CAPÍTULO 3 "ROBERT E A FERA"

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-Para mim, Papai? -Perguntou Robert ao ver seu Pai retirar uma rosa vermelha de seu enorme malão de viajem.

-Sim, meu filho! Não encontrei rosas de outra cor! Bom, eu não entendo o seu gosto peculiar por rosas, mas... Deixe para lá... Você é meu filho caçula e... Na verdade, é meu único filho... Enfim... É normal ser delicado nessa idade, não é mesmo... Pra! É seu aniversário!

O Pai, ainda sem jeito, passou o resto da tarde retirando os artefatos do malão enquanto Robert ficou no campo, observando seu pequeno jardim de rosas. Aquela vermelha, era de fato a mais bela de todas.

O entardecer já tomava conta do céu quando o jovem ouviu uma voz a suas costas. Era um camponês, bem velhinho.

-Vi que você gosta de rosas, meu rapaz...

-Sim, gosto muito! -Disse Robert. -São tão meigas e delicadas... Impossível não gostar.

-Eu sei onde tem milhares delas... Ainda mais lindas que essa vermelha...  -O velho apontou para a rosa que o Pai de Robert lhe dera mais cedo.

-Oh... Acho meio impossível isso, sabe? Meu Pai disse que ela é uma espécie rara e... Bom, é a espécie mais linda de todas as rosas também.

Um sorriso meigo se formou no rosto sereno de Robert que fez o velho rir também. Sua cabeça sem cabelos era totalmente redonda.

-Vou lhe dar uma adiantada, meu rapaz... As flores que estou lhe dizendo brilham exatamente à meia-noite... Suas pétalas brilham de forma mágica! São como vagalumes flamejantes.

-Uau... Hãn... Como eu faço pra encontrar esse lugar? -Perguntou Robert parecendo interessado no assunto e olhando para a sua casa para se certificar de que seu Pai não estivesse o vijiando.

-Ah... Eu sabia que você iria gostar... Bom, você deve seguir essa trilha e virar para a esquerda assim que alcançar a orla da floresta... Como eu lhe disse, as rosas se tornam especiais apenas no luar da meia noite, e, caso você vá antes desse tempo, verá simplesmente rosas normais.

-Se eu for hoje, as encontrei lá?

-Com certeza sim.

O velho não disse mais nada.

Robert passara o resto da tarde ansioso para a chegada da meia-noite. Seu Pai sentiu que seu filho estava diferente, mas, passou por sua cabeça que aquilo era apenas a felicidade por ter ganhado a bela rosa mais cedo.

O jantar fora servido a mesa às nove horas da noite e Robert sabia que não adiantaria fazer nada as pressas pois isso não aumentaria a velocidade dos ponteiros do relógio na parede escura e mofada de sua pequena casinha.

Embora o Pai não falasse muito sobre seu passado nem sobre sua mãe, Robert não se importava em querer saber. Para ele aquilo era um pequeno detalhe que a vida lhe tirou. Pelo que ouviu o Pai dizer, mesmo que fora poucas vezes, sua mãe sumiu depois de ter roubado uma rosa da propriedade de um homem muito mal. Ela deu a luz cinco meses depois e ele, ainda criança, foi deixado na porta da mesma cabaninha que hoje, mora com o Pai.

A hora parecia não passar. Ainda era nove e meia quando seu pai pigarreou fortemente e largou o garfo sobre o prato. Seus olhos penetravam Robert de um jeito que o garoto chegou a pensar que ele descobriu de alguma forma que pretendia sair daqui algumas horas.

-Eu sempre evitei esse assunto, mas, hoje eu quero te dizer toda a verdade, tá bem? -Disse sério ainda olhando Robert no fundo dos olhos. -Bom... Acredito que você não saiba a verdadeira história sobre o sumiço de sua mãe, e muito menos o motivo de você gostar tanto de rosas, não é mesmo?

CONTO, A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA ~ROMANCE GAY~Onde histórias criam vida. Descubra agora