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Eu e Eddy crescemos juntos. Desde que a morena se mudara para a rua detrás da minha, viramos parceiros de parquinho, literalmente. Todos os dias íamos ao amontoado de árvores e brinquedos no final do quarteirão — depois de já termos suado muito no playground da escola — e brincávamos juntos; apostávamos para ver quem ia mais alto no trepa-trepa, separávamos turnos para empurrar um ao outro no balanço e sempre estávamos no mesmo time quando as outras crianças queriam jogar pega-pega ou esconde-esconde.

Éramos só eu e ela.

Com o tempo, Logan e Aaron surgiram. Conhecemo-nos no ensino fundamental; nos reuníamos todo final de período para ir ao fliperama mais próximo e, às vezes, à praia.

E o tempo continuou passando; a Terra prosseguiu com seu fluxo de rotação e translação e o universo se manteve em constante movimento e expansão. Os anos correram e, finalmente, estávamos no colegial — como sêniors, cara!

E nós continuamos juntos.

— Por que você sempre vai tão cedo? — Bocejei, cobrindo a boca com a mão esquerda enquanto a outra exercia a tarefa de trancar a porta.

— Pra não precisar ter pressa em organizar os materiais. Você sabe disso. — Eddy replicou, rindo do meu estado semi-morto.

Nós sempre íamos à escola e voltávamos dela juntos. Afinal, ela morava uma rua atrás da minha e o caminho era o mesmo. A primeira semana de aula fora uma exceção porque ainda estávamos nos organizando depois dos longos dias de férias.

— Vamos? — indagou, apertando as alças da mochila quando eu enfiei as chaves no bolso da calça.

— Infelizmente. — soprei, coçando os olhos.

Nossos pés nos impulsionaram pelos degraus da varanda abaixo e continuaram até que ambos os corpos exaustos alcançassem a calçada.

O céu estava bonito mesmo de manhã. Parecia o começo de um dia bom.

Meu celular vibrou e eu o apanhei rapidamente.

“Bom dia, garoto. Nos vemos na escola.”

Li a mensagem no ecrã bloqueado, revirando os olhos após fazê-lo.

Nem tão bom assim.

— Jeon. — Eddy me cutucou, fazendo-me devolver o telefone ao bolso do moletom e dirigir o olhar a ela.

— Que foi? — ela não disse nada, apenas apontou para algo atrás de mim.

Uma expressão confusa se formou em meu rosto, que logo foi substituída por um sorriso largo quando eu reconheci o carro que estacionava em frente à minha casa.

— Pai! — exclamei quando o mais velho saiu pela porta do veículo.

Eu praticamente corri até ele como um louco.

Cara, eu sempre amei muito o meu pai. É um sentimento que transborda de mim. Ele só nunca esteve perto o suficiente para se afogar nele.

Na verdade, ele sempre esteve bem longe.

— Ah, meu garoto! Como você cresceu! — olhou-me de cima a baixo antes de me puxar para um abraço.

Eu nem havia crescido tanto desde a última vez em que ele veio me ver, antes das férias. Mas a questão é que ele sempre repetia essa frase.

— Senti sua falta. — murmurei em meio ao aperto. Ele riu baixinho.

Eu queria chorar. De verdade. Todas as vezes em que o via eu só queria me derramar em lágrimas até convencê-lo a ficar.

Alone Together {Jungkook}Onde histórias criam vida. Descubra agora