Capítulo 13 - Medos

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— Ainda estou com algumas dúvidas — voltou a sentar-se no sofá, ainda sonolenta.

O cochilo ajudara Danielle a colocar suas ideias no lugar, absorvendo as novas informações adquiridas e comparando com o que acreditava saber, inclusive sobre seu irmão.

— Pode perguntar o que você quiser — respondeu seu pai — Mas antes quero entender o que você disse antes: Como assim você acha que ouviu a voz dele ontem? E que outros sonhos você já teve dele?

Danielle ficou sem jeito, pois forçara a se convencer que tinha sido apenas delírio enquanto estava doente. Mas agora tudo havia mudado.

— As vozes... — murmurou, incerta sobre a melhor maneira de contar — Eu achei que fosse tudo alucinação sabe?... Eu estava me sentindo febril, com dor de cabeça... Achei que tivesse imaginado tudo aquilo, mas, agora que você falou sobre ele, sei que foi verdade, que aconteceu.

Robert ficou quieto por um tempo, tentando entender como aquilo era possível.

— Você lembra o que essa voz te disse?

— Foi algo como "Não aguento mais isso" e "Tenho que sair daqui" — só de lembrar, já causava arrepios — Mas por que quer saber...

— Ele falou algo exatamente como isso quando fugiu ontem...

Danielle só precisava daquela confirmação para sentir-se mais tranquila, mais dona da própria mente.

— Eu... Eu não estava delirando... Era tudo verdade?

— Ele realmente disse isso... — seu pai respondeu sorrindo, entendendo como ela se sentia.

— Okay, se for verdade mesmo, por que eu sou capaz de ouvir a voz dele na minha cabeça?

— Vocês são gêmeos. A ligação entre gêmeos é sempre muito forte, em gêmeos fantasmas, mais ainda.

— Por que só agora? E... Então isso explica os outros sonhos... Eu sei o que ele passou quando ele foi preso, o quanto ele sofria... — começou a ficar angustiada — O Natal e a cesta, o seu aniversário com um cartão... Seus sentimentos... — apertou os dedos nas têmporas, lembrando-se da voz do irmão, pedindo ajuda para sair, querendo apenas estar fora daquele lugar horrível. Lembrou-se de ele sofrendo, da voz rouca falando Feliz Natal e desejando um Feliz Aniversário a si mesmo, como o Harry em A Pedra Filosofal.

— Eu não sei, Danielle... — Robert pareceu tão angustiado quanto ela — Você já tinha sonhado com ele antes?

— Não foi você quem deu a ele uma cesta de Natal e um cartão de aniversário? E pensar que eu acreditei que o sonho fosse por ser também o meu aniversário! Minha psicóloga teve tanto trabalho comigo... — Danny soltou os dedos emaranhados agora no próprio cabelo — Como pôde aguentar ver seu filho em um lugar tão horrível?

— Foi difícil vê-lo daquele jeito — respondeu com uma sinceridade dolorida — Só posso imaginar você tentando entender tudo aquilo, acreditando que eram sonhos — ele parecia preocupado.

— Mas era eu vendo as coisas através da visão dele.

Fizeram uma pausa. Danielle pensou em contar sobre o acidente da escadaria e sobre o homem que seu irmão matara. Mas desistiu, seu pai deveria saber de tudo mesmo. Isso não acrescentaria nada.

— Aquele quarto de visitas perto do meu, seria o quarto dele?

— Sua mãe comprou esta casa na esperança de que ele retornaria algum dia — respondeu Robert bebendo um gole do café já morno.

Perdida em Mentiras e Lembranças l Trilogia HauntOnde histórias criam vida. Descubra agora