Capítulo 10

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Carol
Quando a saudade bate, você percebe que não tem ninguém pra contar o que aconteceu na noite passada, ou que conheceu alguém incrível. Eu já teria te contado e, eu sabia que você ficaria feliz.

Acordei às 10:30 da manhã.Abro a geladeira e não tem muita coisa, então vou em uma lanchonete que fica perto de casa comprar alguma coisa pra comer. Meu pai me liga e faz as mesmas perguntas de sempre e, eu explico que estou bem, como foram as aulas, que tenho me alimentado direto. Dessa vez ele não tentou me convencer a voltar pra casa, acho que já se acostumou com a ideia de que eu não vou mais morar lá.

Estou deitada no sofá, Francesca (minha gata) está deitada em cima de mim. Encontrei ela na rua um dia depois de ter me mudado. Então ela me faz companhia desde então.
Já é pouco mais de 13:00h.
Chega uma notificação de nova mensagem no meu celular. Viro rapidamente pra ver quem era.

<João: Boa tarde, Carolzinha. Não sei se você já se recuperou da noite de ontem. Mas tá afim de almoçar comigo e a Isa hoje?

Não era bem a mensagem que eu estava esperando.
Percebi que não fiz nada pra comer e a geladeira estava vazia, então decidi aceitar o convite.

Ele e a Isadora moram juntos, o apartamento deles é cheio de quadros e pôsteres de banda na parede. Tem uma bancada na cozinha, algumas luminárias pendentes com as luzes amareladas em cima. Fico encantada com a decoração e, com a maneira que eles me deixaram a vontade.
Depois do almoço a gente senta em volta de uma mesinha que tinha no meio da sala pra tomar sorvete.

_Depois que você foi embora da festa ontem a gente foi pra um barzinho._João fala com a boca cheia.
_Não demoramos muito pra ir em embora da festa também._Isadora fala enquanto serve um pouco mais de sorvete.
Eu fico tomando o sorvete, não falo nada, apenas fico prestando atenção no que dizem concordando com a cabeça.
_Se divertiu ontem, Carolzita?_João fala sorrindo e percebo quando ele cutuca Isadora com o cotovelo.
_Si...sim. Me diverti.
_A gente imaginou._Isa sorri pra mim.
_Adriano...

Eu quase cuspo o sorvete da minha boca quando João fala isso. Que merda.

_O que? Não._Falo rindo.
_Amor, você não percebeu?_Isadora fala pro João.
_O que?
_Carol saiu ontem com a garota. Com a Day.

Sinto meu rosto corar nesse momento

_Vocês estão ficando?
_Não gente, ela só foi me levar em casa.
_Mas vocês ficariam lindas juntas._João fala olhando pra mim e da um leve sorriso.

Um filme sobre o que aconteceu na noite passada passa pela minha cabeça. O cheiro dela, lembro de suas mãos tocando meu corpo e, de como nossos lábios se encaixaram perfeitamente. Agora sinto que minha boca implorava por mais beijos dela.
Nem percebo, mas estou calada há algum tempo mexendo no sorvete, com um sorrisinho bobo no rosto.

_A noite de ontem foi maravilhosa né, Carol._Isadora fala sorrindo e percebo que os dois estão me olhando.
_ Que?_ Sinto meu rosto corar mais uma vez.
E os dois ficam rindo da minha cara.

Volto pro meu apartamento por volta das 18:00h. Nessas noites de sábado eu fico quieta, sempre assistia um filme reunida com a família quando estava em casa. Fazíamos pipoca salgada e colocávamos cobertura de leite condensado. Era estranho, mas eu gostava daquela mistura do doce com o salgado. Meu pai sempre escolhia os piores filmes então a gente nunca deixava ele escolher.

Estou colocando comida pra Francesca, escuto o barulho de notificação no meu celular. Mas continuo sentada no chão terminando de colocar a comida pra ela. Chega uma nova mensagem, então levanto pra ver quem era.

<Day:Oi, estou parada aqui na frente do seu prédio.
<Day: você tá aí?
<Day:Carool.
Olho pela janela, ela está em pé com o celular na mão perto do portão.
Não vejo o carro.
>Carol: Oi, estou descendo.

Vejo o momento que ela recebe a mensagem, ainda estou olhando pela janela. Depois pego as chaves rápido e vou encontrá-la lá em baixo.
Day está usando um moletom amarelo e uma touca preta.

_Caramba, Carol. Você demorou muito.
_Eu tava ocupada, por isso demorei pra ver a mensagem. Desculpa.
_Tudo bem.
_Cadê seu carro?
_Meu pai voltou de viagem. O carro é dele, então achei melhor não pegar.
_Você quer entrar?
_Eu posso?
_Entra, Dayane.

Day senta no sofá e fica acariciando Francesca, que nesse momento já tinha saído da cozinha.
_O que você tava fazendo?
_Colocando comida pra ela.
_Sendo assim você tá perdoada.
_Ah, que bom.

Lembro que preciso comer também.

_Você quer comer alguma coisa?_pergunto.
_Quero, o que tem?
_Não tem nada, mas podemos fazer.

Olho na cozinha e não tem quase nada na geladeira, mas tem alguns ingredientes e decido fazer um risoto.

_Você aprendeu cozinhar sozinha?_Day pergunta.
_Eu leio receitas na internet.
_Isso ficou muito bom.
_A gente arrasou.
_Você fez quase tudo sozinha.

Depois que a gente termina de comer, vamos pra sala. Day me conta como foi seu dia, fala que o pai dela está com uma mulher. Fala o que sentiu na separação dos pais. Não desviei o olhar nem se quer por um instante enquanto ela me contava mais coisas da sua vida,
sentia vergonha por nunca ter lhe contado nada sobre a minha.

_Vamos assistir um filme?_Falo depois de um tempo que estamos em silêncio.
_Onde está a TV?_Day fala olhando em volta.
_No meu quarto.

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