YURI KATSUKI [09]

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De cabelos úmidos com gel, arrumando-os para trás com os dedos em frente ao espelho, percebo a breve movimentação e de forma distraída a parte direita do meu quadril é tocada pelos dedos de Yurio, na qual tratou de seguir adiante à geladeira... Sua feição aparentava exausta e era nítido que não descansava corretamente há dias, assim como o seu corpo magro reagia em preguiça... Ou seja, de qualquer maneira ainda se levantava para dizer "olá" ao dia.

Bocejando, alcançou a porta branca desgastada e a puxou ganhando a luz amarelada bem no rosto, fazendo-o piscar algumas vezes, no entanto permaneceu a buscar por algum alimento líquido. – Você está melhor sem aquela coisa oscilando a noite inteira – Pronunciou-se antes de levar a garrafa de leite sobre os lábios.

Diferente do habitual, eu tinha completa certeza que aquela mudança radical daria um salto na socialização como eles disseram... Otabek o fez por mim, jogou fora meu uniforme, modificou a característica que necessitava o óculo para uma melhor visão, arrancou o chip com um alicate e ensinou a forma de pentear os cabelos afirmando que, caso eu achasse melhor, mudar a cor também ajudaria com que ninguém nos reconhecesse. – Honestamente é um pouco novo estar sem ele, mas... Eu me sinto bonito de certa forma – Sorri ao guardar o pote azul do produto e enfim ajustando o moletom que recebi. – Você também acha que eu estou atraente? –

– Hum, não...? – Retrucava o loiro, arqueando uma das sobrancelhas e mexendo a cabeça. – Quero dizer, você não é feio... Você é bem arrumado... Você entende... – Deu de ombros, caminhando na direção oposta à cozinha na qual buscou depressa os sapatos ao lado da cama, onde deitaram por quatro horas seguidas.

– Então você acha que eu sou feio, mas bem arrumado? – Aumentei o tom de voz para que escutasse com clareza.

– Você é alguém que com certeza a atendente do caixa notaria, mas um adolescente estiloso, divertido e bonitão como eu não – Riu arrumando os sapatos na beirada do móvel.

– Eu deveria estar ofendido? – Juntei as sobrancelhas.

Ao contrário deles, eu não encontrava a necessidade de descansar por estar tão ansioso em sair na manhã seguinte que encostei os braços sobre o batente de madeira na janela e, nesse meio-tempo, assisti as poucas pessoas caminharem ali enquanto o dia começava a brilhar lentamente. As sugestões que o programa costuma criar nunca incomodaram tanto quanto naquelas horas que tive de aguardar Otabek e o loiro recuperarem energias, sem irritar com minhas necessidades curiosas.

– Nós vamos sair em um minuto. Você já está pronto? – Questinou Altin.

Balancei a cabeça em concordância, o observando buscar o cachecol e enrolar no pescoço do garoto loiro de cabelos molhados que sorria de canto com a atitude, afastando-se da cama já com os sapatos bem arrumados. Aquele menino realmente adorava o parceiro, apreciava estar perto e apesar de ser rígido com os outros... Otabek é a sua exceção.

– Beka nós deveríamos mostrá-lo primeiro o shopping ou o parque de diversões? – Plisetsky interrogava ao passo que buscava alguns cartões de identificação e tratava de seguir adiante. – A pista de patinação estará aberta essa manhã –

– Por onde começamos? Você prefere ir ao shopping ou parque? – O de cabelos escuros falava à mim conforme percorremos o trajeto até a porta, na qual o pequeno cachorro aguardava ansioso para estar em meus braços.

– Eu posso escolher realmente? – Questionei contrapartida, acariciando o animal já no meu colo enquanto o dia claro entrava em meu campo de visão. – Não faço ideia por onde começar –

– Você não está ansioso o suficiente para escolher? Tive de inventar uma desculpa para o meu chefe ontem, então temos que fazer o dia valer a pena – Respondeu indiscreto, desviando de alguns moradores que sequer respeitavam o caminho.

DETROIT: Become Human | YURI ON ICEOnde histórias criam vida. Descubra agora