Capítulo 19

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Luna e eu seguimos caminhando de mãos dadas pela trilha na mata. Por vezes, nós fazíamos algumas pausas para que eu descansasse e a morena ficava me olhando, um sorriso divertido em seus lábios.

O sol estava se pondo e eu sentia como se tivesse caminhado mil quilômetros. Luna me olha e franze a testa em preocupação.

- Estamos perto do lago, Harry, prometo que pararemos um pouco. - ela aperta minha mão e eu beijo a sua com delicadeza.

- Estou bem. - minto e ela balança a cabeça.

- É logo ali. - Luna aponta para um lado da floresta em que não consigo ver nada devido a escuridão. Dou de ombros, acreditando nela e caminhamos mais alguns minutos até chegarmos ao tal lago. Era uma vista bonita, a lua crescente o iluminava e deixava a água tentadora. A morena sorri pra mim e caminha até uma pequena e discreta cabana em uma parte mais escondida. - Vamos ficar aqui hoje.

Concordo com a cabeça, cansado demais para discutir. Entramos na cabana e era realmente aconchegante por dentro, apesar de bem pequena. Luna coloca nossa mochila no canto e passa a mão na cama, como se tirando o pó.

- Pode dormir, vou lá fora verificar se está tudo bem. - ela diz e beija meu queixo, pegando sua adaga na bainha escondida em sua coxa. Eu achava isso extremamente sexy e assustador ao mesmo tempo. Sorrio para ela.

- Volte para mim. - peço e ela ri.

- Quando eu não voltei? - ela me dá um selinho longo e se encaminha pra fora. Fico olhando-a até que a porta se fecha. Respiro longamente, tiro a roupa e me deito na cama. Fico pensando em tudo que aconteceu ultimamente, penso no primeiro beijo com Luna até quando fizemos amor nessa tarde. É, bom, talvez eu seja sortudo, afinal.

                    ➳➳➳

Acordei horas mais tarde, quando já estava claro e Luna estava sentada ao meu lado mexendo em uma caixinha. Olho-a e vejo aquele símbolo que havia na mão de Sophia, que agora sei que deve ser o símbolo da morte.

- Você tem um também? - pergunto muito rouco por ter acabado de acordar. Luna me olha e abre seu sorriso doce.

- Bom dia. - ela beija minha testa, se afastando um pouco depois. - Um o quê?

- Um símbolo. - aponto para a caixa e ela segue com o olhar.

- Oh, todos temos. O meu está no seu pescoço. - diz e minha mão vai direto para o colar de Lua.

- Faz sentido. - respondo, me sentindo idiota por ter perguntado.

- Não se preocupe, gosto das suas perguntas. - ela diz, lendo minha mente. O que, pra ser sincero, pode realmente ter acontecido. Sorrio para ela.

- Temos café da manhã? - Luna sorri com a pergunta e deixa a caixa de lado, pegando a mochila no chão.

- Temos cereal. - ela informa, me passando a caixa e uma vasilha. Estou prestes a fazer alguma piadinha idiota quando ouvimos um barulho do lado de fora. - O que foi isso?

Luna está alarmada. Ela pega a caixinha, puxa uma tábua solta no chão e coloca-a lá, fechando em seguida com a adaga já em sua mão.

- Luna. - murmuro, assustado com sua rapidez. Deve ser algo realmente sério.

- Fique aqui. - ela ordena, saindo pela porta em um piscar de olhos. Irritado, largo tudo na cama, visto uma calça jeans e meu tênis, pego a adaga que Luna me dera e saio da cabana.

- Oras, veja quem se juntou a gente. - diz Gabriel, sorrindo pra mim. Luna bufa, ainda de costas pra mim.

- Amor, eu mandei você ficar lá dentro. - o jeito seco que ela fala isso deixa claro que isso a irritou profundamente, mas pode ter sido culpa de seu irmão.

- Desculpe. - peço, sem realmente me sentir mal, me posicionando para defender Luna e a mim caso preciso. Gabriel me analisa da cabeça aos pés e gargalha.

- O mortal acha que pode me matar? - ele ri de novo e olha de Luna para mim. - Não se preocupe, não vim para matá-los dessa vez.

- Você veio para mentir. - Luna é irônica, revirando os olhos para o irmão, mas sinto a tensão que seu corpo emana e me pergunto o que ele pode ter dito a ela.

- Você sabe que não mentiria sobre isso, querida irmã. - ele sorri para ela, um sorriso que possui um misto de diversão com malícia. Ele está se divertindo as custas de Luna.

- O que você disse a ela? - pergunto. Luna se remexe ao meu lado.

- Oras, você conhece a bíblia, garoto? - Gabriel começa a caminhar em volta de nós dois, fazendo com que Luna e eu nos arrumemos para manter ele sempre em nossa frente. Todo o treinamento que Luna me dera, mesmo que breve, estava em ação naquele momento. Eu tentava procurar armas, mas não via nenhuma, o que podia ser bom ou muito ruim.

- Conheço, mas bem pouco. - admito, apertando mais o cabo da adaga. - É tudo verdade?

- Quase tudo. - ele corrige levantando um dedo como se fosse um professor dando uma aula.

- O.k, mas o que isso tem a ver comigo e Luna? Vai me dizer que nós somos Adão e Eva? Porque, olha, eu não estou usando folhas pra cobrir o meu... - Luna me dá uma cotovelada na costela, me deixando sem ar. A piada nem era tão ruim assim.

- Estou me referindo a mais pra frente, quando eu apareço. - Gabriel sorri, convencido com sua aparição no livro sagrado. Meu cérebro começa a trabalhar a mil tentando se lembrar.

- Você informa Maria que ela ficará grávida de um filho de Deus. - digo, me lembrando da passagem. Gabriel concorda com a cabeça e para de andar, cruzando os braços como se esperasse que eu entendesse.

- Isso não tem precedentes, Gabriel. - Luna diz. Quando meu cérebro mortal finalmente compreende, eu fico em choque e entendo toda a tensão de Luna.

- Você está grávida? - eu pergunto para ela, a adaga quase caindo de minha mão. Luna range os dentes.

- Não pode ser verdade. - balanço a cabeça.

- Bom, o filho não é de Deus, se é isso que pensa, Harry, é seu. - Gabriel ignora Luna, seus olhos ainda em mim. A malícia neles é mais forte agora e eu percebo que tem um quê cruel neles também. - Nunca houve um anjo feminino grávida antes. Sabe, anjos já engravidaram mulheres mortais, dando a luz a híbridos chamados nefilim, mas eram poucos e a maioria não consegue sobreviver mais que alguns anos.

Gabriel finalmente volta seus olhos a Luna, que estava em choque. Lágrimas invadiam seus olhos, mas ela se esforçava para escondê-las.

- Você não pode estar fazendo isso comigo, Gabriel. - ela murmura, brava e desesperada.

- Mas não fui eu, irmãzinha. - ele ri com crueldade antes de continuar sua história. - De qualquer forma, é a primeira vez que um anjo feminino fica grávido, e isso vai dar o que falar lá em cima, você sabe. Muitos já estão apostando em quantos anos a criança viverá, ou como será quando nascer.

- Vocês... - Luna estava incrédula. Antes que qualquer um de nós pudesse pensar, ela atacou Gabriel. Penas azuis voam e eu percebo que são das asas de Gabriel, que saira voando, mas não antes de Luna conseguir acertá-lo. Ela está tremendo, provavelmente de raiva, e berra para o ar: - Volte aqui, seu covarde!

Ela se vira pra mim, seus olhos cinzas brilhando como nuvens em uma tempestade de raios.

- Pra dentro. Ligue para Nathan e conte que Gabriel está planejando contra nós. - ela me dá as costas e sai correndo para o píer.

"Ela vai segui-lo a nado?" é o meu pensamento segundos antes de Luna abrir suas asas e sair voando atrás do irmão, deixando-me boquiaberto e sozinho.

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AAAAAAAAAAAAAAAAA DUAS BOMBAS EM UM CAPÍTULO PORQUE SIM!!!!!!!!!!

Tudo isso pra agradecer os 1k de leituras! Vocês são sensacionais!! Amo muito vocês!

Eu queria indicar também a fanfic  "The Ghost Of You" da linda da lvvstyles ela é um bebê e merece muitas leituras e votos!

Beijos até o próximoooooooooooo

Cursed // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora