Beijos Proibidos

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O cavalo que Marion montava relinchou ao seu lado, acordando Robert de suas meditações melancólicas sobre o castigo que receberia assim que chegassem a Locksley. Estavam na estrada, voltando, e provavelmente no final do dia já estariam chegando ao castelo.

  Marion bateu os calcanhares no flanco de sua montaria e disparou pela estrada com um grito.

— Vá com ela, Robert! — A mãe dele, Bethany de Poitiers, apareceu na janela da pequena carruagem de madeira onde viajava, soltou uma risada alegre e fez um sinal para que a seguisse.

Ele saiu de seu devaneio de vez e, por fim, resolveu segui-la. Instigou seu cavalo e saiu em uma cavalgada veloz.  Galopou atrás de Marion, esforçando-se para alcançá-la até que  conseguiu emparelhar seu cavalo ao dela.

Apontou para uma linha de árvores ao longe.

—Vamos ver se consegue me vencer!— a desafiou, entretanto puxou discretamente as rédeas, permitindo que ela passasse à frente.

Alcançaram as árvores e Marion deu um grito de vitória, refreando sua montaria.

— Perdedor! — provocou-o.

— Eu deixei você ganhar...

— Mentiroso! — ela replicou e desmontou com destreza, amarrando seu cavalo ao tronco de uma árvore.

Ele também prendeu as rédeas de sua montaria no tronco. Desamarrou o arco e a sacola de flechas que trazia presos à sela, prendeu-os no ombro e foi atrás de Marion que já caminhava entre as árvores. Estavam na beira da floresta e as copas deixavam passar apenas alguns raios de luz, formando uma proteção contra o sol forte.

Robert a alcançou e seguiu ao lado dela em silêncio, enquanto ela recolhia  flores dos arbustos ao redor, montando um belo buquê. Os dois fingiram se ignorar mutuamente até que, depois de um tempo, ela voltou-se para ele.

— Você está aborrecido com algo. Brigou com seu pai novamente? — Podia sentir que ele realmente estava muito chateado, pois como estavam sempre juntos conseguiam perceber as mais leves nuances de humor um do outro.

Os olhos dele se turvaram. Ele meneou a cabeça em negativa.

— Não quero falar sobre isso. — O golpe que o pai lhe dera ainda ardia em seu rosto.

Ela aproximou-se dele, a raiva esquecida. — Por favor! Conte-me! Você está triste e eu não consigo vê-lo deste jeito! — insistiu, aflita, e acabou derrubando uma parte das flores que recolhera.

Ele olhou para ela, refletindo. "O que irei falar? Que odeio a ideia de que ela irá se casar? Que perdi a cabeça e ofendi meu pai gravemente? E que dizem que o pai dela e minha mãe mantém um romance e que a suspeita está me deixando louco?"

Se lhe contasse tudo, provavelmente a deixaria infeliz e então ele se sentiria pior ainda por magoá-la. — Não é nada grave. Eu e meu pai realmente discutimos ontem. Mais uma vez... Não fazemos outra coisa nos últimos meses, não é mesmo? — disse, enquanto abaixava-se e recolhia as flores que haviam caído no chão. Levantou-se e as devolveu, evitando o olhar dela.

Em seguida, tirou o arco do ombro, empunhou-o e pegou uma das flechas da alijava presa às costas. Mirou em um galho de árvore distante e atirou. A flecha passou raspando, mas não o acertou, e ele praguejou baixinho. Pegou outra flecha e corrigiu a pontaria, disparando com destreza e,desta vez,a flecha cravou-se no galho. A arquearia era uma de suas maiores paixões e quase todas as tardes treinava no campo ao lado do castelo.

— Você não está me contando tudo... — Marion segurou o braço dele, insistente.

Ele puxou o braço e seus olhos dourados faiscaram de raiva de encontro aos dela.

 — A discussão foi um pouco mais dura!  É só!

Ela afastou-se, ofendida.

 —  Desculpe-me! Que mau humor!

Ele respondeu com um resmungo e disparou mais duas flechas certeiras, a expressão fechada do rosto mostrando que não queria mais falar sobre o assunto. Depois, correu em direção à árvore para recuperar suas flechas.

Marion desistiu de descobrir o que acontecera e voltou a caminhar, admirando a beleza ao seu redor.Estava tão distraída, olhando para o alto e cheirando as flores que havia colhido que não percebeu a ribanceira diante dela. De repente, tropeçou e despencou colina abaixo, rolando sem controle enquanto as flores espalhavam-se pelo caminho.

⚜️⚜️⚜️

Robert recuperou as flechas e voltou para o lugar de onde tinha disparado. Marion não estava mais à vista. Onde ela se enfiara? Ela sempre fazia isto... Escondia-se e fazia com que a procurasse.

— Marion! Não estou a fim deste tipo de brincadeira hoje! —  falou alto, começando a procurá-la entre as árvores.

Rodou mais um pouco, praguejando baixinho.

— Apareça ou irei embora e a deixarei sozinha! — ameaçou,cada vez mais irritado.

De repente, ouviu o grito dela ao longe e seu coração disparou. Correu como um raio naquela direção e notou a trilha de flores e mato quebrado pela ribanceira. Desceu a ladeira íngreme aos pulos, rezando para que ela estivesse bem, até que a viu sentada na grama logo abaixo.

— Deus! Está bem? Quase me matou de susto!

Aproximou-se e ajoelhou ao lado dela, apalpando braços e pernas a procura de alguma fratura.

— Pare de me apertar! Estou bem! — Ela deu um tapa na mão dele e começou a se levantar.

Ele a ajudou, erguendo-a e a abraçou com força. Seu coração ainda batia como um louco só de imaginar que algo poderia ter lhe acontecido.

— Não foi nada! É sério... — Marion o acalmou novamente.

Ele suspirou de alívio e a analisou com atenção. O rosto dela estava sujo, os cabelos desgrenhados e o vestido tinha se rasgado na parte de baixo.

— Pelo menos está mais parecida com a Marion que conheço e não com a boneca penteada e maquiada na qual te transformaram nesta última semana!  — exclamou com um sorriso, limpando algumas folhas que tinham se enroscado pelos cabelos dela. Seu olhar demorou-se um instante nos lábios avermelhados que se destacavam na pele clara.

— Não gostou da maquiagem? Fez-me parecer mais velha.

— Não! — ele respondeu com firmeza, reprimindo uma vontade proibida, mas quase incontrolável, de beija-la.

— Não! — ele respondeu com firmeza, reprimindo uma  vontade proibida, mas quase incontrolável, de beija-la

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Sobre Amor e Lobos vol.1  VERSÃO WATTPADOnde histórias criam vida. Descubra agora