vacation time

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Férias. Uma palavra com seis letras que acopla dois meses inteiros em seu significado. Férias de verão, especialmente, trazem todo o gosto e memórias de grandes festas e sol e decisões erradas tomadas à beira de uma piscina, certo?

Não. Não no meu caso.

Para mim, Jungkook Jeon, um colegial meio fodido, muito fã de FOB e pertencente à chamada classe média, as férias de verão foram dias em meio a festas e sob o sol, sim. Talvez algumas decisões mal tomadas também. Mas… atrás de um balcão. Ou lá no meio dos adolescentes legais e normais mesmo, só que com um maldito avental ao redor do pescoço e sem a parte da piscina.

Meus dois meses foram, majoritariamente, dedicados ao meu emprego em algum quiosque na praia, servindo e atendendo os burgueses safados da Califórnia.

Não que esteja reclamando. Eu me divertia bastante. E também tem a grande e principal questão do salário — que, somado às gorjetas as quais eu recebia, se tratava de quantias até altas e desconhecidas pela maior parte das pessoas com a minha idade.

Eu nem sabia por que trabalhar exatamente. Minha mãe não viajaria devido ao trabalho e meu pai estava… onde ele estava mesmo? Enfim. Meus amigos também aproveitaram todas as chances que tiveram para deixar o estado assim que as conseguiram. Acho que eu só não queria mais sessenta dias trancado no quarto, sozinho, jogando vídeo game e pensando na garota pelo qual sou apaixonado — de forma unilateral, acredito.

E eu consegui. Era a Califórnia, afinal. Todos aqueles carros legais e todas aquelas garotas bonitas. Teve um dia em que eu até conheci o Chris Evans — nossa foto juntos está emoldurada na estante da sala. Não que eu tenha a colocado lá, é claro. Que garoto hétero de dezessete anos faria isso? Puft

É, Jungkook Jeon faria. Prazer.

Aliás, há poucas coisas que Jungkook Jeon não faria. Principalmente se ele estivesse apaixonado e… é, ele estava. E o lance com o Chris Evans foi porque ele era fã mesmo, mas talvez ele — eu — admita que também cogitava levar a garota que gostava para vários lugares com toda a grana que estava juntando.

Não era um motivo. Era uma possível — e adorável e motivadora e feliz e… okay, chega — consequência.

Lá no começo da última semana de férias, eu já tinha uma quantia legal de dinheiro para quem fora um grande vagabundo a vida toda e cliques de alguns famosos que vi passando na rua — infelizmente, ninguém tão legal quanto o próprio Capitão América —, além de um bronzeado não proposital e queimaduras rosinhas nas bochechas. Já via mais pessoas do colégio pela praia e sabia que estavam todos voltando de viagem e se preparando para retornar à rotina letiva.

Céus, eu estava animado. Voltar à escola significava voltar a vê-la todos os dias, acima de qualquer coisa. Logo, eu só queria continuar sorrindo largamente até que o tempo passasse e o barulho do sinal tocando inundasse meus ouvidos novamente.

Eu estava realmente crente de que nada mudaria o meu humor naqueles míseros sete dias. E é claro que eu estava errado.

— Licença, garoto — uma voz feminina inundou meus ouvidos, roubando a atenção que eu dedicava à tarefa de conferir se mais alguma mensagem dela havia chegado.

— Sim? — bloqueei e devolvi o celular ao bolso do avental antes de buscar com o olhar a dona da voz que me trouxe de volta à realidade.

— Mexendo no celular em horário de serviço? Tsc, tsc — balançou a cabeça em falsa negação — Que feio. — sorriu de lado.

Cara, como eu posso falar? Ela era bonita. Nada demais. Na verdade, era aquele padrão de garota que provavelmente apareceria em capas de revista e com certeza estaria aqui, na Califórnia, em um dia como esse. Sua pele era clara, ainda que levemente bronzeada; os olhos esverdeados e os fios medianos caíam em uma cascata ondulada e... castanha clara? 

Alone Together {Jungkook}Onde histórias criam vida. Descubra agora