A Última Lágrima do Anjo

Capítulo 5

       Chegaram a uma porteira de madeira muito bem feita que se abriu quando ele se aproximou, então continuaram por um discreto caminho calçado, até que depois de uma curva Rebeca perdeu o fôlego. O caminho terminou em um gramado verde e vibrante salpicado de árvores e flores, com fontes que jorravam e graciosos bangalôs onde se podia ler ou refletir e terminava em um enorme casarão. Era elegante e suntuoso, clássico e ao mesmo tempo moderno com muito vidro e janelas que iam do chão até o teto.

            Miguel estacionou na garagem onde havia mais cinco carros e imediatamente vários empregados vieram para levar a bagagem para dentro.

         Rebeca o seguiu de perto enquanto ele caminhava com intimidade pelo corredor até a entrada principal onde várias pessoas esperavam por eles. Um deles, que ela supôs ser Gabriel parecia ansioso quando olhou para Miguel. Vestia uma roupa muito social e tinha os cabelos impecavelmente penteados na altura dos ombros e seu rosto era delicado, quase feminino, mas possuía o mesmo porte do outro.

      Parada ao lado dele de braços cruzados com uma atitude de tédio indiferente estava uma das garotas mais bonitas que Rebeca já havia visto, Ariel. Tinha cabelos lisos e louros que iam até os quadris e refletiam sol, o corpo era magro e forte e as roupas caras e modernas. Seus olhos de tão claros quase não eram mais azuis em um rosto tão perfeito que parecia ser cinzelado por um artista.

      Os outros cinco eram pessoas como ela que pareciam ainda mais assustados, três garotos e duas garotas.

- Essa é Rebeca, o novo membro da nossa equipe – apresentou – Esses são Gabriel e Ariel, e essas são as pessoas que eu te falei e vai poder conhecer melhor mais tarde, Sara, Nina, Lucas, Tiago e Vitor. Agora vou te levar ao seu quarto – falou mais animado do que o necessário e se apressou para dentro da casa que era ainda mais linda por dentro do que por fora, obrigando Rebeca a andar mais rápido do que suas pernas gostariam.

Subiram as escadas de granito até uma bifurcação.

- São dez quartos, cindo de um lado, cinco de outro – apontou – Não tem uma ordem, os que foram chegando foram ocupando aleatoriamente, então do lado esquerdo temos o Lucas, Tiago, Vitor, a Nina e a Sara, do lado direito temos eu, Gabriel, Ariel e agora você. Depois do almoço eu explico como tudo funciona por aqui, por enquanto – abriu uma das portas – quero que fique confortável – concluiu deixando-a entrar.

     Tudo era decorado em preto e branco, a cama com dossel era de madeira preta e pesada enquanto os lençóis eram brancos e delicados, tudo era tão perfeito que parecia um sonho. Ficou com vergonha do conteúdo daquelas caixas que havia trazido, só o banheiro era maior que todo o seu apartamento. Rebeca não sabia o que dizer.

- Uau! Isso é minimamente inesperado – disse depois de alguns instantes de reflexão – Mas Miguel, é mesmo necessário?

- Fico feliz que tenha gostado. – disse confuso. – Eles já estão trazendo as suas coisas, eu vou falar com os outros e já volto! Estou no quarto ao lado. – Não conseguiu deixar de imaginar se as coisas ainda seriam como antes, quando não havia mais ninguém além dela...Mas rapidamente afastou o pensamento. Não podia perder o foco. 

- É sempre assim no começo – disse uma garota um pouco mais nova que ela entrando no quarto – Sou Nina – falou com simpatia – Seu quarto é bonito, o meu é rosa, quer ver? – perguntou esperançosa.

- Claro, mas pode ser depois? Ainda estou tentando me acostumar com tudo isso... – disse timidamente.

- Verdade, desculpe, que indelicadeza a minha! – exclamou sentando em uma das poltronas pretas. – O que você tem para estar aqui? – perguntou com uma curiosidade quase infantil.