O som estava alto, a música punk ecoava pela casa, que se encontrava escura, iluminada apenas pelas luzes azul e neon da decoração da festa. Você pode me perguntar o que uma pessoa depressiva estava fazendo numa festa, mas esse é o ponto principal, fazia parte do meu tratamento, apesar de eu achar que aquela não era a festa ideal para eu estar, estavam todos bêbados e alguns até drogados, mesmo assim, eu estava sóbrio, igualmente ao dono da festa, meu amigo Hikari.
Passei a festa inteira sentado no sofá, observando todos ao meu redor, coisa que eu não costumava fazer em ocasiões assim.
Depois de um bom tempo da festa rolando, quase duas horas sem parar, saiu o último convidado, enquanto eu fiquei, afinal, passaria a noite lá.
Já era de madrugada, eu e Hikari não conseguiamos dormir, então resolvemos falar sobre nossas decepções, como sempre.
- Como tá indo na terapia? Seu psicológo é legal ou só fala mais da mesma baboseira de sempre? - me perguntou
- Psicóloga, e sim, ela é bem legal, pelo que eu sei, ela já passou por esses problemas também. - corrigi e respondi sua pergunta.
- Então é uma mina?! Fala aí, ela é bonita? - Hikari falou de forma meio babaca até, o que meio que me irritou.
- Cara, qual a importância disso? Ela só é minha psicóloga, só isso. - respondi sem paciência
- Aham... você gosta dela que eu sei. Você mudou desde que começou a vê-la, e não vem me dizer que "faz parte da terapia" porque eu te conheço. - me olhou de um jeito insinuante, talvez tentando me irritar.
- Cala a boca. - abaixei a cabeça e encarei o número dela aparecendo no celular em minhas mãos, passei o dia me decidindo se ligava ou não.
- Esse é o número dela? - me perguntou curioso.
- É sim, e não é da sua conta.
Larguei o celular no sofá e fui no banheiro. Ao voltar, vejo meu amigo levando meu celular até a altura de seu ouvido. Não acredito.
- Ei! Desliga isso! - sussurrei quase gritando, se é que isso é possível.
Ele me respondeu fazendo sinal negativo com a mão, mas continuou calado e agora estava apontado para o celular, indicando que a ligação foi atendida, então ele colocou no viva-voz. Ouvi a voz de Senshi e o empurrei a mesma hora, puxei meu celular de suas mãos mas não consegui falar nada ou desligar, então fiquei encarando o aparelho e lançando um olhar mortal a Hikari.
Quando estava me decidindo falar alguma coisa, Senshi desligou após passar um bom tempo perguntando e não ter nenhuma resposta minha. Olhei no relógio, e fiquei com mais raiva ainda de Hikari, eram quase três da manhã, ela deveria estar cansada e confusa ao receber a chamada.
- Qual o seu problema, mano?! Você viu que horas são??? Ela deve tá cansada pra cacete! - briguei com ele enquanto o mesmo fazia cara de sonso.
- Foi mal, foi mal! Mas por que você não falou nada? Você poderia se desculpar e inventar que ligou errado, sei lá. - cada coisa que saía de sua boca me fazia querer socá-lo.
- Ah sim, óbvio! Porque foi exatamente isso que aconteceu, né? Cara, foi você que fez isso! Eu não tenho obrigação de arrumar suas cagadas. - minha paciência já estava totalmente esgotada, mas para não brigar mais, resolvi ir me deitar, enquanto ele ficou me encarando, sem falar nada.
No dia seguinte, me acordei com uma dor de cabeça fortíssima, talvez do estresse de mais cedo. Ainda cedo da manhã, decidi mandar uma mensagem para Senshi, fingindo que nada tinha acontecido e torcendo para que ela não soubesse que era eu ontem.
Mandei uma mensagem, confirmando se aquele era seu número, mesmo já sabendo que realmente era.
Voltei a dormir, mesmo estando com fome, o fato de ter me estressado fez com que meu cansaço fosse maior do que qualquer sensação que eu tivesse naquele momento.
Me acordei de novo, agora bem mais tarde, ao meio dia. Levantei-me e fui beber água. Voltei para o quarto e olhei meu celular, Senshi havia respondido. Visualizei e decidi não responder mais, não tinha necessidade.
Fui me vestir para encarar o dia, então na hora que vestia minha jaqueta, o celular tocou.
Era Senshi me ligando, o que me fez ficar nervoso por algum motivo, decidi atender logo.
- Oi Senshi - atendi com a garganta seca
- Oi... Jiyong? Ah, eu acho que eu liguei errado... mas, não importa. Bem, é... como posso dizer? Certo, já que eu te liguei e... você atendeu, - ela pareceu fazer uma pausa, parecia perdida em suas palavras - será que você não quer dar uma volta comigo?
Foi nesse momento que um silêncio constrangedor se estabeleceu entre nós, eu estava muito incrédulo no que ela havia me perguntado, e um sorriso bobo começou a se formar em meu rosto.
- Am... quer dizer, certo. Quero sim. Para onde vamos? - tentei soar o mais natural e calmo possível, mesmo achando que não deu muito certo.
- Vamos à praia. - eu amava a praia, já começou bem.
- Ah sim, tudo bem. Que horas?
- Daqui uma hora, pode ser? - arregalei os olhos, era tão em cima da hora assim?
- Pode sim, te vejo daqui a pouco. - me despedi
- Nos vemos, até mais.
Algo que notei de diferente em Senshi nessa ligação foi o fato de eu nunca ter ouvido ela gaguejar, e foi bem fofo até.
Sentei em meu colchão e fiquei igual um idiota me olhando no espelho, tentando ajeitar meu cabelo, e no final, eu simplesmente o deixei bagunçado, igual meus pensamentos. Esperei até chegar a hora de ir encontrá-la, cheio de inseguranças, mas ao mesmo tempo calmo, por saber que ela entenderia se eu estivesse me sentindo assim.
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Falling Without You (G-Dragon)
FanfictionA vida de uma pessoa pode realmente ser mudada por algo com que ela convive diariamente? Ou esta já deveria estar acostumada com o desapego sentimental? O que pode cruzar a linha que limita o pessoal e o profissional? Talvez o amor, talvez a dor. Se...