4 Você, meu amigo?

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— Vai mesmo fazer isso? — Ouço uma voz masculina atrás de mim.

Abro os olhos abaixando os braços e me viro devagar para ver quem é, então me deparo com Noah.

— Olha Arya eu não sei pelo que você está passando mais você não precisa fazer isso — Diz calmamente.

— Eu não aguento mais Noah, não aguento mais tanto sofrimento, tanta dor — Soluço.

— Acha mesmo que a morte vai resolver alguma coisa? — Pergunta.

Ele da mais um passo em minha direção e eu chego um pouco para trás me afastando e por pouco não caio, então ele para.

— Ary a morte não é a solução para nenhum problema, independente do que esteja acontecendo eu tenho certeza que você vai conseguir resolver, não precisa fazer isso.

— Você não entende — Me altero um pouco — eu não tenho ninguém, eu estou sozinha, então que diferença faz eu morrer se não tem ninguém para sentir minha falta? — Digo em meio ao choro.

— Isso não é verdade, você pensa que está sozinha mais não está, Deus está com você, Ele é o único que pode te ajudar a passar por qualquer problema.

Reviro os olhos ainda chorando e abraço meu corpo. Eu já fui cristã quando mais jovem, sempre ia à igreja com meus pais, mais depois do acidente eu me afastei da igreja, me afastei de Deus e nunca quis voltar, acho que não acredito tanto nele como antes.

Estava perdida em mim mesma que minha atenção é desligada e quando percebo Noah me puxa para frente e me abraça. Seu abraço é quente e confortante. Sem sentir vergonha eu começo a chorar o abraçando fortemente, enterro minha cabeça em seu ombro e derramo lágrimas e mais lágrimas.

— Você não precisa mais ficar sozinha, eu estou aqui e estou tentando ser seu amigo, não resista a isso porque eu sou uma pessoa muito legal, sei ser amigo e tenho olhos lindos claro.

Sem querer deixo um sorriso escapar e ele percebe isso.

— Deveria sorrir mais vezes, tem um sorriso lindo pirralha.

Pirralha?

— Não tenho motivos para sorrir — Abaixo a cabeça.

— Relaxa, isso vai mudar pode ter certeza.

Ele me abraça de lado e começamos a caminhar para fora do terraço, entrando no prédio.

Descemos as escadas até chegar ao nosso andar.

— Está com fome? — Pergunta Noah.

— Não muito, mais preciso comer senão daqui a pouco desmaio.

— Ótimo, vou encontrar com alguns amigos da igreja agora em uma lanchonete, quer vir conosco?

Realmente não me lembro da última vez que alguém me chamou para ir para algum lugar, não costumava ter amigos e depois do acidente isso só piorou.

— Eu não sei, acho que não estou com clima para isso, me desculpe.

— Tem certeza?

— Absoluta, quem sabe outro dia — Suspiro.

Ele assente sorrindo e se retira, duas vezes em um dia que recuso a um convite de Noah, não me surpreenderia se ele se chateasse comigo.

Entro no meu apartamento e minha ficha cai, eu quase me matei. Fico pensativa, se Noah não tivesse aparecido será que eu teria me jogado? Muito provável que sim, então se não fosse por ele nesse instante eu estaria morta, mas estaria com minha família e não teria mais que encarar esse mundo perverso.

Ainda há esperança (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora