| Manoel |
— Tem certeza que a senhora está bem? — Pergunto mais uma vez.
— Já disse que é apenas uma gripe boba, mas sabe como sua mãe e seu irmão são preocupados — Quase consigo ver ela revirando os olhos — Eles não me deixaram pegar o avião e estão me tratando como uma inválida. — Essa era a minha vó, dramática, toda a vida.
— Então trate de obedecer aos dois. Curta o campo, porque estou me virando bem. Eu juro! — Sorrio.
— Eu imagino. Comendo essas comidas de rua e nem vou falar de como deve estar a minha casa. Uma sujeira, eu aposto. — Diz, me fazendo rir mais uma vez.
— Juro que estou cuidando de tudo. A casa está limpa e tenho comido bem. Sabia que eles dão um ótimo vale refeição? Tenho almoçado todos os dias em uma pensão de comida caseira.
— Então agora não faço mais falta? — Jesus, minha vó sabe ser dramática.
— Não foi isso que eu disse, vó, apenas quis dizer que a senhora pode se recuperar e que nesse período eu não irei morrer de fome. Fique mais alguns dias com a minha mãe e com o Miguel. Aqui a senhora fica muito sozinha... talvez a senhora até devesse pensar em voltar a morar com a mamãe — Falo com o coração apertado.
— Já falamos disso e minha resposta continua sendo não, até você encontrar alguém, eu fico com você, depois eu até posso voltar a morar aqui.
— Tudo bem, sua teimosa. Qualquer coisa, me avise, ok?
— Volto na semana que vem, sem falta — Ela diz e desliga.
Eu sentia falta da minha vó, a casa ficava muito vazia sem sua presença, mas eu não queria deixar ela tanto tempo aqui, sozinha. Lá em Minas, ela teria minha mãe, meu irmão e até, Sophia.
Balanço a cabeça afastando os pensamentos.
Termino de me arrumar para mais um dia de trabalho. Nem dava para acreditar que já fazia dias que eu estava lá.
Chego na empresa e fico bem pouco por lá, partindo logo para a obra. Eu passava quase o dia todo lá, parando apenas para almoçar. O dono estava bastante satisfeito com o projeto e eu me sentia útil. Não que eu não me sentisse assim no café, mas era muito diferente.
Enfim chegou a tão esperada, Sexta-Feira e com ela todo o cansaço do meu corpo. Tomei um banho e me joguei no sofá de cueca. Os planos para hoje eram muito importantes. Iria maratonar Breaking Bad.
Já estava no quarto episódio, quando meu celular tocou. Era a Bel.
— Quem é viva sempre aparece, não é mesmo? — Brinco.
— Olha quem fala, o metido que sumiu, depois que arrumou um emprego metido a besta — Ela devolve a brincadeira.
— Sabe como é, não me envolvo mais com a ralé — Escuto Bel bufar.
— Nem se a ralé tiver ingressos para um show incrível do Capital Inicial? — Aquilo chama minha atenção.
— Fale mais sobre isso — Pauso o episódio.
— Tenho dois ingressos para um show particular do Capital, mas é bem longe e eu não tenho dinheiro pra pagar um Uber ou Táxi, por isso quero convidar meu amigão que tem uma moto linda, pra levar nós dois — Começo a rir.
— Você não vale nada, mas sorte sua que eu amo o Capital, que horas eu passo ai para te pegar? — Pergunto.
— Às 21h00, em ponto, ok? — Diz autoritária.
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Todo Seu - EM PAUSA
RomansaSamantha Fria, implacável e absurdamente bonita. A bela morena de olhos azuis, não costuma deixar nada entrar em seu caminho. Vê em Manoel um funcionário em potencial. Um cara de ideias autenticas que sempre vai contra suas ordens. A deixando comple...