III

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         Louis sabia que ia chegar atrasado. Estava advertindo a si mesmo desde o momento que, apesar de ver que o relógio na sala de Hugh gritava para si que já eram mais de meia-noite e que ele devia ir embora, resolveu ficar na casa do vizinho conversando mais e mais até as três e pouco da manhã. Péssima decisão. Tomlinson chegou a sua casa, deitou em sua cama de solteiro e caiu num sono tão profundo que mal ouviu o despertador tocar ao som da versão punk de Barbie Girl, que também é seu toque de chamadas. Foi Niall quem escolheu essa música. Louis nem liga, ele acha até legal essa versão, é bem engraçada.

         Tomlinson nem lembrava que conseguia tomar banho e se arrumar tão rápido, afinal, desde que passou a assumir responsabilidades, ele nunca mais havia precisado se arrumar com toda essa pressa já que ele acorda sempre, agora, quase sempre, na hora certa e pode fazer as coisas com calma. Dessa vez, ele poderia ter calma também, perderia o primeiro tempo, mas poderia. No entanto, tem essa parte totalmente patriota em seu cérebro que o diz: ‘’Vamos lá, rapaz, britânicos não se atrasam!’’. Então ele correu.

         Sua mãe poderia tê-lo acordado, mas ela sai para o trabalho muito cedo e a primeira aula de Louis é somente às oito horas. Louis nunca agradeceu tanto a Deus pela unidade do The Hub ser tão próxima de sua casa. Ele correu umas três ruas até chegar à porta da unidade. Ele até tem um carro, na verdade, sua mãe tem uma caminhonete um tanto quanto velha. Era de sua tia e quando ela morreu ficaram com a mesma. No entanto, a velhinha não estava em casa, sua mãe foi para o trabalho nela já que Louis não morre de ter que andar três ruas todas as manhãs. É... Mais ou menos.

         Finalmente em sua unidade, Louis correu o mais rápido possível para porta de sua sala e infelizmente, ou felizmente, o que viu ao abrir a porta o fez perder o fôlego, as forças, a fala.

         - Tomlinson? Atrasado? – O professor perguntou sugestivamente.

Ele não sabe o que pensar, está perdido. Ele sabe que já viu esse cabelo antes. Sabe que já viu esses ombros largos, ele sabe. Só não tem certeza se, algo como isso que está ocorrendo consigo, é possível. Ele nunca passou por uma situação como essa, mas também nunca havia sonhado com esse tipo de coisa. Isso é loucura.

Deus.

- Tomlinson, você está bem? Está me ouvindo? – Ben balançava uma das mãos em frente ao rosto do mesmo a fim de conseguir alguma resposta. – Vá se sentar, rapaz. Eu preciso dar minha aula.

- M-me desculpe. – Gaguejou.

- Você está bem? – Winston perguntou pela segunda vez e olhou desconfiado para Louis.

- Sim. Eu estou bem. – Respondeu depressa e logo correu para o lugar vazio no canto da sala.

Droga. Ele havia acabado de passar uma puta vergonha. Mas isso não é possível, não há como não ficar perplexo com a situação. Ele quer olhar para o lado, precisa vê-lo de novo, mas ele precisa disfarçar.

Disfarçar pra quê, idiota? A sala inteira já te viu paralisado olhando diretamente para o aluno sentado do outro lado da sala.

Louis ouvia a voz do professor, frases como ‘’Não é difícil fazer esse tipo de análise.’’, ‘’Vocês podem começar consigo mesmos.’’, ‘’ Analisem suas próprias reações mediante as situações vividas.’’, mas elas só entravam por um ouvido e saiam pelo outro. Louis só conseguia pensar em uma coisa e essa tinha os olhos verdes. Mesmo que não tenha tido tanto tempo para observá-los, já que o rapaz logo baixou o rosto quando percebeu que Louis olhava-o, ele pode ver o quanto eram verdes.

Ele sabe que está passando por um dos momentos mais estranhos de sua vida, no entanto não pode perder essa aula por conta disso. Quem sabe, sim, ele pode. Ben está falando coisas as quais Tomlinson já sabe. Ele já analisou suas próprias reações várias vezes. Com certeza, Winston só está reforçando, pois há um aluno novo na sala. Qual será o seu nome?

XYK (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora