Taylor não podia acreditar. Mary, ir-se embora? Com certeza os pais dela não quereriam que Mary perdesse a sua única amizade verdadeira. Nem que Taylor ficasse sozinha, eles já a conheciam bem e gostavam dela. Ou quereriam?
-Mas vais para onde? - perguntou Taylor, preocupada.
-Nem sei - repondeu Mary - ...Algum sítio com praia?
-Oh, Mary! - exclamou Taylor, abraçando a amiga.
-Tomas conta da Mrs. White? - quis saber Mary, ainda abraçada a Taylor, referindo-se à linda gatinha branca que vivia em sua casa.
-Mas não vais levá-la? - Taylor parecia confusa. Mary adorava a gata...
-Por seis dias?
Taylor largou a amiga, olhando, incrédula, para ela!
-Seis dias!!?
-Sim - respondeu Mary, fingindo desinteresse, e olhando divertida para a expressão da amiga.
-Sua estúpida! - exclamou Taylor a rir - Fizeste-me acreditar que te ias embora para sempre!
-E seis dias é uma eternidade, Miss Anderson! - disse Mary, apontando com o dedo para imitar os professores delas. Ainda estava deliciada com a partida que tinha pregado.
-Sim, tomo conta da Mrs. White - acabou por dizer Taylor quando finalmente pararam de rir.
Mary estava feliz por Taylor não ter levado a mal. Tinha que admitir que duvidara do efeito da partida.
-Então, vai de férias, Miss Andrews?
-Sim, claro, Miss Anderson. Vou para um hotel de luxo ao pé da praia - afirmou Mary com um falso ar de snob - com piscina e tudo!
-Oh, sortuda! Leva-me contigo!
-Porque é que não vais tu em vez de mim - sugeriu Mary - sabes que detesto tudo o que tenha a ver com riqueza. É por isso que gosto tanto disto aqui... Pode não ter um spa, mas tem um prado de margaridas onde podemos ficar cheias de lama à mesma!
Taylor e Mary olharam uma para a outra durante algum tempo, muito sérias, até depois se desatarem a rir.
Passaram o resto do dia no prado a falar das férias de Mary. Ela parecia ainda um pouco pessimista quanto a isso. Taylor, para a animar, disse-lhe que ela poderia nadar tanto quanto quisesse. Mary lembrou-lhe que, ao contrário de Taylor, não sabia nadar. Depois de tantos argumentos, chegou o final do dia. Taylor decidiu, então, lançar a sua última sugestão.
-Podes até encontrar o amor da tua vida!
-Tu estás maluca! Nunca, mas nunca mesmo, me vou apaixonar!
-Isso dizes tu.
-Estás para aí a falar, mas também nunca namoraste com ninguém!
-Mas acredito que, um dia, vou. E tu também.
-Querias! - disse Mary, rindo.
E assim se despediram.
**
No dia seguinte, Mary entrou no carro, contrariada, apesar de todos os esforços de Taylor. Sem a amiga, nem a gata, nem o prado das margaridas, Mary não se sentia em casa. Sentia-se preparada para os piores seis dias da sua vida.
Contudo, ao chegar ao hotel, não pode deixar de admirar a sua beleza. As fontes, os quadros, as paredes de mármore. Nunca tinha estado num sítio tão bonito.
-Os ricos tratam-se bem... - deixou escapar, baixinho - quem me dera poder mostrar isto à Taylor...
-Gostas? - uma voz por trás dela apanhou Mary de surpresa.
-Quem és tu!? - perguntou Mary, sentindo o encantamento em que o hotel a colocara a desfazer-se lentamente, lembrando-a de que deveria detestar tudo ali.
-Woah, tem calma! Sou só o Cole - respondeu o rapaz que falara com ela. Era alto, loiro e de olhos azuis. Parecia ter a idade de Mary, dezasseis anos - E tu, quem és?
-Mary Andrews - disse, num tom amargo - e só estou aqui porque fui obrigada.
Cole sorriu ao ver a expressão dela.
-Então, enquanto és obrigada a estar aqui, ao menos respeita as pessoas, sim? Todo o trabalho que tiveram para tornar isto agradável não merece o teu desdém.
E afastou-se, deixando Mary completamente arrasada com a sinceridade daquele comentário.
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Summer (Short Story 2014)
Short StoryQuando Taylor chega ao prado para se encontrar com Mary, percebe que alguma coisa não está bem com a sua melhor amiga. Os pais de Mary querem levá-la de férias para um hotel de cinco estrelas, onde terá de se portar como uma senhora. Mary detesta a...