Capítulo 16

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Engulo em seco e tento fazer minha melhor pose de coragem em frente a Morte, o que, acreditem, não é nada fácil.

- Tá, tá, impressionante. - reviro meus olhos enquanto carrego a ironia em minha voz. - Então pode me dizer o que houve com a Luna?

Sophia pareceu murchar com o fato de que não me impressionei com suas asas ou com sua apresentação com intenção de assustar, mas logo reassumiu sua postura, suas asas se mexendo como se estivessem ansiosas para levantar voo.

- Diana está condenada a morrer, ela escolheu o destino dela. - tento conter o alívio que sinto ao saber que ela ainda não estava morta. Ainda. Existia uma chance de salvá-la.

- Interessante. Então está aqui para me matar? - pergunto, casualmente. Sophia gargalha novamente, como se fosse um gênio do mal em um filme brega.

- Quem dera, mas eu não escolho quem morre, eu apenas os levo a morte. Contudo - ela disse a palavra animada, como se estivesse prestes a me contar uma coisa extremamente animadora. Lentamente, ela desembainhou uma espada que devia ser maior que minhas pernas. - eu posso matá-lo da maneira tradicional, com dor, sangue e muita gritaria.

- Isso não vai contra, hã, as regras da morte? - tento pensar em maneiras de distraí-la e fugir ao mesmo tempo. Meu cérebro trabalhava a milhão, pensando em todas as possibilidades.

- Não. - ela nega, mas parece pensativa. Talvez realmente fosse contra as regras. - Mas eu não pressinto sua morte, o que pode significar que continuará vivo pelo menos por mais 24 horas.

- Puxa, isso é tranquilizador. - ironizo e Sophia sorri.

- Sua ironia ainda vai te matar, Harry. - ela ameaça.Sua espada estava a centímetros da minha jugular e eu queria sair correndo.

- Achei que fosse a sua espada. - vejo seu rosto ficando vermelho. Sophia não estava acostumada a ser encarada, isso era óbvio, e ela estava levando minha atitude como um insulto, um desaforo, e essa era a sua fraqueza.

Sophia se sentia e se achava tão poderosa que jamais esperou alguém encará-la. A Morte era movida ao medo, e eu não estava demonstrando nenhum. Instantaneamente me senti mais poderoso.

- Não que eu esteja reclamando, morrer de ironias deve ser bem mais divertido. - dou de ombros e vejo que ela está sem reação. Sua espada se afasta lentamente de mim enquanto seus olhos parecem perdidos. - Pra onde será que eu iria com essa morte? Acho que eu teria um lugar especial lá em cima.

- Chega! - ela parece mais implorar do que mandar, sua voz banhada em confusão. - Por que você não está com medo? Eu sou a Morte!

- Ah sim, sobre isso - dou de ombros enquanto dou alguns passos discretos para trás, me aproveitando de sua confusão. - acho que morrer todas essas vezes me deixou meio confortável com morrer, afinal, pode ir em frente, daqui a pouco eu nasço de novo e você vai ter que vir atrás de mim de novo. Está ficando bem entediante pra falar a verdade.

Sophia fecha os olhos, apoiando as mãos na cabeça. Me aproveito do seu momento de confusão e analiso o ambiente, procurando rotas de fuga. Meus olhos decaem sobre um ponto atrás de Sophia, uma janela grande aberta.

Ótimo, Harry. dizia meu subconsciente. Conte até três e corra.

Que mané até três. brigo comigo mesmo e saio correndo. Sophia parece fechada em si mesma, como se ouvisse diversas vozes em sua cabeça, mas não fico para descobrir o que acontece depois. A moto de Luna ainda está na porta e subo nela, ligando-a e pisando fundo.

- Que inferno! - grito a plenos pulmões quando já estou longe. Procuro meu celular com uma mão e não o acho e xingo todos os palavrões que conheço. Como pude ser tão burro?!

Cursed // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora