Pertence a Mim - Duologia Possessivos - Livro I

1 Charlie

Correria.

Era a palavra que definia os meus dias, todos eles. Desde que saí do orfanato onde morei, desde que fui abonada ainda quando criança, para ir morar na república da faculdade que eu estudaria nos próximos anos, fiz de tudo para me tornar dona de mim mesma. Trabalhei, e dei o meu melhor no trabalho, estudei e me formei como a primeira da classe no curso de secretariado executivo trilíngue, mas isso acaba fazendo de mim uma poliglota, pois tinha aprendi francês, italiano e alemão, uma vez que nossa língua materna não era levada em consideração no curso. Com o dinheiro que ganhava como recepcionista de um escritório pequeno de advocacia, conseguia manter meus estudos e ter uma vida boa, claro que eu fazia certos sacrifícios e me privava de muitas coisas, mas era uma vida boa.

Naquela época não sabia que um dos advogados do escritório era um “olheiro” de uma famosa transnacional, a “Black Casttle” era um império de diamantes, ou pelo menos foi no início, antes de ampliar seus investimentos e ramos de atividade, produziam desde carros de luxo para o ramo automobilístico, condomínios, casarões e mansões para o ramo imobiliário, administravam várias redes de hotéis, agências de viagens, etc.; não havia quase nenhum ramo que estivesse fora dos domínios da Casttle, se ela não fosse dona, era sócia, ou acionista, ou investidora paralela, ou prestadora de serviço terceirizado.

O império negro começou com Denzel Fullbuster, passou para seu filho Zaratras Fullbuster Dannaford, e atualmente estava nas mãos da terceira geração da família, com Bartra Fullbuster Dannaford.

Bartra F. Dannaford, era um homem de poucas palavras, muitas ações e infinitos segredos. Um empresário reservado, de muitas amantes, mas nenhuma mulher; porém tudo tornava-se em segundo plano, quando ele estava administrando sua empresa.
Quando me formei o advogado “olheiro”, fez uma pequena indicação para que eu conseguisse um emprego na Casttle, e eu vi nessa oportunidade, a chance de me fazer na vida. Comecei como assistente de RH, mas fui infinitamente promovida, quando a AP do CEO, foi a impressa alegando que estava gravida do mesmo e ele não queria assumir o filho, causando o maior vexame do ano, pois Bartra, mesmo com 30 anos apenas, já tinha feito vasectomia, e ela sequer estava gravida, acabando assim sendo demitida.

Eu estava apenas levando os documentos para o escritório dele, fazendo um favor a Dante, chefe do meu setor.

_quem é você? – perguntou rude quando bati na porta, e entrei após receber permissão para tal.

_eu sou Charlie Bertolazzi... Assistente de RH, senhor Dannaford! – falei tentando esconder o nervosismo.

_não lembro de ter visto você! – rebateu estreitando os olhos em minha direção. Me senti totalmente constrangida e deslocada, mesmo estando vestida adequadamente, e me portando de modo igualmente adequado.

_eu sou nova na empresa... – respondi tentando permanecer firme diante daquele olhar matador – é meu primeiro mês, senhor!

_que seja então... – deu de ombros – deixe isso ai em qualquer lugar... – sinalizou com a mão, apontando para a mesa que estava cheia de pastas, irritando-o visivelmente.

_se o senhor quiser, posso arrumar... – me ofereci com um fio de voz – na ordem que o senhor preferi... – eu sabia que tudo naquela empresa era organizado por data, e em ordem alfabética.

_pode ser... – pareceu ponderar – faça! – ordenou e eu prontamente comecei a arrumar.

Ele voltou se concentrar no que estava fazendo, e eu na arrumação daquelas pastas tentando ignorar o belo homem a minha frente. Bartra era extremamente alto, devia ter 1,95 ou 2 metros de altura, com o corpo totalmente em forma, com músculos definidos por conta de sua malhação diária, tinha olhos castanho escuro e os cabelos loiro escuro, quase castanho, com mexas num dourado escuro, era difícil saber, liso em cima penteados para trás numa diagonal, baixo nos lados, possuía uma pele parda e uma expressão predatória que o tornava ameaçador. Quando terminei, notei seus olhos fixos em mim.