o colorido de um universo

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museu britânico. essas eram as palavras que jiyong lia na tela do notebook de seunghyun, seguidas de algumas fotos de um local que lhe lembrava uma antiga construção grega.

— considerando que você é, bem, você — o dongsaeng se remexeu no sofá onde estava deitado e o kwon teve que se ajeitar também para continuar lendo as informações sobre o museu. — achei que um museu de arte seria melhor. olhe a seleção de peças.

— é bonito. — agora jiyong já estava quase desafiando a lei da inércia em cima de seunghyun. — olha o estandarte de ur.

yah, sai de cima de mim. — o moreno puxou o notebook para a direção contrária, a fim de tirar com sucesso o alaranjado de cima de si. — aliás, por que você me pediu para pesquisar sobre os museus de londres? e do nada?

jiyong demorou um momento a mais para responder, prevendo a rota que aquela conversa tomaria.

— tem alguém... que eu quero levar até lá.

— ah, não. jiyong, não. — um seunghyun descrente balançou a cabeça em uma constante negação. — hyung, a gente só está a um mês em londres e você já está com alguma garota? cara, essa coisa de acreditar em amor à primeira vista sempre faz você se apaixonar rápido demais. — o mais velho deslizou pelo sofá, repetindo mental e simultaneamente cada palavra que o lee dizia. — olhe para o passado e veja todas as garotas que você já namorou. são muitas! sabe por que seus relacionamentos nunca dão certo? porque você nunca se dá tempo de...

já acabou? — jiyong lançou um olhar irritado sobre o mais novo, não simpatizante com a tese de levar uma lição de moral — o que te garante que vai acontecer a mesma coisa dessa vez?

— o fato de já ter acontecido a mesma coisa em todas as outras vezes.

aquela era uma verdade: os relacionamentos do kwon nunca davam certo e era por isso que ele alcançava a marca dos quase trinta anos no auge da sua solteirice. no entanto, ele não gostava de comparar diana à todas as outras moças, exatamente pelo fato de todas as outras moças estarem em seu passado. além disso, como se a situação não pudesse piorar, o maior problema era que, ao contrário de todas as jovens que fizeram com que jiyong tolamente acreditasse que estariam ao seu lado para sempre, o caso da reymond apontava para uma rota completamente contrária: pela falta de compreendimento, que ocasionava uma falta de intimidade, a ideia geral era que ambos tendessem a se afastar.

mas jiyong não aceitava isso. essa ideia o deixava terrivelmente estressado.

— você acha que eu não sei disso?! — o tom de voz do rapaz era voraz. — eu sei disso muito bem. mas o que eu vou fazer, seunghyun? não tem nada que eu possa fazer a não ser tentar.

— você sempre tenta. — o moreno soltou o ar pesadamente. — só que você sempre quebra a cara.

— QUER PARAR DE FICAR ME LEMBRANDO DISSO? — o kwon se levantou em um salto, caminhando a passos bruscos para buscar seu blazer e enfiar-se em seus sapatos negros. — chega. vou sair e não sei quando volto.

— como assim vai sair? — seunghyun o seguiu em seu caminho até a porta, confuso e, sobretudo, assustado com o estresse de seu hyung. — jiyong, não, não faz isso, volta aqui. jiyong, vamos conversar!

a resposta do mais velho veio por meio da porta, que, batida com força, impediu o mais velho de ouvir os protestos que vinham de dentro do apartamento.

até porque, no momento, ele não queria ouvir nem mesmo os próprios pensamentos.

e é por isso que seunghyun não foi atrás dele.

jiyong caminhou sem rumo pelas ruas úmidas de londres por um longo tempo. tempo suficiente para que os seus passos contra o chão deixassem de ser agressivos e transitassem até um cansaço que fez seus pés doerem. ele estava exausto, e a exaustão o fez perceber sequencialmente que ele não sabia onde estava. tinha andado sem o mínimo destino em mente, perdido em uma cidade que não conhecia.

sentindo uma pontada de preocupação atingir seu estômago, jiyong olhou em volta, procurando algo que pudesse ajudá-lo a reconhecer sua localização.

dizem que seus pés caminham para onde você quer ir.

que são como asas que te levam à liberdade, ao colorido do universo sem fim.

— você por aqui?

jiyong tinha caminhado até aonde ele queria ir.

ao colorido do seu universo sem fim.

colors; kwon jiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora