Louis conseguiu esvaziar o ar dos pulmões. Eles estavam presos ali há muito tempo, mereciam ser soltos. A única pergunta que Tomlinson está fazendo a si mesmo é se Hugh vai fechar os lábios que ainda estão entreabertos, e vai dizer algo.
- Hugh? Você está aí? – Balançou a mão esquerda em frente ao rosto do vizinho.
- Oh, Louis! Estou... – Louis pôde ver a confusão faiscando nos olhos azuis de Hugh. – E-eu só não estou entendendo muito bem a situação. Quer dizer... Você me disse que em seus sonhos o rosto do rapaz não aparece.
- Eu sei, Hugh, eu sei, mas... - Tomlinson levantou-se de abrupto do sofá e passou a andar de um lado para o outro da sala como se fosse afundar naquele chão e quem sabe parar em outro planeta no qual ele não tivesse que lidar com isso de forma alguma. – Como eu te disse, é sempre a mesma coisa. Um cara deitado de bruços em uma daquelas macas de metal, um cobertor branco o cobre até os quadris e-
- As costas desnudas, as quais você fica encarando e depois arranha, sem motivo aparente. – Laurie completou. Louis pensou que ele já devia estar cansado de ouvir sempre a mesma coisa. E, sim. Sem motivo aparente, até então.
- Isso. – Louis sentou-se novamente, mas dessa vez na mesinha de centro da sala do mais velho, encarando-o. – Hugh, te disse que os cabelos eram bagunçados, te disse que os ombros eram largos e eu não sei, mas aqueles quadris... Ele é idêntico ao o que vi, estou lhe dizendo. Sei que parece difícil de acreditar, mas é a mais pura verdade.
- Acredito em você, meu jovem. – Hugh o acalmou. – No entanto, eu não sei te dizer o que isso significa.
- Ninguém deve saber. – Colocou a cabeça entre as mãos e, de uma forma um tanto quanto desajeitada, se encolheu naquela pequena mesa de madeira.
- Você falou com ele? – Questionou-o.
- Não? – Ergueu o olhar em direção ao outro. – O que eu iria falar? Quer dizer, ele chegou à escola hoje e... Ah, eu não sei. Eu passei a maior vergonha.
- O que você fez? – Levantou as sobrancelhas e ajeitou-se no sofá para analisar as expressões de Louis melhor ou, pelo menos, tentar.
- Bom... Quando entrei na sala eu logo o vi, então eu meio que fiquei paralisado feito um babaca encarando-o. – Deu de ombros e novamente encolheu-se.
- Ótimo começo. – Ironizou Hugh. Tomlinson notou que, talvez, o amigo estivesse tentando tornar as coisas um pouco menos tensas. Só talvez e só tentando.
- Eu já sei! – Hugh levantou-se do sofá repentinamente e sentou-se no banco de cor preta que, Louis acha, ele deve ter comprado juntamente com o piano de cauda já que combinam tanto o modelo quanto a cor. – Na primeira vez que você me disse sobre um de seus repetitivos sonhos, eu estava tocando que música, você se lembra?
- Uma de suas incríveis composições. – Desconfiado, Louis foi até o piano e encostou o torso nele, exatamente como fez quando começou a contar sobre seu primeiro sonho para o confidente. - You Don't Know My Mind.
- Então vamos reviver. – Mal teve tempo de questionar o que ele queria com aquilo e já pode ouvir a melodia um tanto quanto animada ecoar pela pequena sala de estar. – Quero que você se lembre de tudo que puder em seu sonho porque, de repente, assim, você pode encontrar uma razão para isso ou, nem que seja, uma pista que nos leve a algum lugar que não a estaca zero em que nos encontramos.
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XYK (HIATUS)
FanfictionTodos nós podemos escolher o que queremos ser, podemos mudar de opinião, podemos seguir novos caminhos, entre outras coisas. Chega a ser cômico como Louis Tomlinson também achava que podia, mas não. Louis nasceu destinado a ser algo que não escolheu...