Capítulo 7

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Victor não expressou reação nenhuma. Tudo bem, foi exatamente o que aconteceu comigo quando Ian me contou. Mas minha mãe disse que eu tenho um coração muito bom e não consigo deixar de perdoar alguém, depois que eu passei a refletir o quanto foi nobre da parte dele ter pelo menos um pingo de respeito por mim e me contar.

— Como o Ian teve coragem de fazer isso com você? — ele perguntou.

— Acontece, né. É coisa de homem. Foi procurar na rua o que não encontrava em casa.

— Não fala assim, Clarissa. Você ser virgem na época não justifica o que aconteceu.

Eu sorri por ele tentar me animar.

— Você é maravilhoso, meu amor. E me faz tão bem. 

— Eu só tento ser pra você o que você merece — beijou minha bochecha.

Chega de drama! Era domingo, tudo tinha se resolvido e a minha meta dali pra frente era me divertir e parar de ser séria. Assim aconteceu. O meu professor da faculdade tinha me convidado para ser estagiária na própria faculdade e isso me ocupou as tardes. Pode parecer esquisito, mas era justamente o fato de estar me tornando alguém na vida que me divertia.

As coisas se acalmaram entre Victor e eu, decidi parar de cobrar tanto dele e ele começou a se esforçar para fazer as coisas da forma correta. Lógico que eu não deixei de esbarrar com Natasha de vez em quando, aliás, não privei Victor de vê-la também. Vez ou outra ela surgia lá em casa, fazia o sacrifício de ser simpática comigo e decidiu ser uma vadia decente e parar com a mania de tocar tanto o Victor.

Certo dia, depois que cheguei exausta do estágio e estava louca para devorar uma lasanha na janta, Lia aparece aos prantos na porta de casa. Ela mal conseguia respirar em meio a tantas lágrimas e tinha que falar pausadamente para que o oxigênio entrasse em seus pulmões.

— O... O... O Lucas terminou comigo... Hoje... Agora — ela disse e correu para os meus braços.

— Lia! Como assim?! — exclamei, surpresa. Jamais esperava que esse dia chegasse. Até porque eles sempre iam e voltavam, mas eu nunca tinha a visto chorar por ele. Na verdade, eu nunca tinha visto Lia chorar por nada nesse mundo. Não era como se ela fosse inquebrável, mas ela sempre gostou de expressar felicidade.

Ela respirou um pouco antes de falar, levando a mão na direção do pulmão, antes de dizer:

— Ele disse que vai morar no exterior e não consegue lidar com um relacionamento à distância, que seria melhor assim. Tentei argumentar, não deu.

— Mas isso é fácil de resolver, vá morar com ele e pronto.

— Amiga, agora não dá! Eu custei a decidir a faculdade que quero, comecei um curso e tranquei por um bom tempo, agora que resolvi continuá-lo, seria muito ruim abandonar do nada por causa do Lucas.

— Lia, você ama esse cara.

— Eu sei, amo, amo mesmo! Mas se ele não entende que eu preciso ficar pra seguir a carreira que eu quero, então ele não me entende. Eu queria tanto que ele entendesse meu lado, Clarissa.

— Eu sinto muito, Lia. Quem sabe quando ele voltar...?

— Quem sabe — ela concordou, encostando a cabeça no meu ombro. 

Eu detestava ver a Lia triste. Na maioria das vezes ela se esforçava para não aparentar destruída, mas eu conseguia identificar até mesmo pelo timbre da voz dela. Sei que demoraria um pouco, mas rapidinho ela estaria de queixo erguido novamente. Afinal, para ela, não existe nada que uma boa festa não cure.

Dito e feito: em poucas semanas ela estava recomposta, já tinha uma festona planejada pro próximo mês e me pediu ajuda para a lista de convidados.

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⏰ Última atualização: Jul 27, 2014 ⏰

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