O Monstro debaixo da minha cama

pt.7

- O que é que eu te disse sobre comer bolo de chocolate?! Fedelho desobediente!
   Titto estava aterrorizado e começava a sentir lágrimas formarem-se quando uma onde de raiva o atinge. A criança olha para o pai com um olhar que o homem nunca tinha visto antes. Um olhar enraivecido e repleto de ódio.
-O meu nome é Titto seu gordo chanfrado! Não Tadeo, nem Theodoro. TITTO! E eu não quero saber do teu estúpido bolo de chocolate!
   Ele odiava que o pai errasse o seu nome e já se começava a cansar disso. Continuava a fazer cara feia ao homem, mas surpreende-se ao ver que a cara feia que recebia era ainda pior que a dele. O velho furibundo devorava lentamente a alma da criança pelo olhar, e parecia apreciar cada pedaço.
   Titto sentia as lágrimas a picar-lhe os olhos. Olha bem nos olhos do velho gordo e uma lágrima cai ao ver a expressão sombria e mosntruosa que o homem fazia.
   -Foi a última vez... - o pai diz com a voz baixa como se nao quisesse acordar alguém. Talvez o demônio que ele possuía no seu interior, porque, naquele momento, era o que devia estar prestes a sair de dentro dele. -A última vez...que TU, seu monte de lixo, me levantas a voz. Porque a próxima vez que acontecer eu vou-te bater tanto que nunca mais vais falar na tua vida. Compreendeste Tirso?!
   O pai levantava a mão para bofetear o pequeno com força, mas uma mão no ombro dele o impede. Fazia peso e segurava bem firme, como se o suor não fosse problema. A mão estava bem posicionada, como se pertencesse a alguém bem mais alto que o velho. Mas isso era impossivel... O gordo tinha quase um metro e noventa de altura.
   Destemidamente o homem olha para lado e vê uma mão peluda e laranja, com manchas verdes e longas garras pretas que se enfiavam na carne do homem e começavam a fazê-lo sangrar.
   Titto tinha já os olhos fechados e cobria a face rosada com as mãos e os braços, ainda esperando a sova que o pai lhe ia dar.
   O homem vira a cabeça para trás, pálido e com as pupilas dilatadas.
   A criança sente que o gordo está a demorar tempo de mais e decide espreitar por trás dos dedos. A expressão do pai era de puro horror. Algo que Titto nunca tinha visto. Se o pai estava assim, algo de horrível estava acontecer. Algo que o pequeno não queria conhecer.