eu não queria ser essa pessoa que eu sou, uma fugitiva da polícia, procurada em mais países do que eu posso contar. Mas essa é a vida de uma Cientista que tinha herdado um certo dom para tecnologia. E é daí que eu tiro o dinheiro que eu uso pra sustentar eu e minha pequena, Hackeando sistemas de pessoas ricas e pegando um pouco do seu dinheiro. Eu sei que isso não vai fazer falta a eles mas eles não pensam do mesmo jeito que eu. Por esses motivos e por outros que continuo fugindo com a minha pequena, espero que um dia possa ficar tranquila com Eliza em algum lugar, mas sei que esse dia vai demorar a chegar.

-Mamãe? - disse minha pequena me tirando dos meus pensamento - Por que a gente tem sempre que mudar de casa?

-Porque sim. - Respondi a primeira coisa que veio a mente. Eliza estava na fase das perguntas, mas o negocio era que essas fase já durava uns bons anos, acho que desde que aprendeu a falar.

- "Porque sim" não é resposta mamãe. A senhora mesma disse isso. - Disse cruzando os braços. Sorri e ignorei seu questionamento, ela era muito nova para se envolver em assuntos tão complexos. 

- Você está fazendo muitas perguntas hoje mocinha - Coloquei ela no chão assim que chegamos em casa. Minha pequena não era mais tão pequena, com 7 anos ela já era bem grandinha e eu percebi isso assim que o meu braço começou a formigar.

-Mas mamãe. ..

-Mas nada - disse a cortando - você não gosta de viajar com a mamãe?

-Gosto- disse ela ainda de braços cruzados mais agora fazendo beicinho. Ela era a coisa mais fofa do mundo. Talvez do universo.

-Então assunto encerrado - Disse por fim. Vi que Eliza não ficou satisfeita com a resposta, mas também sabia que não ia mais insistir no assunto. Mesmo sendo bem nova se notava uma inteligência a cima da media, portanto Eliza sabia que não tiraria nenhuma informação de mim, quando dizia não era não.

Subi as escadas da pequena casa devagar enquanto Eliza disparava na minha frente. Chegando no meu quarto não me surpreendo ao ver a TV ligada, observo a imagem do seu desenho favorito passando na televisão enquanto Eliza está concentrada em mais um mistério sendo resolvido pela turma do Scooby Doo. Deixo ela em meu quarto vendo TV e desço para sala arrumando a bagunça que Eliza fez pelo caminho. Brinquedos espalhados por todos os lados, paredes riscadas, móveis fora do lugar, entre outras coisas.

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