-Que lugar é esse? -Perguntou Alício tossindo e pondo a mão sobre o peito após sair da água.
-Não pode estar certo... Ainda estamos no País das Maravilhas! -Respondeu Robert analisando as lindas rosas na qual ele já conhecia muito bem.
-Como pode ter tanta certeza? -Piligrim olhava boquiaberto a beleza de cada pétala. -É impossível não gostar... Olhem... Estão se sentido na vontade de arranca-las e levar pra casa?
Alício apenas assentia com a cabeça, enquanto Robert tampouco tocava nas hipnóticas rosas.
Tudo parecia estar e existir apenas para aquele canteiro gigantesco e brilhante. Os três jovens estavam encantados, enfeitiçados por cada linda espécie de planta. Os brilhos, que mais pareciam purpurinas flamejantes, caiam das pétalas e tocavam o chão fazendo uma nova rosa brotar.
Arranque, Alício... Puxe... Tire uma rosa para você...
A cabeça de Alício não raciocinava direito, e aquela voz doce, e ao mesmo tempo parecida com a sua, invadia seus pensamentos fazendo-o ter ainda mais vontade de ter uma única flor para si. Nem que fosse a última coisa que iria fazer na face da terra. Aquele se tornou o seu último desejo.
Arranque...
-Piligrine... Roberto... Vo-Vocês estão escutando... -E começou por cair em uma profunda gargalhada que o fez perder o ar e se ajoelhar próximo ao enorme lago de águas azuis escuras.
-Diz o meu nome errado mais uma vez que eu... OPA!
Arranque, Piligrim... Puxe... Tire uma rosa para você...
Seus movimentos ficaram lentos e aquela voz, parecida com a sua começou a repetir aquelas palavras tentadoras em sua cabeça. Seu olhar se dirigiu a Robert e então tentou dizer algo, mas apenas balbuciou coisas que só uma pessoa em sã consciência saberia entender.
-O Alício e-errou o meu... O meu nome... -E se iniciou uma crise de risos -Eu estou ouvindo... -E mais risadas -Roberto... E-ele te chamou de Roberto -E mais risadas até que Piligrim perdeu as forças e caiu de joelhos.
Robert não estava entendendo nada daquilo. Ele era o único que não ouvia absolutamente nada em seus pensamentos, e seu olhar corria dos seus dois companheiros jogados ao chão rindo, ao canteiro de rosas brilhantes. Aquilo não tinha explicação.
Alício esticou a mão e tocou uma rosa branca, fez um esforço e então, espetou seu dedo em um espinho. O sangue desceu e tocou o solo fazendo com que uma luz ofuscante iluminasse todo o céu igual aos fogos de artifícios.
-Eu tenho que arrancar. -Disse machucando ainda mais os dedos nos espinhos.
-Alício, não faz isso! -Berrou Robert correndo e segurando suas mãos para que ele não perdesse a vida.
Aquilo já tinha acontecido com ele, e rever aquela Fera era a última coisa que Robert queria.
-Me solta Roberto! Eu tenho que arrancar... Eles estão mandando!
Outra luz ofuscante iluminou o céu e ao olhar para o lado, viu que Piligrim estava tentando fazer o mesmo que Alício.
-Droga! -Rosnou correndo até o garoto o tirando de perto das rosas. Caminhou o arrastando até onde o outro estava. -Fiquem aqui! -Ordenou olhando em volta.
Qual o seu maior medo, Piligrim?
-O-o que? -Perguntou o rapaz querendo rir novamente.
Qual o seu maior medo?
-Meu maior medo é o medo que sinto daqueles anões no meio da floresta assombrada! -Sussurrou fechando os olhos.
Uma enorme mão surgiu jogando água para todos os lados. Robert caiu no chão com o susto e se virou a tempo de ver Piligrim ser levado por aquela coisa que não tinha forma nenhuma. A não ser de uma mão.
-PILIGRIM! -Gritou indo até a beirada do rio.
Alício estava a poucos metros de distância, jogado e rindo feito um idiota da luz que brilhava no céu quando de repente parou e disse.
-O Príncipe Vermelho! É dele que eu sinto mais medo!
Novamente aquela enorme mão surgiu. Ela se mostrou furiosa antes de agarrar Alício feito uma marionete e o levar para as profundezas escuras.
-ALÍCIO! -Gritou Robert tentando segura-lo. -NÃÃO!
O garoto se levantou enraivecido; olhou ao seu redor e viu uma pequena trilha no meio do mato que levava para um pequeno bosque. Em passos pesados saiu pisoteando todas as rosas que estavam em seu caminho amaçando-as sem piedade.
Escutou ao longe o rugido enraivecido que escutara algumas horas antes. A fera estava por perto. Pensou.
Aquilo foi o suficiente para o fazer correr até o bosque e ultrapassa-lo. Não se importou em seguir a tal trilha que vira.
Tudo parecia escuridão e sem vida ao chegar na floresta que vira antes de cair no enorme rio. O silêncio reinava naquele lugar, e as costelas de Robert começaram a doer anunciando a ele que já não era capaz de continuar correndo. O chão estava coberto de folhas secas e escuras; as que permaneciam nas árvores, estavam do mesmo jeito.
A mansão e as rosas haviam desaparecido de vista. À distância era grande, e mesmo que quisesse medir, Robert nunca chegaria num número exato para dar aos quilômetros corridos por ele.
Parou. Respirou. Olhou o céu e viu os primeiros raios de sol invadir aquele ambiente sombrio. Sorriu por um momento e então se deu conta de que havia andado muito.
Já estava perdido quando escutou uma voz dentre as árvores tortas com formatos assustadores.
-Também vai visitar a vovó, Rapazinho? Onde é que está a sua cesta de doces?
~•~
VOCÊ ESTÁ LENDO
CONTO, A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA ~ROMANCE GAY~
Short Story"Conto, a história jamais contada" nada mais que algo mágico, totalmente inesperado e viciante. As entrelinhas excedem expectativas, e a cada capítulo, algo novo é descoberto e revelado. Não julgue um livro pela capa... O conteúdo, muitas vezes, p...