All Mukalla - Arábia Saudita
Mirelle estava impaciente no altar da igreja, esperando cegar aquele que seria o seu marido para o resto de sua vida.
- Tio... será que ele não vem? - ela indagou baixinho, a voz abafada pelo véu de seda branca sobre o rosto moreno.
- Vem, sim, minha querida. - respondeu Antony Sanches, segurando a comprida mão da moça morena que por baixo daquela roupa de noiva tinha cabelos castanhos, acobreados, olhos castanhos e a pele morena, resultado da descendência árabe.
Naquele momento, realizava o sonho de muitas moças de sua idade, usando o vestido de noiva dos sonhos, um longo branco até os pés, lindamente decorado com pedras preciosas.
- Acalme-se que ele vem sim. - disse ao final com a visão perdida no espaço, os olhos azuis escondendo certo ar preocupado.
Mirelle sentindo certa angustia nada pôde perceber. Não entendia a demora do noivo Alan Karbala, neto de um poderoso sultão de Áden na Arábia. Apesar do casamento marcado por motivos diplomáticos e acordos de paz, ela pensava por que nunca quisera conhecer o noivo que o pai marcos O'Hail, descendentes de espanhóis e árabes havia preparado para ela quando era ainda uma menina.
O que mais a apavorava era que nunca o havia visto antes. Não tivera, sequer tempo para cultivar seus sonhos de donzela sonhando com um jovem bonito que a amasse e ela a ele.
Talvez por isso, tinha certo receio de que o tal homem, alguns anos mais velho que ela, quase quinze anos não comparecesse. Tinha recém completado vinte anos.
Foi quando um alvoroço na porta na igreja, já lotada de pessoas conhecidas e impacientes com a demora do noivo, demonstrou que alguém havia chegado. Era um homenzinho baixo e gordinho que entrava, usando um belo casaco azul marinho com um brasão de Áden, turbante cobrindo os cabelos. Ele tinha os olhos incrivelmente verdes. Ele entrou andando fazendo com que quem visse recordasse a um pinguim. Todos se levantaram, o juiz passou um lenço pela fronte, levemente aliviado.
- Muito bem, sua pirralha... - e quando ele falou, também fez com que Mirelle recordasse a um pinguim. Não parecia com o que se dizia de um sultão, embora Mirelle soubesse que muitos eram caprichosos e impertinentes pelo cargo que exerciam somente pelo benefício de terem nascido de quem haviam nascido - aqui estou eu, Alan Karbala! - a agressividade dele deixou alguns mais próximos assustadíssimos com o que faria a menina quando estivessem casados, mas então o mesmo lançou a ela um olhar de esgar - Estou aqui, mas não pense que vim aqui para me casar, não! Vim aqui para que fosse humilhada e que seu povo soubesse que não ligo a mínima para a paz em nossos povos, já que não podemos deixar de lado as mortes por um casamento entre desconhecidos que se odeiam!
Mirelle arregalou os olhos, a boca seca, a língua estalando de vontade de falar qualquer coisa, mas o orgulho ferido de mais para qualquer coisa. Aquilo era importante... se não para ela, pessoalmente, pelo menos para seu povo. Pela sobrevivência do mesmo. Era o que desejavam todos.
- Tio... leve-me daqui, imediatamente! - Pediu zonza, envergonhada e lutando pata que não lhe vissem as lágrimas nos olhos - Por favor, tire-me daqui...
Antony sentindo pena da sobrinha segurou em sua mão e pela multidão conduziu-a para a saída da igreja.
- Mas o que está acontecendo? - perguntou um homem.
- Sim... o que está havendo?
- COM LICENÇA, TODOS... - gritou Antony, irritado comas perguntas - SAIAM JÁ DO CAMINHO!
Mirelle estava desesperada, envergonhadíssima. Nunca havia passado por tal humilhação em sua vida.
Antony a colocou dentro da carruagem e esta mais que depressa partiu, deixando pó para os que queriam ver o que se passava, rumando para o palácio Mukalla, onde ela morava e pelo jeito morara pelo resto de sua vida.

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Uma Conspiração do Destino
Storie d'amoreHá três anos anos Mirelle foi abandonada no altar por seu prometido, Alan Karbala. Agora eles se reencontram e ela descobre que jamais estivera de frente com ele.