Dá roda à manivela no lado direito da caixa, que dava pequenos estalinhos, e rodava lentamente ao ser largada. Tocava uma doce melodia que lhe trazia memórias da mãe a cantar enquanto o baloiçava na cadeira de baloiço, que o pai queimara no ano passado para poderem ter lume suficiente para o inverno, juntamente com os móveis que a avó tinha deixado à mãe antes de morrer.
A música começava a acalma-lo e um bocejo sai da dua pequena boquinha rosada.
Pelo menos os cobertores e a música suave abafavam os gritos tornando-os quase inaudíveis neste lado do corredor.
A criança começava a ficar com sono e as pálpebras começavam a pesar. Mais um bocejo e os olhos fecham-se.
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Titto acorda com um sobressalto. Assustado e suado. Destapa a cabeça e olha em volta. A luz do sol passava pelas vidraças da janela e iluminava o seu quarto. Senta-se na cama ainda sonolento. Uma memória da noite passada passa-se-lhe sobre a mente, e esta leva-o a passar a mão por baixo da almofada. Os seus pequenos dedos tocam em algo frio e metálico. Algo familiar para ele naquele lugar em específico. Titto sabia que tinha lá deixado algo, mas a sua mente de infante estava confusa.
A faca de segurança! Estava ali! Esteve ali o tempo todo. Talvez ele não tivesse procurado bem na noite passada.
...
O armário...
O pequeno fecha os olhos e roda a cabeça na direção do armário em frente à cama. Com receio abre um olho muito devagarinho, e ao aperceber-se que as portas estavam fechadas, abre ambos os olhos e suspira de alívio.
Outra olhadela aos arredores do quarto. Cornie? Não estava à vista. Onde estaria? Estaria a brincar às escondidas?
Titto achara piada à ideia. Dando uma gargalhada, desce da cama num pulo e agacha-se para olhar por baixo da mesma. A poeira habitual mas nada de Cornie. Levanta-se e nota algo brilhante pelo canto do olho.
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O Monstro debaixo da minha cama
FantasyTitto é um menino que vive com os pais alcoólicos e abusadores. Para os evitar, ele encerra-se no seu quarto e é lá que encontra um monstro que lhe vai salvar a vida.