Depois da crise de choro, e de colocar tudo o que estava pensando para fora, minha menina pareceu começar a lidar melhor com as coisas. Minha maior felicidade estava em saber que finalmente tinha tirado de sua cabeça aquela ideia maluca de que estava com ela por pena. E agora poderíamos começar a viver uma vida de verdades, sem medos, sem ameaças, superando os traumas que ambos tínhamos, mas daria certo.
Meu pai e Emma praticamente se mudaram para a mansão, por uma questão lógica: com ele na mansão, eu poderia ir para o trabalho tranquilo, sabendo que minha menina estava sob a proteção de alguém em que eu confiava até a morte. Claro que havia o fator Emma, pois ela era extremamente útil, e por mais que meu pai dissesse que não, e a mesma se negasse, eu a enchia de presentinhos por cuidar tão bem de minha menina e de nosso filho.
O corpo de Charlie ficou visivelmente debilitado após o ocorrido, ela perdeu muito sangue quando aquele monstro a violentou, mas antes que eu acordasse, ele a tinha espancado, o que agravou ainda mais o quadro frágil dela. Se tomássemos todos os cuidados possíveis, ela teria uma gestação “tranquila” e nosso bebê nasceria saudável e forte. Melhor dizendo... Nossos bebês.
Só de pensar, meu sorriso so faltava rasgar meu rosto, eu seria pai de um menino e uma menina. Lembrar de como descobrimos...
Flashback on
_parabéns! Eles são saudáveis e fortes! – Elisa, a obstetra amiga de Emma nos parabenizou sorrindo – por isso sua barriga estava tão grande, eles são uma dupla dinâmica! – brincou.
_d-dois? – Charlie indagou ficando pálida, impedindo-me de esboçar qualquer reação além de preocupação com a mesma, pois sua mão que eu segurava, ficou fria e tremula.
_Elisa! – exclamei alarmado, e a medica olhou para Charlie preocupada.
_oh! – ela soltou o aparelhinho e ignorou no gel na barriga de minha menina, indo direto para seu pulso – a pressão está baixando muito rápido... – levantou-se rapidamente e foi até o pequeno armário que estava ali perto, e voltou trazendo um frasco pequeno, seringa e agulha.
_isso vai ajudar? – perguntei preocupado.
_vai! – ela puxou o liquido para a seringa e após prender o braço de Charlie com uma liga, injetou o remédio e usou o estetoscópio em seu pescoço para verificar atentamente a pressão. Demorou alguns minutos até que ela rompesse o silencio assustador no qual estávamos – estabilizou! – declarou tranquilizando-me.
_desculpem... – minha menina sussurrou.
_não se preocupe! – a medica sorriu – foi só uma quedinha de pressão, só seria perigoso se você estivesse só, pois poderia desmaiar e acontecer coisa pior! – ela olhou para mim, tentando passar confiança – vamos ficar de olho nessa mocinha! – piscou brincando e eu afirmei, ainda tenso demais para brincar – como eu disse, eles são dois, porém estão abraçados os danadinhos, não deixam ver o sexo! – completou sem graça.
_tímidos como minha menina! – comentei acariciando o rosto de Charlie, que estava rosinha e sorria.
_só mais dois meses papai, mamãe! – a medica contou em expectativa e todos sorrimos.
Flashback off
E cá estamos nós, no hospital novamente, pois Charlie estava com dores desde cedo, e sua barriga estava baixa, o que indicava que nossos filhos estavam com pressa para sair, mesmo faltando duas semanas para completar os nove meses. O médico que a operaria tinha conversado comigo, me tranquilizado, devido ao estado delicado dela, não apenas por ser gêmeos, mas pelas sequelas daquele episódio assombroso, minha menina faria uma cesariana de emergência, e os riscos só aumentavam. Obviamente, depois dos nossos bebês, não haveriam outros, não poderíamos correr tantos riscos assim. As contrações aumentaram e minha menina foi levada para a sala de cirurgia, após colocar a roupa especial esterilizada, entrei para ficar ao lado dela.
Sentia meu coração disparar, batendo loucamente dentro de mim. Segurei a mão de minha menina e lhe transmiti toda a segurança e confiança que ela precisava naquele momento. Seria seu porto seguro sempre que ela precisasse, pois ela era minha prioridade.
Não desviei meus olhos do seu por nenhum segundo, e foi indescritível quando o choro de bebê nos atingiu em cheio, causando uma reação instantânea, enquanto nos olhávamos. Os olhos de minha menina encheram-se de lagrimas e um sorriso maravilhoso brotou ali, levantei os olhos encontrando uma coisinha mais linda do universo, ainda sujo de sangue, gritando com força, anunciando ao mundo sua chegada.
_é o garotão! – o médico anunciou bem humorado.
Sorri, e voltei a olhar para minha menina, deixando nossas lagrimas rolarem juntas, e sequer o primeiro choro tinha se cessado, quando um segundo ecoou pela sala, nos deixando ainda mais afogados naquela sensação indescritível.
_a mocinha chegou! – novamente o médico anunciou – vamos fechar a mamãe! – falou ao entregar minha menina para uma enfermeira.
Duas enfermeiras, se aproximaram com nossos filhos nos braços, e os coloraram no campo de visão de Charlie que sorria. Ambos eram branquinhos e nasceram com uma cabeleira marrom escura perfeita.
_eles são perfeitos meu amor! – falei completamente fora de mim, acariciando a cabeça de minha menina, que apenas concordou comigo.
Os bebês foram pesados, limpos, e colocados nas roupinhas divinas que escolhemos a dedo, e encaminhados para o berçário, temporariamente, até que Charlie fosse liberada para o quarto, o que aconteceu algumas horas depois, afinal, pelo seu quadro clinico, ela permaneceu na UTI em observação, e só quando constatado que não havia riscos de hemorragia, foi liberada, e assim nossos filhos foram encaminhados para o quarto. Apesar de terem nascido antes do tempo, eles eram saudáveis e fortes, e perfeitos.
Sorria feito um idiota quando meu pai chegou, exibindo duas certidões de nascimento com orgulho. Gargalhei diante de sua expressão de “eu sei que sou foda, beije minha bunda!”, abracei o idiota e sorri ao olhar para as certidões que ele tirou de um envelope:
Matteo Castellamare F. Dannaford
Melissa Castellamare F. Dannaford
_sério isso pai? – perguntei e ele olhou-me indignado.
_é lógico! – bradou – são meus únicos netos, você acha que eu simplesmente abriria mão de colocar meu sobrenome neles?! Não seja ridículo! – eu coloquei as certidões ali dentro, notando outros papeis ali, os quais olhei rapidamente.
_você é um babaca! – gargalhei e o abracei novamente – eu sou pai, pai! – falei sentindo-me um idiota – PAI! – exclamei.
_deixa de demência! – bateu na minha testa – vá mostrar logo a ela, Vicktore está trazendo Emma, vou espera-la no saguão e depois vamos vê-los! – afirmei e nos separamos.
Charlie estava na cama, sorrindo boba olhando para os berços postos ao lado da sua cama.
_queria poder segurá-los! – choramingou.
_precisa se fortalecer primeiro, minha menina! – falei me aproximando e depositando um beijo casto em seus lábios – para você, cortesia do seu sogro! – pisquei entregando a ela as certidões e sorriu ao avalia-las.
_F? – indagou e eu dei de ombros – de Fullbuster? – sorriu divertida.
_ele alegou que são os únicos netos que ele tem! – argumentei tentando defender o velho, mas ambos sabíamos que assim como eu, ele era possessivo demais.
_deles eu até entendo... – sorriu, e puxou do envelope outra certidão – Charlie Castellamare F. Dannaford! – arqueou uma sobrancelha, se divertindo – deixe eu adivinhar, ou a única nora?
_é a consequência de eu ser filho único, não posso argumentar contra isso! – falei sem graça e ela riu.
_seu pai é um amor! – colocou as certidões – obrigada por manter meu sobrenome, neles e em mim! – entregou-me os papeis.
_jamais tiraria algo de você! – declarei – desejo apenas somar! – pisquei e ela sorriu.
Meu pai e Emma chegaram depois, até mesmo Vicktore entrou no quarto para vê-la, ainda que um pouco tímido e corado por ter sido intimado a fazer parte daquele momento.
Sorri vendo todos ali, sorrindo em silêncio, contemplando aquela cena.
Quase 1 mês depois, que Charlie pode receber alta, pois todos estávamos preocupados com a recuperação de minha menina, que dava-se lentamente.
Tê-los na mansão era maravilhoso, Matteo era extremamente agitado, mexia-se incessantemente, e dava gargalhadas pequenas, já Melissa era quietinha e preferia ficar no colo de meu pai, que ficava babando pela neta.
Com Emma trabalhando numa clínica particular, com sua formação em psiquiatria, meu pai vivia na mansão com Charlie, que no momento estava completamente focada em nossos bebês. Embora já tivéssemos tido a conversa sobre ela retornar ao trabalho como minha AP, primeiramente ela e auxiliaria de casa, e quando as crianças estivessem em idade para ir a escolinha, ela voltaria para a empresa, mas apenas pelo horário em que nossos bebês fofinhos estivessem na escola.
Sorri, ao senti as mãozinhas passando por meu rosto, estava deitado na espreguiçadeira, com Melissa no colo, tomando um sol à beira da piscina. Minha outra menina perfeita, sorria, enquanto arranhava suas em meu queixo, babando-me, seu corpinho gordinho e delicioso estavam seguros firmemente em minhas mãos, parecia que Mel tinha sido feita sob medida para caber ali. Claro que vez por outra eu ganhava um tapinha no rosto, uns pequeninos chutes no peito e umas dedadas nos olhos, me fazendo gargalhar, ser pai era uma experiência dolorosa, principalmente quando as unhas de Mel e Matteo estavam grandinhas, porém era P-E-R-F-E-I-T-O.
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.
I-N-D-E-S-C-R-I-T-I-V-E-L.
Só pudemos nos casar, quando os gêmeos começaram a andar, ver Matteo entrando de mãos dadas com Mel, com seus passos inseguros e curtos, usando um terninho preto e minha bebê com um vestidinho de noiva, foi a cena mais linda de todas, nossos amigos e convidados se derreteram completamente ali, e eu que já babava feito um idiota, fiquei sem chão ao ver minha mulher entrando na igreja.
Charlie estava magnifica. A gravidez lhe fez bem, deixou-lhe mais cheinha, com curvas ousadas e uma pele deslumbrante, minha menina agora era uma mulher, mas as coisas continuariam como sempre foram, pois afinal: ela pertence a mim.
***
Meu pai havia enlouquecido, preparando aquela festa de aniversário, até vovô veio, trazendo sua nova cuidadora, mas apenas pelo olhar que lançava a ela, eu sabia que quem recebia cuidados diários era ela. Não era de se jogar fora, porém não chegava aos pés de minha Charlie. Todos os outros aniversários foram comemorados apenas em família, pois as crianças eram muito pequenas, mas esta seria diferente. Mel queria seu aniversário com o tema de um filme chamado ‘Meu Malvado Favorito’ e quando Matteo viu o filme, passou a apoiar a irmã na escolha do tema.
Com quase 4 anos, ambos eram foguetinhos, fazendo com que Charlie e eu fossemos obrigados a entrar numa rotina diária de exercícios físicos para poder acompanha-los. Mel caia na zoeira influenciada pelo irmão, que descobrimos ter um ciúme gigante pela irmã.
Voltando ao aniversário, meu pai havia contratado um bufê, uma agente de decoração, ordenado a confecção de brindes, armado uma enorme cama elástica no jardim com todo aparato de proteção, um escorrega inflável gigante, e convidado toda a turma deles da escolinha.
E Charlie ainda não sabia. Meu pai a tinha empurrado para o cinema, alegando querer um momento a sós comigo, pois tinha desejava ter um momento de homem para homens. Balela, no momento em que ela entrou no carro e deu a partida, o próprio lucífer sorriu no lugar de meu pai, e poucos minutos depois, todo o circo começava a ser armado.
Quando minha mulher chegou com nossos filhos, assim que o carro parou, eles saíram correndo rumo a festa, explodindo de alegria. Fui até minha Charlie e a recebi em meus braços.
_Zara? – perguntou sorrindo, enquanto me beijava.
_o mesmo argumento de sempre: são seus únicos netos! – declarei a sorrimos indo rumo a festa.
Notei Matteo e Mel cercando uma garotinha, puxando-a para cima e para baixo. Ela era magra e um pouco miúda, mas devia ter a idade deles. Arrastaram a menina para perto de nós.
_PAI! PAI! – Matteo gritava puxando a irmã e a menina.
_cuidado, Matt! – Charlie falou – não vá derrubar ninguém!
_sim mamãe! – ele falou prontamente – essa é Kathy!
_o-oi... – a menininha falou tímida, e quando levantou o rosto surpreendi-me com seus olhos cor de âmbar. Lindos.
_é um prazer conhece-la! – minha Charlie sorriu e abaixou-se beijando a testa da menina que sorriu e beijou seu rosto.
_ela é a namorada do Matt, papai! – Mel falou puxando, e Matt sorriu garanhão. Meu garoto. Sorri orgulhoso, cumplice, enquanto Charlie ficou sem reação.
_apresente ao seu avô, sua namorada Matteo! – falei para meu filho e afaguei o cabelo da menina, antes do trio sair correndo em direção ao meu pai, que gargalhava ao lado de meu avô, perto de um carrinho de cachorro quente – que orgulho!
_meu pai do céu! – exclamou – vou ficar velha muito cedo dessa forma! – a puxei para mim, e a prendi em meus braços, enquanto observávamos as crianças correndo e se divertindo, com minha futura nora.
_obrigada por fazer de mim, o homem mais feliz e realizado de todo mundo! – beijei sua testa, e ela apoiou uma cabeça em meu peito.
Ficamos ali, apenas curtindo o momento, afinal... Era apenas o nosso começo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pertence a Mim - Duologia Possessivos - Livro I
RomanceEla era minha, apenas não tinha consciência disso, mas eu tinha tudo o que queria e com ela, não seria diferente. Eu a queria... E eu a teria! #Conteúdo adulto (+21)