YURI KATSUKI [02]

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N/a: fluído de biocomponente é como o sangue dos androides, mas não necessariamente a peça chave para mantê-los vivos. Em Detroit chamam de sangue azul pelo fato de correr no corpo de todo robô igual ao nosso sangue, mas quando retirado do androide depois de um tempo ele fica invisível ao olho nu (apenas androides podem ver).



Finalmente chegando ao quarto, deitei Victor na cama grande e ajustei melhor os lençóis brancos rendados para que não tivesse frio durante o resto do dia deitado, pois precisaria ficar de repouso um curto período de tempo pela forma que caiu e torceu o tornozelo. Não era tão grave, mas de qualquer modo doía e ele ainda recuperava os movimentos de ambos os pés. Retirei os sapatos de couro que tanto almejava e segui ao corredor para buscar algumas toalhas no banheiro, tudo depressa para não deixá-lo esperando muito... Embora tenha mantido o silêncio desde que lhe aparei o despotismo é tão forte e esquisito. Sou incapaz de encontrar respostas para todo o sufocamento que causa, porém o cheiro de avelã e cacau vindo dele ilude meus sentidos.

Bem, de qualquer forma, cumpri minha missão de levar algo para amortecer a dor insuportável que o fez lacrimejar através do gelo disposto no frigobar do quarto e prontamente me pus ao seu lado na cama, puxando levemente a calça bege de tecido fino seguido da massagem com o gelo na região. Victor, no entanto continuou em silêncio, cabisbaixo, suspirando nas deslizadas enquanto assistia à televisão. – Yuri... – Gemeu ao mesmo tempo que segurava meu pulso com pouca força, elevando o corpo e tentando retirar o pano. – Não precisa friccionar –

– Desculpe, Victor. Eu realmente preciso fazer isso para você repousar – Continuei a pressionar com calma e no meio disto ele permanecia na feição de dor, talvez querendo chorar de novo quando arqueava ambas as sobrancelhas, segurando o lençol da cama com a mão livre, mas eu não podia deixá-lo daquele jeito. À vista disto adquiri um dos travesseiros decorados e o ajustei sobre seu tornozelo na expectativa de mantê-lo parado até desinchar um pouco. – Você se sente melhor? –

– Eu só estaria melhor se um androide inútil não tivesse feito com que eu torcesse meu tornozelo – Rangeu os dentes com desprezo, culpando-me novamente pelo acidente.

– E-Eu não fiz de propósito! – Meu sistema começava a ficar instável com tantas afirmações sem nenhuma prepotência, porque já não entendia como poderia me acusar desse jeito se eu estava tentando melhorar de acordo com o ocorrido e o código de conduta e ele permanecia insatisfeito. Sempre com represálias e acusações supérfluas. – Além do mais você quem sugeriu subir sem a cadeira de rodas! – Levantei da cama com rapidez, completamente desorganizado do que dizê-lo para encerrar o assunto que e estava prestes a seguir em um nível incontrolável.

Oscilante demais para aguentar.

Suspirei fundo, prestei a seguir novamente ao primeiro andar para recolher as roupas e levar à lavanderia, afinal a casa continuava uma bagunça e possivelmente seu ateliê de pintura também... Desfrutaria do dia sozinho enquanto Victor continuava na cama e, honestamente, essa era a meta de tarefas, entretanto logo que dei alguns passos para frente a voz de Victor ressoou doce como o cheiro de avelã com cacau que seu perfume tinha.

Tão complexo.

– Por que fizeram você parecer bobo com essa voz e aparência? – Ele perguntava desta vez se erguindo brevemente, apoiando a costa na cabeceira de couro e enfim cruzando os braços.

– A CyberLife tem androides feitos para trabalhar em harmonia com humanos. A minha aparência e voz foram feitos para facilitar minha integração – O expliquei da maneira mais resumida possível para ter a liberdade de cumprir o que desejava embora o lugar fosse realmente fascinante e prendesse a atenção. As roupas sujas, garrafas de vinho e pratos de comidas da mesa de madeira grossa seriam retirados uma outra hora pelo fato de que Victor deveria ficar sozinho agora... Eu não gostaria que acontecesse mais acidente.

DETROIT: Become Human | YURI ON ICEOnde histórias criam vida. Descubra agora