Capítulo 2

972 69 16
                                    

— Toma um banho confortável que vou preparar algo para a gente comer e depois uma bela maratona de filmes para encher a cabeça do que não tem importância. – disse saindo do quarto.

Peguei minhas roupas e fui para o banheiro. Me despi, e entrei embaixo do chuveiro.

Acho engraçado como as nossas desgraças sempre tem um peso maior quando estamos no banho. Não sei em que momento comecei a chorar, mas quando percebi já estava deixando pequenos soluços estrangulado saíram sem medo,  não por perder o Antônio, mas sim, por ter sido traído e não ter desconfiado de nada. Me sentia tão patético, com toda a situação. De não ter enxergado os pequenos  sinais, de como minha vizinha costumava reclamar que nosso apartamento  pareceria uma zona de gemidos o dia todo. Quão  burro eu fui?

Passei um bom tempo embaixo do chuveiro. Até que decidi sair, me enxuguei e coloquei uma roupa, e fui para cozinha, me sentando logo em seguida, vendo Alura cozinhar.

— Como foi o banho, ajudou há relaxar um pouco? – disse se virando para mim,  com certeza percebendo que eu chorei, sabia que meus olhos estavam vermelhos e inchados.

— Ótimo. Um banho é o melhor remédio para muitas coisas. — Falei, descansando a cabeça nas mãos e olhando para ela.

Ficamos um tempo ali conversando, até  o jantar ficar pronto.  Depois de jantarmos ajudei a arrumar a cozinha, mesmo tendo um pouco de protesto da parte dela. Coisa que só  acontece agora por eu ter ganhado um par de chifres, por que se fosse em outra ocasião, o protesto seria da minha parte por ela não querer me ajuda a arrumar a cozinha.

É  isso. Quando você ganha um par de chifres, as pessoal ficam gentis com você, te enchem de mimos.

●●●●●●●

— Que tipo de filme meu amor? – ela me olha de relance, logo voltando a atenção  pra TV, tentando achar um filme legal pra assistirmos.

— Qualquer um, não sendo romance, drama ou terror. — falo, me aconchegado mais ao edredom tão  fofinho, rio internamente, percebendo  em como eu era medroso.

—  Por que não podemos assistir terror agora?—  Minha maravilhosa amiga faz questão de perguntar. Será que ela não  esta vendo o pavor nos meus olhos só em imaginar assistir um troço desse nesse horário?

Vádia.

— Não  gosto de filme de terror  Alura, tenho pavor dessas coisas, e você sabe disso.  – disse me encolhendo encima do sofá.

Depois da minha doce amiga–perceba meu sarcasmo– cansar de me zoar, escolhemos um filme, e secamos um balde de pipoca e dois litros de refrigerante em cinco horas de filme.

Quando estava quase dando uma da manhã, resolvi ir  dormir.  Eu tinha um longo dia de trabalho no dia seguinte, vestidos para festa eram bem trabalhosos.

As seis e meia da manhã, quando o despertador tocou, me fez ter vontade de arremessa-lo na parede.

Não  sou uma pessoa matinal.

Enfim quando todo o ódio passou,  levantei e  fui direto pro banho. Quanto antes começasse a trabalhar, mais rápido terminaria.  Alura ainda estava dormindo, já  que só trabalhava a partir das  nove horas.  Fiz meu desjejum sem muito barulho, pra não encomoda-la tanto. Saindo logo depois.

Nem precisei chegar á frente do meu ateliê para ver o carro do imprestável do meu noivo estacionado na porta, que babaca. Será que ele ainda acha que tem direitos de falar comigo?

Resolvi estacionar na dobrada da quadra, entrar pelos fundos do ateliê, pra evitar o encosto.  Graças a Deus minha sala de criação fica na parte de trás, assim, não  corro o risco do traste me ver pela vitrine. Entrei e pedi para os colegas de trabalho não falarem que eu já tinha chegado, e caso ele perguntasse dissessem que não tinha ido naquele dia, olhando especialmente para as meninas da recepção, já que sei como elas são flexíveis, e como o Antonio pode ser persuasivo quando quer.

— Mitao, porque não quer receber o seu noivo, problemas no paraíso? – Rebeca, minha sócia e amiga, me perguntou com metade do corpo para dentro da minha sala.

— Ex-noivo para ser mais sincero, Beca. – disse indiferente, olhando para ela, observando como seus olhos cresceram de tamanho. — O peguei me traindo com outro na minha sala ontem.

— Que desgraçado, e você o que fez? –   A surpresa sendo substituída  por revolta em seu olhar, me fitando.

— Esperei ele sair com o amante, e peguei minhas coisas e sumi, e vou continuar assim por um tempo, o Antonio não  existe mais pra mim Beca. Acabou. – falo, olhando meu bebê de longe, para ter uma visão completa para terminar os arremates.

— Ele não vai sair ai da frente e já tentou entrar algumas vezes. – ela disse me olhando esperando uma resposta.

—  Deixem ele continuar com as infantilidades dele, é bom para treinar a paciência. – falo e ela sorri e sai da minha sala e eu volto para o serviço.

O dia foi passando, sem muito alvoroso, agaradeci internamente por meus colegas não terem me enchido de perguntas e lamentos chatos. Eu definitivamente  não precisava disso.

Mas como nem tudo é perfeito. Quando já  agradecia aos Céus por já poder ir pra casa, enquanto ia em direção  ao meu carro, lá estava encostado nele quem eu menos queria ver aquele dia, aquela semana, mês, século, vida.

Na medida em que ia me aproximando meu corpo tremia de raiva por vê-lo ali, tão  perto de mim. Me olhando como se eu tivesse feito a coisa mais absurda da vida, como se ele não tivesse me traído.

—  Onde você se enfiou,  desde ontem estou desesperado atrás de você depois que não chegou em casa e seu celular só da "não existe" ou "esta fora de área"? – Que filho da puta. falou se aproximando, tentando me tocar. 

Recuei e respirei fundo tentando manter a calma.

continua... 

rebeca minha sósia e uma grande amiga. 

um amor surpreedenteOnde histórias criam vida. Descubra agora