a ressaca de jiyong

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aish, estou tão cansado! — seunghyun reclamou pela quinta vez, com os olhos focados no trânsito. — como uma sessão de fotos pode demorar tanto tempo? eu estava quase dormindo em pé.

jiyong havia acabado de deixar o estúdio onde havia feito uma importante sessão de fotos para promover sua marca. todos os holofotes estavam voltados para a inauguração da loja física da peaceminusone (que era dali a duas semanas), a agenda estava lotada de compromissos, os dois dormiam uma média de três horas por dia e, justamente quando ambos finalmente teriam parte da tarde livre, seunghyun resolveu levar jiyong para um lugar que o mais velho desconhecia.

não é que ele recusasse a boa vontade do amigo: sabia que as coisas seriam muito piores se ele estivesse sozinho, largado em londres como uma criança largada em meio a um mundo de adultos. a presença de seunghyun tornava as coisas mais suportáveis e ele tinha muito o que agradecer por tudo que o lee estava fazendo. mas é que jiyong estava tão estressado que só queria deitar e dormir até o horário do próximo compromisso.

— se você estava quase dormindo em pé, por que não voltamos para o apartamento? — o alaranjado sugeriu também pela quinta vez, tentando controlar sua rispidez causada pelo estresse para não machucar o amigo. — a agenda amanhã vai ser cheia. a gente precisa dormir, é uma questão de sobrevivência.

— ok. — foi a simplória resposta de seunghyun para com o drama do mais velho. — a gente já vai, hyung.

— para onde é que você está me levando, afinal?

— surpresa.

yah, você trocou o corpo com o daesung enquanto eu fazia as fotos? — daesung era outro amigo que os dois tinham em comum.

— nós tentamos, mas a troca ia demorar mais tempo do que a sessão. — seunghyun sorriu. — quer dizer, ele está em seul e nós em londres. para dar tempo de você não desconfiar, ele teria de estar no mínimo na frança.

o de fios laranjas balançou a cabeça, deixando escapar uma risada gostosa. instalava-se novamente um ambiente agradável dentro daquele veículo.

após mais meia hora de subida de estrada, o carro parou em um acostamento vazio. os dois desceram e jiyong avançou sem pensar duas vezes, assustando-se ao encontrar o mar em mais um dia de ressaca e de ondas violentas. o coração do rapaz deu um salto não somente por ser uma área perigosa, mas também por se lembrar do quadro que diana havia pintado.

— por que você me trouxe para cá? — perguntou para seunghyun, ainda sentindo o atordoamento percorrer seu corpo e fazer sua cabeça girar.

— porque você está estressado. e você está tentando suportar tudo sem reclamar, mas eu também estou passando pelas mesmas coisas que você e também estou estressado. e eu posso reclamar com o meu hyung, mas você não tem ninguém para reclamar porque insiste em dar mais atenção aos meus problemas. então, bem, reclame com o mar, seja olhando para ele até se acalmar ou gritando com ele. tenho certeza de que você vai na primeira opção, mas, bem, eu não vou me importar se você escolher a segunda. e nem vou gravar. juro pela minha vida.

jiyong piscou, fitando o moreno e vendo a jaqueta preta dele balançar por conta da ventania habitual daquela área litorânea, sem nada dizer. e o lee conhecia aquele cara a muitos anos para saber que aquele era o jeito dele agradecer.

seunghyun perdeu a conta no quinto minuto que jiyong passou olhando fixamente para aquele cenário, um olhar que não se desfocava nem quando o mesmo respirava fundo. a salgada e confortável brisa do mar fazia com que uma sensação refrescante corresse por cada pedaço de pele do kwon, que nada fazia exceto encarar as águas com intensidade, hipnotizado pelas ondas e por toda a sua violência. ele viu a expressão de seu hyung amenizar, conseguiu enxergar perfeitamente o seu estresse se esvaindo como o vapor que subia com o choque entre as ondas. o que ele não sabia é que sua boa ação não havia feito somente com que jiyong entendesse a sua própria mente, mas também fez com que ele visse a si próprio como um mar em ressaca, tentando a todo momento passar uma imagem tranquila e responsável, tal como toda aquela paisagem estereotipada como agradável e leve ao passo que, por dentro, as ondas do seu estresse brigavam entre si com uma agressividade que chegava a ser assustadora. e jiyong se perguntou se era assim que diana tinha se sentido: visualmente calma e internamente agressiva, latente. emoções opostas coexistindo em uma mesma pintura e em uma mesma mente.

a mente daquela moça era complicada, mas ele se sentia atraído por essas complicações. a verdade era que, em relação a ela, o que ele se perguntava sera e havia algo pelo qual ele não tivesse se atraído.

diana reymond era de fato alguém interessante.

colors; kwon jiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora