-Vamos, Mary - disse o pai de Mary, obrigando-a a deixar o restaurante.
-Espera, pai, quero mais cereais.
O pai encarou-a, fazendo-lhe a pergunta que Mary temia que ele fizesse:
-Porque é que só comes cereais, querida?
Mary hesitou um pouco. Não queria divulgar a verdadeira razão.
-Filha, podes contar-me. Não é que tenha alguma coisa de mal, mas depois não tens fome para o almoço... E há aqui tantas coisas boas para provares que não temos em casa.
-É por isso mesmo, pai - acabou ela por confessar - não quero estar aqui. Não tem nada a ver com a nossa casa. Os cereais, são a única coisa que está exatamente igual. E são a única coisa que quero comer.
-Oh, Mary. Não precisas de ter medo da mudança, sabias? Acredita que quando chegares a casa vais ter saudades disto aqui. Por isso, aproveita bem, sim? E quando pensares que tens muitas saudades de casa, lembra-te que são só seis dias, dos quais hoje é o segundo. Daqui a quatro dias estás em casa.
-Eu sei, pai - Mary aproximou-se dele, abraçando-o.
-Vá, agora anda. Ontem, chegamos tão tarde que nem vimos isto aqui. Vais gostar da piscina...
Mary seguiu o seu pai e a sua mãe até à grande piscina do hotel. Mais uma vez, tal como acontecera da primeira vez que viu a entrada do hotel, esqueceu a farsa de odiar tudo o que via por uns momentos e apreciou a beleza do lugar. As palmeiras estratégicamente plantadas em volta da piscina, a ponte de madeira escura roddeada por árvores e luzes, assinalada por uma placa quedizia «acesso à praia»... Mas rapidamente se recompôs.
-Não vens, Mary? - perguntou a sua mãe, saltando para a piscina.
Mary encolheu-se um bocado. Receou que um acidente como o de há seis anos voltasse a acontecer. A imagem da piscina misturou-se com a do rio...
-------------Flashback------------
-Anda, Mary salta! - Mary voltou a ouvir a voz de Taylor chamar, tal como há seis anos.
-Salta! - diziam as outras raparigas...
O rio não parecia fundo. Todas as suas amigas estavam lá dentro a nadar. Mas nenhuma delas sabia que Mary não sabia nadar. E Mary não sabia o que lhe tinha acontecido, mas tinha saltado.
Numa fração de segundo, que pareceu demorar uma eternidade, Taylor nadava até Mary enquanto as outras gritavam por ajuda. Mais duas raparigas ajudaram Taylor a tirá-la da água, e a fazê-la recuperar os sentidos.
-----------Fim do Flashback-----------
E com a mesma velocidade que se misturaram, as imagens voltaram a separar-se. A piscina era bem nítida. Sem correntes. Água parada. A voz que lhe dizia para saltar era do seu pai, já dentro da água, e não das raparigas da aldeia. Mary decidiu saltar.
Foi rapidamente apanhada pelo pai, que a ajudou a manter-se à tona.
Acabou por aproveitar a piscina, nadando (mal) nos sítios onde tinha pé, evitando grandes saltos, mas aproveitando.
Durante aquela tarde, até se aventurou a dar um saltinho até à parte onde não tinha pé, e estava tudo a correr bem, quando reparou nas quatro cadeiras dos nadadores salvadores... Sentado numa delas, alguém olhava fixamente para ela, quase ignorando o resto da piscina.
Ao príncipio, ela não queria acreditar. Mas depois, ele acenou-lhe.
Cole era nadador salvador.
Ao processar aquela informação, Mary perdeu a noção do tempo, e não respirou quando era necessário.
Foi nesse momento que Mary soube que estava a afogar-se.
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Summer (Short Story 2014)
NouvellesQuando Taylor chega ao prado para se encontrar com Mary, percebe que alguma coisa não está bem com a sua melhor amiga. Os pais de Mary querem levá-la de férias para um hotel de cinco estrelas, onde terá de se portar como uma senhora. Mary detesta a...