Dejà-vu

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- Aurora! 

Sem me levantar do sofá, elevei meus olhos, que estavam focados no celular e vi Calebe parado em minha frente:

- Desculpa aparecer sem avisar, podemos conversar? 

- Sim, senta aqui. - Eu disse, batendo a mão no assento do sofá, como forma de convidá-lo a se sentar ao meu lado

- Você ficou "de boa" com toda essa coisa entre o meu irmão e a Nat? Quer dizer, eu sei que você gosta dele.

- Você sabe? - Perguntei - Porque ultimamente nem eu mesma tenho certeza de nada.

- Não foi o que pareceu naquele jantar. Parecia que sabia exatamente o que ou quem você queria e ficou frustrada com a possibilidade de não conseguir. - Fez uma pausa e continuou - Foi mal, não queria que minhas palavras soassem em tom de cobrança ou ciúme... Mas, para alguém que "não tem certeza de nada", você parece bem calma

- Eu ando tendo algumas conversas que tem me ajudado a me centrar - Disse, fazendo uma referência óbvia ao meu Amigo e à oração que fiz noutro dia (ou não tão óbvia assim, já que Calebe não entendeu, mas isso não vem ao caso). - Às vezes nosso coração quer falar muito alto e nos impossibilita de escutar a Razão.

Foi quando Calebe me surpreendeu. Assim que terminei de falar, ele retrucou:

- Não sei se meu coração está errado ou certo e não me importo, mas ele me mandou fazer isso e eu vou fazer.

Foi quando ele assumiu uma proximidade perigosa dos meus lábios. Pude sentir sua respiração e chegamos a fechar os olhos, mas algo me freou: A voz da Razão.

- Calebe, acho que não deveríamos nos precipitar.

- Eu posso te esperar. Disse, com um sorriso que quase me desarmou

Enxerguei verdade nos olhos e na fala dele. Aquele momento marcou uma espécie de dejà-vu, já que a partir dali voltamos a nos falar como antes, incluindo as mensagens de texto


O livro de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora