Capítulo 25 - Carcereiro

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Danielle abriu os olhos com dificuldade, prestando atenção na voz. Era Vincent. Sentando-se no sofá, ajeitou sua roupa e seu cabelo, indo para a cozinha. Eles estavam lá, tomando um café. Um arrepio passou pela espinha de Danielle, só de lembrar o susto que havia levado dele.

— Olá — disse Danielle, sem jeito.

— Boa tarde — disse Vincent, deixando a xícara sobre a mesa.

— Acho melhor vocês conversarem sozinhos. Será melhor — disse Robert — Estarei no quarto, ou no escritório.

— Vamos para a sala? — indagou Danielle.

Vincent assentiu, e seguiram para o cômodo.

— Novamente, peço desculpas por aquele dia.

— Aceito novamente — suspirou, o que queria era saber logo de tudo — Sei que você só fez o que Robert pediu.

— Bem, você quer saber primeiro sobre o que?

— Então, sobre a prisão e Daniel.

— Vejamos... — ele coçou a cabeça, olhou um instante para cima, e começou. — Quando cheguei ao Instituto de Recuperação...

— Onde?

— Não gostamos de chamar de prisão...

— Mas, alguém já se recuperou?

— Sim, mas foram poucos — ele fez uma pausa — Bem, quando eu cheguei lá, fiquei na segunda ala, cuidando de fantasmas como eu, os Espíritos. Meses depois, soube que ia ficar no lugar de um guarda. De Robert. Ele já possuía certa experiência, e me ajudou a entender como a ala um funcionava... No segundo dia, tive que presenciar algo bem... Desagradável.

"Um novo prisioneiro, adolescente. Ele tinha chegado inconsciente, e foi levado a UTI. Não imaginava que aceitavam gente tão nova. Robert explicou que não tinha jeito. Eles eram perigosos para a sociedade, mesmo com a pouca idade. Então, ele me levou para vê-lo. Era desumano ver aquilo. Ele parecia inocente, inofensivo enquanto dormia. Estava preso na cama, com algemas nos braços e pernas. Com vários tubos e máscara para respirar. Horas depois, ele acordou, então foi o problema. Robert foi para perto de um armário, e pegou uma seringa com agulha e um tubo azulado. Encheu a seringa e a escondeu atrás dele. O prisioneiro tentou se levantar, mas vendo que estava preso, começou a gritar, dizendo que queria sair dali. Quando se virou para Robert, ficou mais irado. Robert aplicou-lhe a injeção, colocando a mão sobre a cabeça de Daniel, pedindo-lhe desculpas.

"Daniel, então, desnorteado, fala algo que eu não entendi, e, logo após, adormeceu rapidamente. Achei aquilo muito brutal, horrível.

"Depois desse episódio, pensei em desistir de lá. Porém se meu pai conseguiu trabalhar por décadas ali, por que eu não conseguiria?

"Dias depois, ele já estava melhor, e foi levado a diretoria do Instituto. Lá, pessoas treinadas descobriram que tipo de segurança deveríamos dar a ele. Depois de uma longa conversa, mesmo que Daniel cooperando conosco em partes, ele foi levado a uma prisão nível Fantasma.

— Prisão nível Fantasma? — Danielle não se conteve.

— Quando um fantasma só pode usar um poder, ele é classe Sombra. Quando pode usar dois poderes, assim como eu, é Espírito, e quando pode usar três, é nível Fantasma, assim como Daniel, Robert e você. E tem um mais raro, um nível Possuidor, é quem pode possuir as pessoas. Esse necessita de muito mais cuidados, pois não pode manter nenhum contato com ninguém. E no caso de Daniel, ele era um Possuidor, mesmo que sem nem saber.

Perdida em Mentiras e Lembranças l Trilogia HauntOnde histórias criam vida. Descubra agora