-Já chega, Pai! Eu não concordo com esse assunto e você já deveria saber! Não há motivos para continuarmos essa conversa!
Alício saiu da sala em passos pesados em direção ao jardim. A conversa estressante entre ele e o Pai o fez ficar com os nervos à flor da pele. Os cachos louros do seu cabelo balançavam conforme descia as escadas de mármore antes de chegar no gramado bem aparado.
Sua bota afundava na grama a cada passo; as flores atropeladas por Alício deitavam e permaneciam destroçadas no chão. Por mais que adorasse as plantas, o jovem não se importava em pisotear algumas; seus olhos estavam vermelhos de ódio; e o coração acelerado, parecia que estava sambando sobre seu peito.
Onde já se viu, pensou Alício, querer me casar com a filha do coronel? Isso é uma calúnia a minha pessoa... Só porque eu completei maior idade hoje?
O enorme labirinto que havia na frente de sua casa, tinha como destino final, uma enorme árvore no centro. Alício recordou as poucas vezes que caminhara até ela. Fazia anos que não se aproximava dali.
Dobrou as mangas das vestes e adentrou.
Cortava as paredes olhando as figuras feitas de grama. Observou uma garça e um pequeno veado. Continuou o caminho e parou de prestar atenção nesses pequenos detalhes. As borboletas silvestres se aproximavam e pousavam em seu ombro sem a menor preocupação; mas esse espetáculo durava apenas poucos segundos, pois bastava um movimento e elas tornavam a voar.
As margaridas rouxas que cresciam no chão, eram pisoteadas pelos enormes pés de Alício, igualmente as outras espécies de plantas que tiveram o mesmo destino.
O céu azul escuro denunciava que iria chover daqui alguns minutos. A árvore do centro do labirinto não estava longe. Já era possível ver sua copa.
Apertando os olhos, o jovem avistou algo correndo. Parecia ser um cachorro, mas, ele sabia que não era porque seu pai odiava os cães e não eles não tinham um. Aquela coizinha pequena vestia um terno cinza claro e corria muito rápido em direção à árvore.
É um coelho, disse Alício em pensamento.
Tornou a seguir aquela bola de pelo para ver até onde iria. Começou a correr para poder alcançar e...
-Droga! -Resmungou Alício se levantando.
O garoto havia tropeçado na raiz da enorme árvore que agora se encontrava em sua frente. Se levantou limpando as calças e olhando para os cinco metros de altura que tinha aquela árvore mãe.
-Distraído como eu imaginei.
Alício olhou a seu redor procurando o dono daquela voz aguda e estranha. Mirou a árvore a sua frente e ficou encarando seus galhos esperando que alguém se manifestasse e descesse de lá. Mas isso não aconteceu.
-Não seja tolo, Alício... Como se você não conhecesse a história... Estou aqui embaixo! -Guinchou o coelho chutando seus pés.
-Oh, que Droga é essa? V-Você tá falando? Você está me chamando de tolo? Oh, se afaste! -Gritou dando passos para trás enquanto o coelho se aproximava para dar mais chutes em sua canela.
-Mais covarde do que sua prima, Alice! Já era de se imaginar! -Falou o coelho se sentando no chão. -Estamos sem tempo, rapaz!
-Tempo? Alice? O que tem Alice? Espera... Você não é o coelho de quem Alice vinha falando todos esses anos, né? -Indagou se abaixando para poder o encarar mais de perto. -Não pode ser você... A Alice era muito velhinha e, bom, achávamos que era coisa da cabeça dela... Ah que droga... Estou pirando igual a ela! Você não pode ser real!
-Não é tão idiota quanto parece! E sim, sou eu e sou real! Meu nome é Billy, mas, sua prima costumava me chamar de Bil, então sinta-se a vontade para me chamar também! -Respondeu Bil tirando um relógio do bolso do terninho que cobria seus pelos cinzentos.
Ao olhar as horas, o coelho se espantou e se levantou rápido. Suas pequeninas orelhas se ergueram.
-Não temos mais tempo, Alício! Ou você vem, ou eu te levo a força.
Foi impossível segurar o riso. Alício não imaginava como que um coelho o levaria para algum lugar a força. Seria mais fácil pedir por favor.
-Juro que fiquei curioso...
-Ah, audacioso você! Pois já que insiste!
Como num estalo, Bil, o coelho, saltou no ar e bateu suas patas no rosto de Alício; este, ainda desnorteado deu alguns passos para trás e dois para o lado esquerdo. Tropeçou numa raiz e caiu num buraco. Por um minuto, pensou que estava flutuando, mas, ao abrir os olhos, viu que estava caindo, no verdadeiro país das maravilhas.
~°~

VOCÊ ESTÁ LENDO
CONTO, A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA ~ROMANCE GAY~
Short Story"Conto, a história jamais contada" nada mais que algo mágico, totalmente inesperado e viciante. As entrelinhas excedem expectativas, e a cada capítulo, algo novo é descoberto e revelado. Não julgue um livro pela capa... O conteúdo, muitas vezes, p...