C a p í t u l o | S e t e

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| Samantha |

Meu celular tocando, quase me faz cair da cama.
Maldita dor de cabeça.
Preciso parar de beber!

Tateio a mesa de cabeceira até achar o aparelho. É uma chamada da minha irmã, apenas ignoro, jogando o celular em algum lugar da cama.

Levanto e vou me arrastando até o banheiro. O banho é revigorante. Pelo menos isso.

Enrolada em um robe, vou até minha cozinha. Corto algumas frutas e adiciono iogurte natural. Com a tigela mãos, me jogo no meu confortável sofá.

Era sábado e prometi que seria um dia só meu. Sem estresse, sem trabalho.

Droga! O que eu vou fazer durante o dia?

De noite sempre havia festas para ir, mas durante o dia? Um salão talvez?

Calma aí.
Forço a memória e me lembro que beijei o Manoel ontem e quase implorei por sexo. Puta que pariu! Eu realmente preciso parar de beber.

Termino meu café da manhã, enquanto assisto o jornal. Escuto meu celular tocar novamente e decido parar de fugir.

E se for ele?
Mas não era, era minha irmã.

— O que você quer? — Pergunto, assim que atendo.

— Precisamos que venha até a fazenda.

— Fora de cogitação — Digo sem pestanejar.

— É importante... é a mamãe — Meu coração acelera.

— O que aconteceu? — Pergunto, torcendo para que não ser o que eu acho que é.

— Ele voltou... o câncer voltou — Ela tenta segurar o choro.

Sinto os olhos arderem, mas tenho que me manter forte como da outra vez.
Tudo vai ficar bem.

— Estou indo — Desligo o telefone e corro até o quarto.

Jogo uma mala sobre a cama e coloco dentro dela tudo que possa precisar.

Chamo um táxi e me direciono para o aeroporto.

Ando pelo imenso aeroporto com o coração apertado. De novo não. Não é justo!

Compro uma passagem para Uberlândia. O voo é bem rápido e consigo um táxi para me levar até a fazenda dos meus pais.

Há dois anos atrás, minha mãe foi diagnosticada com um câncer no seio esquerdo. Não preciso dizer que foi terrível e com certeza a pior época da nossa vida.

Angeline e eu havíamos acabado de nos formar, quando a bomba chegou. Passamos por todas as fases: Quimioterapia, perda dos cabelos, até chegar a mastectomia. (Retirada do seio)

Seus cabelos voltaram a crescer e ela voltou a ganhar peso. Tudo estava bem novamente.

Só que meus pais resolveram que era hora de deixar a empresa nas nossas mãos, então venderam a casa que crescemos e compraram uma fazenda em Uberlândia.

Assumir a empresa, consumiu todo o meu tempo. Angeline sempre ia visitá-los, mas eu nunca consegui ir. Sei que pareço uma péssima filha, mas ver minha mãe com quarenta quilos e debilitada daquele jeito, acabou comigo.

Logo ela que era tão boa.

Eu sabia que meu jeito magoava a mamãe e não queria causar mais dor a ela, então, eu só me afastei para que ela não tivesse mais decepções.

Afastei meus pensamentos, quando o táxi entrou pelos portões da fazenda.

Minha irmã me esperava ao pé da escada. Seus olhos estavam vermelhos e quando ela me abraçou, eu não consegui me segurar; chorando também.

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