C a p í t u l o | S e i s

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| Manoel |

— Tem certeza que a senhora está bem? — Pergunto mais uma vez.

— Já disse que é apenas uma gripe boba, mas sabe como sua mãe e seu irmão são preocupados — Quase consigo ver ela revirando os olhos — Eles não me deixaram pegar o avião e estão me tratando como uma inválida. — Essa era a minha vó, dramática, toda a vida.

— Então trate de obedecer aos dois. Curta o campo, porque estou me virando bem. Eu juro! — Sorrio.

— Eu imagino. Comendo essas comidas de rua e nem vou falar de como deve estar a minha casa. Uma sujeira, eu aposto. — Diz, me fazendo rir mais uma vez.

— Juro que estou cuidando de tudo. A casa está limpa e tenho comido bem. Sabia que eles dão um ótimo vale refeição? Tenho almoçado todos os dias em uma pensão de comida caseira.

— Então agora não faço mais falta? — Jesus, minha vó sabe ser dramática.

— Não foi isso que eu disse, vó, apenas quis dizer que a senhora pode se recuperar e que nesse período eu não irei morrer de fome. Fique mais alguns dias com a minha mãe e com o Miguel. Aqui a senhora fica muito sozinha... talvez a senhora até devesse pensar em voltar a morar com a mamãe — Falo com o coração apertado.

— Já falamos disso e minha resposta continua sendo não, até você encontrar alguém, eu fico com você, depois eu até posso voltar a morar aqui.

— Tudo bem, sua teimosa. Qualquer coisa, me avise, ok?

— Volto na semana que vem, sem falta — Ela diz e desliga.

Eu sentia falta da minha vó, a casa ficava muito vazia sem sua presença, mas eu não queria deixar ela tanto tempo aqui, sozinha. Lá em Minas, ela teria minha mãe, meu irmão e até, Sophia.

Balanço a cabeça afastando os pensamentos.

Termino de me arrumar para mais um dia de trabalho. Nem dava para acreditar que já fazia dias que eu estava lá.

Chego na empresa e fico bem pouco por lá, partindo logo para a obra. Eu passava quase o dia todo lá, parando apenas para almoçar. O dono estava bastante satisfeito com o projeto e eu me sentia útil. Não que eu não me sentisse assim no café, mas era muito diferente.

Enfim chegou a tão esperada, Sexta-Feira e com ela todo o cansaço do meu corpo. Tomei um banho e me joguei no sofá de cueca. Os planos para hoje eram muito importantes. Iria maratonar Breaking Bad.

Já estava no quarto episódio, quando meu celular tocou. Era a Bel.

— Quem é viva sempre aparece, não é mesmo? — Brinco.

— Olha quem fala, o metido que sumiu, depois que arrumou um emprego metido a besta — Ela devolve a brincadeira.

— Sabe como é, não me envolvo mais com a ralé — Escuto Bel bufar.

— Nem se a ralé tiver ingressos para um show incrível do Capital Inicial? — Aquilo chama minha atenção.

— Fale mais sobre isso — Pauso o episódio.

— Tenho dois ingressos para um show particular do Capital, mas é bem longe e eu não tenho dinheiro pra pagar um Uber ou Táxi, por isso quero convidar meu amigão que tem uma moto linda, pra levar nós dois — Começo a rir.

— Você não vale nada, mas sorte sua que eu amo o Capital, que horas eu passo ai para te pegar? — Pergunto.

— Às 21h00, em ponto, ok? — Diz autoritária.

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