aquarela

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diana parecia muito bonita de braços cruzados e um meio sorriso no rosto. e não que ela não fosse bonita, mas era a primeira vez que a beleza da loira fazia o coração de jiyong acelerar. e ele ainda não tinha se acostumado com isso.

em meio ao frio proporcionado pelo clima úmido de londres, o rapaz sentiu suas bochechas esquentarem e enfiou metade do rosto dentro da gola alta do casaco para que ela não visse em sua expressão o quanto o rapaz desejava abraçá-la, beijá-la e tocá-la. contudo, acima de todas essas coisas, tudo o que ele mais queria era poder conversar com ela.

e a expressão do kwon fez a moça pensar no quanto jiyong também parecia bonito com o cabelo bagunçado e a expressão ofegante, seu tórax subindo e descendo — as bochechas dele estavam mesmo vermelhas? — diana desejava abraçá-lo, beijá-lo e tocá-lo em uma intensidade diretamente proporcional à dele. era insano acreditar que os dois haviam se conhecido faziam poucas semanas e, por falta de uma capacidade mútua de comunicação, trocado tão poucas palavras desde então. contudo, essa falta de capacidade mútua de comunicação era combatido por um igual desejo mútuo de dialogar, e esse foi o principal responsável pelos fios daqueles dois ainda não terem se soltado. e o mais velho estava decidido a amarrar aqueles fios para sempre.

— achei que estava... perdido.

— as ruas de londres são bem parecidas, não são?

jiyong não sabia se sorria por ela compreendê-lo ou por ele ter compreendido a frase.

— todas elas têm a mesma cor.

— todas elas.

instalou-se no ambiente um breve momento de silêncio, onde nenhum dos dois sabia o que dizer para quebrá-lo: diana por não saber o que dizer com palavras e jiyong pela falta de conhecimento sobre elas. o pensamento do rapaz voou para seunghyun por um instante. ah... ele realmente precisava se desculpar com aquele dongsaeng. e algo lhe dizia que, com razão, o lee esperava pacientemente por isso.

mas ele precisava fazer algo primeiro.

após cinco segundos, a loira finalmente falou, indicando a entrada do ateliê:

— bom... entre, já que está aí.

o ateliê estava vazio. quando seus olhos caíram sobre diana, que apoiava os cotovelos na superfície do balcão, ele pensou na primeira vez em que a havia visto, naquele mesmo local, sobre aquele mesmo balcão e o fitando com aquela mesma expressão serena e atenta. recordou-se de como pensava em como a atmosfera de lá era diferente em todas as vezes em que retornava àquele lugar. o ateliê de diana era a vibração de londres. uma bela vibração.

em um canto, ele viu o ressaca pendurado. e, mais para dentro, uma tela inacabada em um cavalete. sorriu ao pensar que podia ser a sua.

— bom, então você... você veio ver o quadro? — a loira apertava os dedos em um ritmo frenético, um sinal de nervosismo. ele estava tão perto... — ele ainda não está pronto porque as tintas acabaram, tive que emprestá-las para as aulas de pintura...

— não, não — interrompeu o mais velho, levantando a palma da mão direita.

— não veio ver o quadro? — o mais velho negou. — então o que você veio ver?

— você.

até porque era verdade: jiyong não tinha feito aquele caminho todo por acaso. seus pés o haviam levado para onde ele queria estar, com quem ele queria estar e para quem ele queria ter. e, agora que ele já entendia isso, não haviam mais motivos para voltar atrás.

mas diana não conseguiu acreditar de primeira.

— eu?

jiyong assentiu, aproximando-se ainda mais do balcão e observando os olhos verdes daquela moça acompanharem-no em seu movimento, fitando-o de baixo por conta da diferença de quase dez centímetros de altura. um nó subiu pela garganta da reymond, que se sentia incapaz de suportar o peso dos olhos dele sobre ela e ao mesmo tempo incapaz de tirar seu olhar do dele.

seu coração parecia pesar mais que uma bigorna naquele momento, preso no forte transe que era olhar nos olhos de jiyong. respirar estava difícil, e pensar racionalmente mais ainda. em um fio de voz, ela perguntou:

— por que você veio me ver?

o kwon se aproximou ainda mais, pousando a mão em cima dos pequenos dedos daquela moça que ele descobriu amar tanto. quanto mais perto seus rostos se aproximavam, mais lento o tempo parecia ficar, preso em uma atmosfera pesada. aquilo era mais do que uma linguagem corporal: era uma linguagem apaixonadamente corporal. e, para deixar um coração afundado em paixão tomar as decisões mais cruciais, não eram necessárias tantas palavras. era por isso que, pela primeira vez, jiyong se sentia confiante na presença de diana.

— porque eu queria te ver.

e, em um movimento tão lento para ele e tão veloz para o relógio, jiyong selou seus lábios nos dela em um beijo demorado. sentiu as pequenas mãos da mais nova se fecharem em cima das suas enquanto ela o correspondia e as apertou levemente, como quem queria transmitir confiança.

no momento, o único empecilho entre os corpos dos dois era o infeliz balcão que os separava. por isso, em um rápido movimento, diana afastou-se do enlaço de jiyong e, contornando rapidamente o balcão, afundou-se com um sorriso nos braços daquele rapaz de fios laranjas, que deixou escapar um riso.

eles eram como uma aquarela, onde as cores quentes lentamente se misturavam com as cores pastéis. e, bem, não poderia haver uma combinação melhor.

colors; kwon jiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora