Capítulo 6

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Acordei, como sempre, com a luz vinda da janela do quarto. Estava com o rosto sobre o peito de Victor, ainda conseguindo sentir o seu coração pulsando. Levantei o olhar para ver se ele estava acordado, mas ele estava dormindo. Fiquei o observando dormir, notando aquelas pequenas sardinhas que ele tinha na região do nariz.

Eu já acordei sorrindo. Flashbacks aconteciam a todo momento e eu percebia o quanto estava apaixonada. Pude ver Victor abrindo os olhos bem devagar, olhou para mim e soltou um leve sorriso, se espreguiçando em seguida.

— Bom dia para a garota que foi simplesmente incrível ontem.

— Se eu fui incrível, você é a causa — falei, me deitando totalmente sobre ele. Ele deu um beijo, bateu na minha bunda e se levantou de cueca. — É engraçado, né?

— O quê?

— Nós nos conhecemos em uma festa, não te dei muita bola no começo, depois passamos por uma indefinição, nos tornamos namorados e eu tive a minha primeira vez com você — eu respondi com as mãos relaxadas sobre a minha barriga descoberta.

— Você errou em uma coisa: você me deu bola sim no começo, nem adianta negar. Aliás, eu não acredito que essa foi a sua primeira vez.

— Ué, não deu para notar pela minha falta de experiência? — perguntei me sentando na beirada da cama.

— Não tô falando que eu não sabia na noite passada, estou dizendo que... Por Deus, como alguém como você nunca teve essa experiência antes?

— Eu não sei. Já tentaram, claro, afinal é a primeira coisa que os garotos pensam quando começam a namorar alguém. Mas eu sempre fui muito reservada e conservadora, fui criada com essa coisa de “achar o cara certo”. Ontem pareceu certo.

— Ontem foi perfeito.

— Isso é inegável. Mas talvez seja esse seja o motivo de os meus relacionamentos sempre darem errado. Namoro nunca dá certo sem a parte carnal, né?

— Eu teria dado certo com você mesmo sem essa parte — me ofereceu a mão para levantar e beijou a minha testa.

Descemos para tomar café, eu com a camisa que ele estava usando no dia anterior (que, aliás, ficou enorme em mim) e ele só de cueca. Como estávamos na casa dele e não tínhamos o privilégio de tomar café da manhã na padaria como acontecia quando estávamos na minha casa, ele decidiu que prepararia um café especial para comermos na cama.

Enquanto ele cozinhava, fiquei a folhear alguns jornais velhos que estavam sobre a mesa. Eu estava tão por fora do que acontecia no mundo lá fora. De repente, foi como se o meu mundo se resumisse ao Victor. Não que eu esteja reclamando disso, claro que não, mas nunca pensei que eu fosse focar tanto em algo como eu estava focando nesse relacionamento.

Ele estava perfeito naquela manhã, mais do que todas as outras manhãs. Com o rosto com marcas do travesseiro por ter dormido tão pesado, com o corpo todo relaxado e todo concentrado para deixar tudo perfeito.

— Me espera na cama — ele disse, de costas para mim. Deixei o jornal sobre a mesa e voltei para o quarto. 

O quarto dele era igual quarto de criança, repleto de bonecos de superherois, revistas em quadrinhos, mas ainda sim tinha cara de quarto de adulto. Não sei como ele conseguiu essa façanha.

Depois de um tempinho fazendo hora até ele terminar de cozinhar, eis que ele me surge, como naqueles filmes bem americanos, com uma bandeja com tudo quanto é coisa para comer.

— Eu sei que não é lá profissional, mas foi feito com muito carinho — ele falou, dando a volta na cama e se sentando, com cuidado, ao meu lado.

Meu gosto pelos teus defeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora