Feitiço

43 2 0
                                    


Seguíamos nos falando por mensagens quase diariamente, enquanto não surgia a oportunidade de um "reencontro". Engraçado como parecia que ele exercia uma espécie de  poder sobrenatural sobre mim, mesmo à distância, como um feitiço.

 E assim foi por longos meses (acredite, para mim pareceram realmente longos, como uma eternidade) até o bendito reencontro: Outra festa, de aniversário dessa vez; outro amigo em comum e outro sábado de lua cheia.

Assim que cheguei, o avistei de costas. E como ele estava diferente e ainda mais bonito - se é que aquilo era possível!- Os cabelos maiores, em caracóis negros que reluziam de tanto brilho. Parecia também um pouco mais forte. 

Ao mesmo tempo em que matei a saudade acumulada, parecia que nunca havíamos nos separado e que nenhum tempo havia se passado. Mas bastou dois caras chegarem para que ele ficasse completamente distante. Por várias vezes, "C" abandonou nossa conversa no meio para conversar, aos sussurros, com os outros dois. O segundo homem, descobri mais tarde que era seu pai, Cláudio Alaor, um importante empresário que estava patrocinando a festa. Assimilei na hora de quem ele havia herdado tanto charme, mesmo não tendo visto seu pai de frente.


Semanas depois:

Mesmo voltando a nos falar apenas por mensagem, podia perceber que algo em "C" havia mudado. Estava distante e nossas conversas iam se tornando cada vez mais raras. 

Sugeri, então, um reencontro. Ao passo que levei um balde de água fria. Uma desculpa esfarrapada parecia tentar esconder o total desinteresse dele em me ver. "Será que fiz algo errado?" - me questionei. - "Será que não é para ser?"

Mal sabia eu o plano arquitetado que estava por trás de toda aquela mudança comportamental.

O livro de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora